Amazonas
Delegado de Tonantins (AM) é investigado por dar aula no Ceará no dia em que preso foi linchado no município
Segundo a Promotoria, o delegado estava no Ceará, ministrando aulas em um curso preparatório para concursos públicos.

O delegado titular da Delegacia de Tonantins, no interior do Amazonas, Wellery Aleff, é investigado pelo Ministério Público do Estado (MP-AM) e a Corregedoria da Polícia Civil. Segundo a Promotoria, no fim de semana em que um morador do município foi linchado e queimado vivo após matar a esposa e esfaquear a enteada na cidade, o delegado estava no Ceará, ministrando aulas em um curso preparatório para concursos públicos. As informações são do site g1 Amazonas.
O crime aconteceu no último domingo (3). José Andrei de Matos Rodrigues foi preso por suspeita de assassinar a companheira e ferir a enteada. Revoltados, moradores invadiram a delegacia, retiraram o homem da cela, o espancaram e o queimaram no meio da rua. A Polícia Civil e o MP-AM tentam identificar os envolvidos no linchamento.
Por meio de nota, a Polícia Civil do Amazonas informou que a ausência do delegado foi formalmente reportada à Corregedoria-Geral da Polícia Civil, que adotará as medidas administrativas cabíveis, conforme previsto na legislação e nos protocolos internos da instituição.
Nas redes sociais, Wellery Aleff divulga cursos on-line. Um dia após o linchamento ocorrido em Tonantins, ele publicou uma foto dando aula em um cursinho no Ceará.
Além de apurar o crime de linchamento que aconteceu no município, o Ministério Público também passou a investigar a conduta do delegado, conforme a procuradora-geral de Justiça, Leda Albuquerque.
“É grave se essa situação se confirmar. Merece, por parte da Polícia Civil, a devida apuração e responsabilização do profissional. Essa informação também chegou ao conhecimento do Ministério Público”, afirmou a procuradora-geral de Justiça.
Ainda segundo a procuradora-geral, o objetivo é responsabilizar tanto os autores diretos do linchamento quanto aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que ele acontecesse. Para ela, o caso expõe falhas graves na segurança pública do interior do Amazonas.
“O efetivo da Polícia Militar em Tonantins é de quatro policiais. Não é capaz de conter uma população diante daquele clamor público, com aquela efervescência odiosa que se viu nesse caso em particular”, disse.
O crime que gerou revolta
De acordo com a polícia, José Rodrigues matou Valdilene Prestes na madrugada de sábado (2). As investigações apontam que ele teria usado um porrete para agredir a vítima. Em seguida, ele esfaqueou o pescoço da companheira.
Por volta das 12h, a filha mais velha da vítima perguntou pela mãe e José mentiu que ela teria saído para se bronzear. O suspeito teria atacado a jovem. Os dois entraram em luta corporal, até que José desferiu três facadas contra a enteada e fugiu.
O ataque à jovem foi testemunhado pelo filho mais novo de Valdilene, de apenas 12 anos. O garoto teria ficado em estado de choque, foi acompanhado pela assistência social do município e encontra-se sob cuidados de uma família da igreja que a mãe frequentava.
De acordo com a Polícia Civil, a equipe local foi acionada pelo hospital da cidade após a jovem dar entrada na unidade com ferimentos de arma branca na cabeça e afirmar que a mãe poderia estar em perigo.
Ao chegar à residência da vítima, os policiais encontraram a mãe dela já sem vida, com marcas de facadas na cabeça e sinais de asfixia.
Um policial, que preferiu não se identificar, informou à Rede Amazônica que José Rodrigues possuía histórico de violência doméstica, já tendo sido preso ao menos três vezes por agressões cometidas contra Valdilene.
“A partir do momento em que ele era preso, ela ficava na delegacia prestando assistência. Não aceitava o fim do relacionamento por gostar muito dele”, disse o policial.
A prisão de José ocorreu por volta das 21h de sábado, em uma casa na periferia de Tonantins. A polícia afirmou que um enfermeiro se deparou com o suspeito dormindo na varada da residência ao retornar de um plantão e comunicou as autoridades, que efetuaram a prisão.
José Andrei foi queimado vivo por moradores de Tonantins, após assassinar a companheira.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.

Faça um comentário