Conecte-se conosco

Amazonas

Gráficos mostram como isolamento afetou curva de mortes por Covid-19 no Amazonas

Isolamento social, vacinação em massa e testagem com rastreamento têm sido determinantes para a redução de casos e mortes em diferentes lugares do país e do mundo.

Brasil já contabiliza mais de 242 mil mortes por Covid-19

Epicentro da pandemia nos últimos meses, o Amazonas é um exemplo de como o isolamento social – mesmo quando não planejado – pode afetar a curva de casos e mortes. Nota técnica elaborada por um grupo de especialistas de seis universidades brasileiras concluiu que o isolamento atingiu seu máximo nos meses de abril e maio em todos os estados, menos no Amazonas. As informações são do G1.

“Vemos muito claramente que o isolamento no estado do Amazonas começou a aumentar significativamente a partir do final de dezembro, chegando ao mesmo nível do observado no início da pandemia (abril a maio de 2020), muito certamente devido ao temor da população casado pelo aumento no número de casos”, afirmam os especialistas no documento.

“Tal aumento no isolamento demora de duas a três semanas para causar efeito, que é claramente observado na diminuição do número de casos novos nos últimos 35 dias e de mortes nos últimos 20 dias, consequência direta do maior nível de isolamento”, acrescente.

Isolamento social, vacinação em massa e testagem com rastreamento têm sido determinantes para a redução de casos e mortes em diferentes lugares do país e do mundo. A pandemia completou um ano nesta quinta (11). Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde fez a declaração, após a doença se espalhar por todo o planeta. Um dia depois, no dia 12, o Brasil registrou a primeira morte. E após um ano, o país superou a triste marca de 2 mil mortes diárias.

Casos como o do Amazonas, no entanto, são exemplos de isolamento não planejado, feitos quando as mortes já estão em níveis altos. São medidas paliativas e não preventivas, explica Lorena Barberia, professora do Departamento de Ciência Política da USP e coordenadora científica da Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade.

Barberia e seu grupo de pesquisadores estudam o isolamento social no Brasil durante a pandemia e a conclusão deles é que não houve “lockdown” no país em nenhum momento. Nem no período suficiente nem na forma adequada. Por isso, segundo eles, os resultados são ruins. Ela explica que o “lockdown” deve ser feito em conjunto com a testagem em massa e o rastreamento de contatos.

“Vamos fechar tudo para encontrar onde estão os casos, isolar os que tiveram contato e conter o surto. Esse é o objetivo do lockdown. Isso não pode ser feito em uma ou duas semanas. Em locais em que foi bem-sucedido, como a Austrália, o lockdown durou dois meses. E sempre com testagem em massa, rastreamento de contatos e quarentena. Aqui nós vemos prefeituras decretando ‘lockdown de fim de semana’. Não faz o menor sentido. As pessoas pegam o ônibus na sexta, ficam em casa no fim de semana, e pegam o ônibus de novo na segunda-feira. Não faz sentido”, diz.

Considerada referência em testagem e rastreamento durante a pandemia, a Coreia do Sul conseguiu manter os níveis de casos e mortes entre os mais baixos do mundo.

Quanto mais testes são realizados, mais resultados negativos são obtidos, já que muitas pessoas sem sintomas acabam sendo testadas. Os países que testam em massa, portanto, tendem a ter percentuais muito baixos de resultados positivos. Já os que testam pouco, normalmente depois do aparecimento dos sintomas ou da internação, como o Brasil, tendem a ter um alto percentual de positivos.

No início da pandemia, a Coreia chegou a ter 4,9% de resultados positivos, o nível máximo registrado naquele país. Atualmente, está em torno de 1,5%.

No Brasil, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o índice de positividade dos testes era de 28%.

A falta de testagem impede o monitoramento de outro problema: o surgimento de variantes, como a P1, conhecida no mundo como a “variante brasileira”.

Segundo Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, o Brasil se tornou terreno fértil para novas variantes do Sars-CoV-2. “Cada vez que o vírus é transmitido, a gente dá a ele a chance de fazer uma mutação”, afirma a especialista. “Nós não tomamos nenhuma medida, e continuamos como se nada estivesse acontecendo”.

Vacinação

A vacinação em massa é a principal aposta para acabar com a pandemia, mas o ritmo no Brasil ainda está mais baixo que o de outros países, como EUA, Israel, Chile e Emirados Árabes.

Além disso, o aparecimento de novas variantes coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas disponíveis no país. A boa notícia é que, segundo estudos preliminares, tanto a CoronaVac quanto o imunizante de Oxford/AstraZeneca são eficazes contra a variante brasileira.

Em Israel, país que tem atualmente o programa mais agressivo de vacinação contra o coronavírus do mundo, mais da metade da população já foi imunizada. E é possível observar a curva de casos e mortes caindo semanas após o início da campanha de imunização no país.