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Amazonas

Imunização de rebanho e baixo isolamento agravaram pandemia no Amazonas, mostram estudos de órgão federal

O Ipea é uma fundação vinculada ao Ministério da Economia e apontou que a maioria dos governos estaduais demorou a perceber a gravidade da segunda onda da pandemia de Covid-19.

Brasil é visto com maus olhos diante do cenário internacional

Dois estudos publicados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), este ano, mostram que política de imunização de rebanho e o baixo isolamento social foram decisivos para segunda onda da pandemia no Amazonas. O Ipea é uma fundação vinculada ao Ministério da Economia e apontou que a maioria dos governos estaduais demorou a perceber a gravidade da segunda onda da pandemia de Covid-19 e só decretou medidas de distanciamento social quando as taxas de casos e mortes já estavam elevadas.

A Nota Técnica 25, de abril deste ano, da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, com o título ‘O papel das estruturas territoriais na propagação da Covid-19 na fronteira amazônica”, diz: “Nos meses que seguiram, com o arrefecimento da primeira onda no estado (Amazonas) e sob o “guarda-chuva” de opiniões que diziam que se tinha alcançado “imunização de rebanho”, autoridades e população passaram a seguir vida normal”, quando todos os Estados se encontravam distantes do que seria uma imunidade de rebanho e para um local atingir tal situação (imunidade de rebanho), acarretaria enormes custos em vidas e em cuidados hospitalares.

Outro estudo do Ipea mostra que, durante a segunda onda, níveis de isolamento semelhantes aos observados em março e abril de 2020 ocorreram apenas no Amazonas, os quais, ainda assim, foram atingidos de forma bastante tardia e depois de um período de níveis muito baixos de distanciamento social no estado em novembro e dezembro de 2020.

“Assim, sem a condução responsável para o enfrentamento da doença, alheios ao perigo devido manutenção da circulação sustentada do vírus e em razão das festividades de final de ano, período característico por aglomerar pessoas, a contaminação se elevou abruptamente no estado, formando o que se convencionou designar por segunda onda”, diz a nota.

Segundo o estudo, entre 1 e 24 dezembro de 2020, o Amazonas teve os piores níveis de distanciamento social do país. Dados de monitoramento do Google mostraram que o Amazonas tinha apenas 16% de isolamento entre os dias 10 e 24 de dezembro, o que acarretou na rápida difusão do vírus e fez com que o estado fosse o primeiro a colapsar nesta segunda onda.

Segundo o Ipea, governadores tiveram uma tiveram uma atuação diferente em relação à primeira onda e agiram de forma reativa, transformando ações preventivas no “último recurso” para conter o colapso dos hospitais. Na nota técnica, o instituto aponta que Mato Grosso, Rondônia e Tocantins foram os estados mais lenientes

A comparação entre os níveis de distanciamento social e as taxas de mortes nos estados mostra que somente o Acre, o Ceará e o Espírito Santo reagiram de forma relativamente rápida à segunda onda, embora as medidas sanitárias adotadas por esses governos não tenham sido tão rígidas quanto aquelas que foram implementadas na primeira onda. Os demais governos optaram por medidas mais severas dias após o início da segunda onda.

Nem mesmo o colapso sanitário no Amazonas, em janeiro deste ano, fez com que os governadores de outros estados antecipassem ações contra a nova propagação da Covid-19. Segundo o levantamento do Ipea, os governos de Mato Grosso, Rondônia e Tocantins foram os mais lenientes na segunda onda e não endureceram o distanciamento social de forma substancial.

As gestões desses estados optaram até pelo relaxamento das ações preventivas, apesar do crescimento acelerado do número de mortes por Covid-19. Pelos cálculos do instituto, 22 unidades federativas adotaram medidas com um rigor 25% menor do que o registrado em março de 2021.

O estudo também diz que todos os estados e o Distrito Federal computaram mais mortes na segunda onda do que na primeira. A população também não aderiu às medidas como havia feito em 2020. Embora a pandemia se manifeste de forma mais grave neste ano, os níveis de isolamento registrados em março foram 30% menores do que os do mesmo período do ano passado.

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