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Amazonas

Estudo do Ipea mostra que autoridades do Amazonas recomendaram medicamento sem base científica contra a Covid

No Amazonas houve um crescimento de 171% na venda de azitromicina no período do levantamento, após recomendação do uso de medicamento por autoridades estaduais.

Azitromicina, por ser um antibiótico, é medicamento de uso controlado antes do início da pandemia. (Foto: Ilustrativa/Reprodução)

Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizado no período de janeiro de 2020 até março de 2021 mostra que autoridades do Amazonas elaboraram políticas públicas ou se basearam em evidências não científicas para nortear o combate à Covid. Uma das recomendações refere-se ao uso do antibiótico Azitromicina.

O levantamento do instituto intitulado “Ciência e Pseudociência Durante a Pandemia de Covid-19: O Papel dos ‘intermediários do Conhecimento’ Nas Políticas dos Governos Estaduais no Brasil”, analisou declarações de governadores sobre imunidade de rebanho e ‘tratamento precoce’.

O estudo mostra que no Amazonas as autoridades sanitárias incentivaram o uso de medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada. As recomendações, de acordo com o levantamento, se concentraram nos itens relacionados ao “kit-COVID” que, conforme dados obtidos pela análise, induziu uma maior demanda na sociedade por medicamentos incluídos no kit, como a azitromicina.

A tabela abaixo mostra que no Amazonas houve um crescimento de 171% na venda de azitromicina no período do levantamento (Mar 2019-Fev 2020 e Mar 2020-Fev 2021) , após recomendação do uso de medicamento por autoridades estaduais. É o segundo estado do Brasil com aumento nas vendas do medicamento, depois de Roraima.

Diferentemente dos demais medicamentos do “kit-COVID”, este já era de uso controlado antes do início da pandemia (por ser um antibiótico), permitindo assim uma análise do tipo “antes e depois”. Os dados indicam que o crescimento das vendas entre os dois períodos foi superior a 50% em 21 UFs.

A pesquisa levou em conta declarações de autoridades sanitárias e governadores e observou quais recomendaram o chamado “tratamento precoce”, por exemplo, ou nortearam medidas tomadas no estado com a expectativa de que atingiriam a chamada imunidade de rebanho.

O Distrito Federal é um dos 15 apontados no estudo. Uma das bases para a inclusão da capital foi o fato de o governador Ibaneis Rocha (MDB) ter declarado, em setembro de 2020, que a imunidade de rebanho havia sido atingida e que por isso poderia reduzir o número de leitos disponíveis para pacientes com Covid.

Já em Mato Grosso, a situação foi diferente. O governo do estado organizou locais onde os chamados “kit-covid” poderiam ser retirados gratuitamente. Já em Roraima, os remédios que compunham o chamado kit receberam isenção de impostos.

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