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Amazonas

Com risco de nova vazante dos rios, Centro das Indústrias do Amazonas cobra mais investimentos em infraestrutura logística

Evento discutiu alternativas de melhorias nas hidrovias e na sua operação. Para as indústrias, somente a dragagem de rios não é a solução, pois não obteve resultados satisfatórias na grande seca de 2023.

O investimento atual em infraestrutura logística no Amazonas segue aquém das necessidades e, segundo o Centro das Indústrias do Estado (Cieam), o ideal seria um investimento contínuo do equivalente a 2,5% do PIB, anualmente, na próxima década, para reduzir as carências de infraestrutura.

Os dados foram divulgados pelo Cieam, em notícia sobre a promoção da 9ª edição Fórum de Logística em Manaus, realizado nos dias 2 e 4 de abril, com foco no risco de seca nos rios da região novamente em 2024.

De acordo com os números do Cieam, gastos com transportes e logística no Amazonas são estimados entre 3% e 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. A entidade empresarial defende que investimentos sejam de ao menos R$ 1,9 bilhão ao ano em novas infraestruturas, o equivalente a 2,5% do PIB.

Os principais representantes do setor de logística participaram do encontro promovido pela comissão de logística do Cieam e discutiram o sobrecusto de R$ 1,4 bilhão na operação logística durante a vazante recorde dos rios no ano passado, devido aos problemas causados pelas dificuldades no transporte de insumos. O valor também inclui as taxas e custos adicionais cobrados pelos armadores e o frete aéreo, usado em casos mais urgentes.

De acordo com o Cieam, estudos preliminares indicam que os níveis do rio Solimões, em Tabatinga, e do rio Negro, em Manaus, estão abaixo das marcas históricas, o que preocupa as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), “apesar da possibilidade e esperança de que as chuvas possam vir a reverter este quadro”.

Segundo os dados apresentados, atualmente, os gastos com transportes hidroviários no Amazonas são estimados entre 3% e 7% do PIB, o que representa algo entre R$ 4,8 bilhões e R$ 11,2 bilhões por ano. O PIB do Amazonas foi de R$ 160,2 bilhões no ano passado, representando um crescimento de 6,53% sobre 2022. “De acordo com os nossos estudos, o ideal é que o custo com esse logística fosse a metade desse valor para recuperar a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM)”, explica Augusto Rocha, coordenador da comissão de logística do Cieam. Assim, segundo ele, esses custos deveriam significar um gasto entre R$ 2,4 bilhões e R$ 5,6 bilhões (1,5% a 3,5% do PIB do estado).

Segundo o Cieam, anualmente, o investimento em infraestrutura local é de, aproximadamente, 0,22% do PIB, o que representou R$ 352 milhões em relação ao PIB de 2023. “Defendemos um investimento mínimo em torno de 2,5% do PIB local (cerca de R$ 4 bilhões, em comparação com o PIB de 2023) por ano, durante a próxima década, para reduzir os gargalos logísticos que existem hoje e oferecer maior segurança logística às indústrias que operam no Polo Industrial de Manaus (PIM), reduzindo a desigualdade do Amazonas”, informou Rocha.

O Fórum de Logística do Cieam teve como tema “E se a seca de 2024 for pior do que em 2023?”. O objetivo do evento foi debater com armadores, executivos de indústrias da região e representantes do governo quais os planos de ação para um possível cenário de seca em 2024. E foram apresentados estudos com propostas de soluções, por parte dos armadores e do governo, com medição de riscos das operações logísticas no Amazonas caso corra uma nova seca neste ano.

Para as indústrias, somente a dragagem das hidrovias não é a solução, pois não obteve resultados satisfatórias na grande seca de 2023. A dragagem foi uma ação que não resolveu no ano passado. Apenas a chuva ajudou, consideram os empresários. “Claro que a seca de 2024 pode não ser tão severa quanto foi em 2023, afinal já há sinais positivos no 12º Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas, emitido pelo SGP/CPRM (Serviço Geológico do Brasil)”, disse Rocha.

Segundo ele, é muito importante que sejam realizadas pesquisas para entender melhor o fenômeno das cheias e vazantes nos pontos críticos das hidrovias do Amazonas que chegam a Manaus. “Depois dessas pesquisas, será possível indicar qual a melhor solução. Sem isso, continuaremos apostando em soluções que não são precisas e desperdiçam recursos sem sucesso”, afirmou.

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