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Amazonas

Exportação de produtos “compatíveis” com a Amazônia pode gerar receita de US$ 2,3 bi

Produção de itens sustentáveis na floresta brasileira tem potencial para crescer de 0,17% para 1,3% e aumentar a participação da região nas vendas globais de matéria-prima, conforme estudo do projeto Amazônia 2030.

O estudo sugere que, em vez de investir em novos produtos, a Amazônia legal aumente a produção e exportação de itens que já produz de forma sustentável. (Foto:Reprodução/Internet)

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, tem forte potencial para aliar o desenvolvimento econômico e a preservação da natureza.

É o que mostra o estudo do professor da New York University, desenvolvido para o projeto Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores para desenvolver um plano de ações para a região.

O levantamento mostrou que 955 produtos produzidos na floresta foram exportados, entre 2017 e 2019. Destes, apenas 64 foram extraídos de forma sustentável, em atividades não madeireiras, de sistemas agroflorestais, pesca e piscicultura tropical e hortifruticultura tropical.

Esses produtos citados pelo artigo como “compatíveis com a floresta” geraram uma receita US$ 298 milhões por ano, ou seja, apenas 0,17% da produção global desses itens, que é de US$ 176,6 bilhões. Se as empresas amazônicas aumentassem a participação para 1,3%, faturariam US$ 2,3 bilhões por ano.

O estudo sugere que, em vez de investir em novos produtos, a Amazônia legal aumente a produção e exportação de itens que já produz de forma sustentável, como o cacau, a pimenta, castanhas, frutas, partes de peixes e o óleo de dendê. Atualmente, o Brasil está atrás de muitos países localizados em áreas tropicais úmidas, na produção e exportação dessas matérias-primas.

Entre eles, está o Vietnã, maior exportador de pimenta do gênero piper (42%); a Bolívia (52%) e o Peru (13%), maiores exportadores de castanha sem casca; Uganda (14%), primeiro nas vendas de bexigas natatórias de peixe (“grude”) ao exterior; Equador (56%), maior exportador de palmitos; Costa Rica (50%), maior exportador de abacaxis frescos; e Costa do Marfim (40%) e Gana (18%), que são líderes nas vendas externas de cacau inteiro ou partido.

Como ressalta Coslovsky, esses países têm uma economia muito menor que a brasileira e a maioria deles mostra índices de investimento em saúde, educação, infraestrutura e pesquisa e desenvolvimento também menores que o Brasil. “Não são países avançados como Alemanha, EUA e Japão, mas sim outros países tropicais com ambiente de negócios parecido ou mesmo pior que o nosso.

Esse fato sugere que é possível ampliar a produção de produtos compatíveis com a floresta antes de resolver problemas mais complexos. O desafio do governo é promover esses produtos, direcionar sua expansão para áreas que hoje são mal utilizadas, favorecer os sistemas agroflorestais e métodos regenerativos e ajudar a torná-los tão ou mais eficientes e lucrativos do que a monocultura mecanizada”, diz o pesquisador.

De acordo com o relatório, a pimenta do reino é o produto mais importante da pauta de produtos compatíveis com a floresta brasileira hoje.

A Amazônia exporta perto de US$ 100 milhões, mas o mercado global é de US$ 1,5 bilhão. “O óleo de dendê tem perfil semelhante e tem mercado global multibilionário e situação bastante complicada, pois parte importante da produção na Ásia está associada com desmatamento e destruição de habitats naturais.

No Brasil, a produção pode ser feita em sistemas agroflorestais e está associada à restauração florestal. O cacau é outro produto promissor, pois é um produto nativo da Amazônia, mas a produção ainda é pequena, ou pelo menos pode crescer bastante. Há um mercado de cacau fino que está crescendo e parece oferecer bom potencial também”, explica.

Já os estados da região norte têm os seus próprios produtos principais (e que entram na lista do relatório), como o mel no Maranhão, o açaí no Amapá, abacaxi no Tocantins e peixes de rio em Rondônia.

Segundo Coslovsky, uma série de políticas adotadas na Amazônia afastou a região de sua vantagem competitiva mais evidente que é a sua biodiversidade e o clima equatorial. “Atualmente, quem tem dinamismo na Amazônia são monocultivos mecanizados, enclaves de mineração, o polo industrial de Manaus”, comentou.

Ele destaca também que o modo de cultivo desses produtos compatíveis com a floresta faz diferença na preservação da natureza.

“Por exemplo, a pesca pode ser predatória, a produção de frutas tropicais pode envolver uso excessivo de pesticidas, etc. Em todas as hipóteses, sistemas de controle e verificação permanecem essenciais”, pondera.

Ainda de acordo com o documento, não se pode depender apenas de uma atividade ou família de atividades e é imprescindível se avaliar as atividades realizadas na região.

“Há espaço (e necessidade) de exploração madeireira, agricultura mecanizada, pecuária e mineração, mas é importante que essas atividades sejam avaliadas com cuidado, pois em muitos casos elas são conduzidas de forma ineficiente, enriquecem alguns à custa de enorme prejuízo ao patrimônio de todos os brasileiros, e recebem mais atenção e dinheiro público do que merecem, especialmente quando comparadas às atividades compatíveis com a floresta que eu ressalto nesse estudo”.

A informação é da CNN Brasil.

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