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Amazonas

Cemitério em Manaus sobrecarrega e Prefeitura restringe acesso a 5 pessoas da família dos mortos

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra os carros de agências funerárias formando uma longa fila para entrar no Tarumã.

A disparada no número de mortes em Manaus já se reflete no cemitério Nossa Senhora Aparecida, mais conhecido como Cemitério do Tarumã. Por concentrar a maior parte dos sepultamentos da cidade (os demais só atendem em jazigos familiares), ele ficou sobrecarregado com a crise causada pelo novo coronavírus. Com mais de 100 óbitos por dia na capital desde a última terça, o local já não dá conta da demanda. E as autoridades buscam meios de controlar a situação.

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra os carros de agências funerárias formando uma longa fila para entrar no Tarumã. Como o cemitério não consegue atender a todos os óbitos ao mesmo tempo, a espera cresceu.

A   Prefeitura de Manaus  informou que, com o aumento na demanda do cemitério público Nossa Senhora Aparecida, no Tarumã, em consequência da Covid-19, e devido aos consecutivos conflitos entre familiares e a imprensa, o acesso ao local está restrito às famílias que forem enterrar os seus entes queridos, na quantidade máxima de cinco pessoas, conforme o Decreto nº 4.801, de 11 de abril de 2020, publicado no Diário Oficial do Municipal (DOM). A medida visa preservar a privacidade das famílias enlutadas e também considera o risco de propagação do novo coronavírus.

O presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do Estado do Amazonas, Manuel Viana, confirmou o quadro retratado no vídeo. Ele admite que o número de mortes diárias cresceu acima das expectativas e, por isso, a organização dos enterros escapa ao controle.

“Antes do coronavírus, a média aqui era de 30 sepultamentos por dia. O setor funerário tinha feito uma projeção de que estaríamos em abril com algo em torno de 50 e poucos óbitos por dia. Mas só neste domingo morreram 122. Na terça da semana passada (dia 14) foram 102. Desde então, este número só cresceu”, disse.

Para encontrar soluções, Manaus criou um comitê de crise para óbitos formado por membros do setor funerário e das secretarias municipais da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) e de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), que inciaram os debates nesta segunda. A primeira medida para tentar conter o caos no Tarumã é o aumento do número de funcionários.

“ Aí poderemos organizar os sepultamentos com uma velocidade maior. Aquele tumulto foi na hora do intervalo para o almoço. Provavelmente já a partir desta terça serão duas turmas fazendo um revezamento. Com isso, não vamos ficar sem atendimento na hora do almoço”, explica Viana.

O primeiro indício de esgotamento veio justamente de um serviço da prefeitura: o SOS Funeral, oferecido de forma gratuita a quem não tem condições de arcar com os custos de remoção do corpo e com a taxa de sepultamento. Com capacidade para até 20 óbitos por dia, ele atingiu o seu limite na semana passada. A Prefeitura, então, recorreu às funerárias particulares, que agora se revezam diariamente para suprir esta ausência.

A Prefeitura de Manaus informou que instalou dois frigoríficos no cemitério para o armazenamento dos corpos da fila de espera. Com isso, é possível liberar os veículos da funerárias para a realização de novos serviços, principalmente os do SOS Funeral.

Dezenas de novas covas foram abertas na semana passada. Segundo a prefeitura, esta ampliação já estava prevista. Mas a pandemia de Covid-19 antecipou a medida.

Na segunda-feira, a Secretaria Estadual de Saúde registrou mais três óbitos por covid-19, totalizando 185 desde o início da pandemia. Só que, além da defasagem nas confirmações, nem todos os casos chegam a ser testados. Logo, as autoridades não conseguem contabilizar todos as mortes que chegam ao Tarumã dia após dia.

Contêineres frigoríficos foram instalados no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus, para comportar a alta demanda de caixões que estão sendo enviados de hospitais públicos da capital, muitos de vítimas do novo coronavírus.

A Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), responsável pela administração do cemitério, informou que os contêineres frigoríficos serão usados para comportar os caixões que estão vindo dos hospitais públicos, a espera dos respectivos sepultamentos. “Isso foi feito para poder liberar os carros do S.O.S Funeral, em imediato, para atender com eficiência e rapidez às demandas”, disse o órgão, por meio de assessoria de imprensa.

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