Amazonas
Dois livros do Inpa, no Amazonas, são semifinalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico
Para o editor chefe da Editora do Inpa, o pesquisador Mario Cohn-Haft, a participação da editora em concorrer pelo prêmio já é uma tradição.

Duas obras produzidas com a participação de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e publicadas pela Editora do instituto foram selecionadas como semifinalistas da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico. Promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o prêmio objetiva reconhecer e valorizar a produção científica nacional, destacando conteúdos que contribuem para a divulgação do conhecimento de forma acessível.
O livro “Espécies de Aves do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro” concorre na categoria “Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia” e o livro “Ariá: um alimento de memória afetiva” concorre a duas categorias: “Divulgação Científica” e “Ilustração”.
Para o editor chefe da Editora do Inpa, o pesquisador Mario Cohn-Haft, a participação da editora em concorrer pelo prêmio já é uma tradição, devido à importância do conteúdo científico produzido pelos pesquisadores do Instituto e seus colaboradores. “Essas duas obras mostram lindamente o quanto a ciência dialoga com a vida do dia a dia na Amazônia; a pesquisa traz o olhar dos que vivem em proximidade da natureza da região”, acrescenta.
Coprodução do conhecimento
A obra “Espécies de Aves do Rio Cubate” reúne registros de 310 espécies de aves observadas na Terra Indígena do Alto Rio Negro, no Amazonas. O livro busca promover a valorização da biodiversidade local, por meio do diálogo entre ciência e saberes tradicionais. Também visa contribuir com ações de conservação e educação ambiental em territórios indígenas, reforçando o papel da ciência como ferramenta de apoio à gestão socioambiental.
Além das descrições e fotografias das aves, o livro evidencia a importância da participação ativa das comunidades no processo de construção do conhecimento científico, como uma coprodução do conhecimento. Um dos coautores, Dzoodzo Baniwa, da comunidade Baniwa, destaca que a pesquisa vai além do registro da fauna local. “O livro não retrata apenas a diversidade das aves, mas também constrói conhecimento a partir da valorização dos saberes locais em diálogo com a ciência”, afirma.
Conforme a pesquisadora Camila Ribas ressalta, a obra é fruto da coletividade dos pesquisadores e das comunidades tradicionais. “As informações para o livro foram geradas em oficinas realizadas na comunidade onde também decidiram o formato e o conteúdo, através de votação no centro comunitário”, conta Ribas. A tradução da obra para a língua indígena Nheengatu foi feita pela professora Gracilene Bittencourt.
Do valor nutricional ao afetivo
A obra “Ariá: um alimento de memória afetiva” tem como protagonista o tubérculo amazônico conhecido como ariá (Goeppertia allouia), comum na culinária regional. A publicação combina relatos pessoais, informações botânicas e registros culturais sobre o alimento, revelando sua importância não apenas nutricional, mas também afetiva e simbólica para as populações amazônidas.
O livro possui 12 autores, entre indígenas e não indígenas, e a ilustração é de Hadna Abreu. A iniciativa surgiu a partir da pesquisa do jovem Eli Minev Benzecry, que buscava informações sobre o tubérculo, mas estavam dispersas em fontes acadêmicas de difícil acesso e entendimento para o grande público.
Segundo a coautora e organizadora da obra, a pesquisadora do Inpa Noemia Ishikawa, a publicação também se destaca por seu compromisso com a diversidade linguística. O livro é bilíngue Português e Tukano. A tradução para língua indígena Tukano, falada na região da Cabeça do Cachorro, no Alto Rio Negro, foi realizada por Rosilda Cordeiro.
“Estes livros são atravessados por histórias, memórias e sistemas de conhecimentos diversos, mas sobretudo escritos e produzidos também em línguas indígenas com o auxílio do aplicativo LINKLADO que possui grafemas e caracteres que respeitam os sons/fonemas destas línguas”, comentou, Ana Carla Bruno, pesquisadora em Antropologia Linguística do Inpa.
Sobre o Evento
O prêmio Jabuti Acadêmico teve sua primeira edição em 2024. Nele, as obras finalistas e premiadas passam a fazer parte da Jabuteca, uma biblioteca própria dos prêmios Jabuti onde são levadas aos principais eventos literários mundiais por meio Brazilian Publishers, um projeto que fomenta a exportação de livros brasileiros ao exterior.
A lista com os finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico deste ano deve ser divulgada no dia 22 de julho, às 12h, enquanto os vencedores serão revelados em uma cerimônia no Teatro Sérgio Cardoso, no dia 5 de agosto, em São Paulo.
Acesse as obras nos links:
Espécies de Aves do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro
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