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Amazonas

MPAM desarticula organização criminosa na Câmara Municipal de Manaus; vereador Rosinaldo Bual é preso

Os detalhes da operação, segundo o MPAM, serão apresentados em entrevista coletiva de imprensa marcada para as 10h, na sede do órgão, na avenida Coronel Teixeira, no bairro Nova Esperança.

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O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) informou, na manhã desta sexta-feira (03/10) que, por meio do seu Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), cumpriu mais de 10 mandados de busca e apreensão e de prisão para desarticular uma organização criminosa que atuava na Câmara Municipal de Manaus (CMM).

O vereador Rosinaldo Bual (Agir) e a chefe de gabinete dele foram presos preventivamente durante operação. Durante o cumprimento dos mandados, os agentes encontraram três cofres no gabinete do parlamentar. Segundo o MPAM, Bual se recusou a fornecer as senhas, e os cofres serão levados para a sede do órgão para perícia.

De acordo com as investigações, mais de 100 pessoas passaram pelo gabinete do vereador desde o início do mandato. A quebra de sigilo bancário autorizada pela Justiça revelou diversas transferências feitas diretamente para a conta pessoal de Rosinaldo Bual.

Crime em que um servidor é cooptado a repassar parte de seu salário de volta ao político contratante, a chamada “rachadinha” é o principal foco da operação “Face Oculta”, do Ministério Público do Amazonas (MPAM), deflagrada na manhã desta sexta-feira (03/10). A ação, sob o comando do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, com apoio da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), resultou na prisão de um vereador da Câmara Municipal de Manaus (CMM) e de sua chefe de gabinete.

O político, que ainda estava em posse irregular de arma de uso permitido no momento da prisão, responderá pelos crimes de peculato, concussão, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Segundo a apuração, o parlamentar obrigava seus servidores comissionados a devolver até metade do salário que recebiam. Para viabilizar a fraude, mantinha entre 40 e 50 assessores nomeados, número muito superior à real necessidade do gabinete, incluindo pessoas que sequer exerciam funções públicas compatíveis.

Os valores desviados eram concentrados pelo núcleo de confiança do vereador e ocultados em movimentações financeiras suspeitas.

Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, inclusive na CMM e na residência do vereador investigado, e dois de prisão preventiva contra os principais envolvidos. Entre os itens apreendidos estão três cofres — distribuídos entre a residência, o sítio do parlamentar e a casa da mãe —, bem como computadores, celulares e notebooks.

A Justiça, que já decidiu pelo afastamento do investigado das funções parlamentares por 120 dias, também determinou a quebra de sigilos bancários e telemáticos, bem como o bloqueio judicial de R$ 2,5 milhões, com o objetivo de assegurar o ressarcimento aos cofres públicos.

“Braço direito”

Também presa preventivamente, a chefe de gabinete do vereador, segundo a investigação, ocupava posição estratégica como operadora principal do esquema. Ela era responsável pelo contato direto com os servidores comissionados para a cobrança da “devolução” de parte das remunerações.

Cofre com R$ 390 mil em espécie

Diante da negativa do vereador em fornecer as senhas, os três cofres apreendidos foram abertos com apoio do Corpo de Bombeiros. No interior de um deles, foram encontrados R$ 390 mil em espécie, dois cheques que superam R$ 500 mil e diversos documentos, entre os quais passaportes.

Coletiva

Em coletiva realizada na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, o chefe do Gaeco, promotor de Justiça Leonardo Tupinambá do Valle, afirmou que a expectativa é de que a denúncia seja apresentada já na próxima semana, conforme os prazos do Código de Processo Penal. “O vereador tinha uma alta rotatividade entre os funcionários que eram contratados pelo gabinete. O dinheiro ia, primeiramente, para quatro a cinco pessoas da equipe dele e depois era revertido em benefício do parlamentar”, informou.

De acordo com a biografia oficial, o vereador Rosinaldo Bual começou sua trajetória profissional em 1994 na fábrica de relógios, Dumont, no Distrito Industrial. Em 1996, incorporou às fileiras do Exército Brasileiro, onde foi promovido por merecimento à graduação de Sargento e permaneceu nas Forças Armadas até o ano de 2004, sendo licenciado por completar o tempo de serviço previsto.

Após esse período, iniciou sua carreira na área de trânsito, tornando-se instrutor e perito de trânsito. Hoje, com mais de 17 anos de experiência na área de trânsito, é proprietário de auto escolas em Manaus.

Bual informa que desenvolve trabalhos sociais nas comunidades há mais de 20 anos, em especial no bairro da Compensa. Iniciou sua carreira política aos 35 anos, onde seus trabalhos visam as áreas do esporte, saúde, infraestrutura e ações sociais nas comunidades.

Em abril deste ano, quatro jovens foram indiciados pela Polícia Civil do Amazonas por furto qualificado com destruição ou rompimento de obstáculo ocorrido no dia 24 deste mês na casa do vereador, de onde foram furtados dinheiro e quatro armas de fogo. A polícia divulgou os nomes e fotos de Mateus Rocha Furtado, Gilmar Nascimento de Lima Júnior, Vitor Teixeira dos Santos, pajé oficial do Boi Garanhão, e Gabriel Ferreira Barbosa, ex-apresentador da mesma agremiação folclórica.

Gabriel Ferreira compartilhava nas redes sociais fotos ao lado do vereador Rosinaldo Bual (Agir). O vereador também divulgou postagens com Gabriel. O ATUAL entrou em contato com Rosinaldo Bual, mas não obteve resposta.

Após serem identificados, os jovens foram ouvidos pela polícia e indiciados. Eles foram liberados, pois havia passado o tempo do flagrante.


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