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Amazonas

Cancelado por “falta de verba”, Festival de Ópera no AM custaria menos de 2% da verba de propaganda na Secom

De acordo com o jornal O Globo, os repasses que seriam esperados por parte do Governo do Amazonas para o FAO são da ordem de R$ 5 milhões. O orçamento autorizado para Secom, em 2024, é de R$ 290,394 milhões.

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O Festival Amazonas de Ópera (FAO), maior evento do gênero na América Latina e um dos principais motores do segmento no Brasil, cancelado pelo governador Wilson Lima sob a alegação de falta de verba, custaria cerca de 1,7% do orçamento autorizado deste ano para a Secretaria de Comunicação (Secom), responsável pelos principais gastos com a publicidade e propaganda do governo.

De acordo com o jornal O Globo, os repasses que seriam esperados por parte do Governo do Amazonas para a realização do FAO são da ordem de R$ 5 milhões. O orçamento autorizado do governo do Amazonas para Secom), em 2024, é de R$ 290,394 milhões, o maior da história Estado, de acordo com dados oficiais no Portal da Transparência da Secretaria de Fazenda (Sefaz). O valor é 2,13 vezes maior, do que os pagamentos realizados pela Secom em 2023, que somaram R$ 135,785 milhões

Pela primeira vez, o evento, que tem como sede o histórico Teatro Amazonas, é cancelado por decisão política de uma gestão – no caso, do governador Wilson Lima (União Brasil). Houve apenas duas interrupções nos anos de 2020 e 2021 devido à pandemia de Covid-19.

Na prática, estão canceladas cinco produções de ópera, entre elas “Simon Boccanegra”, de Verdi – que teria o barítono Paulo Szot, vencedor do prêmi oTony e uma estrela em palcos internacionais –, e “Fedora”, de Giordano, além da reprise de “Alma”, do brasileiro Cláudio Santoro. A programação incluiria também um concerto em homenagem ao centenário do compositor italiano Giacomo Puccini, mestre do gênero lírico, que completa cem anos de morte em 2024. O 26º FAO seria realizado de 16 de abril a 26 de maio.

O cancelamento compromete o calendário da Amazonas Filarmônica, orquestra liderada pelo regente Luiz Fernando Malheiro, e dos coros locais. É também um desastre para o setor, já que o FAO é um dos poucos centros de produção lírica do Brasil que recebe atenção da crítica especializada mundial, pela excelência artística conquistada nas últimas duas décadas.

Na última quarta-feira (06/03), segundo fontes ligadas ao FAO, representantes da produção do evento se reuniram em Brasília com a equipe da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e com lideranças de estatais a fim de tentar complementar o apoio financeiro para o festival. A necessidade de recursos adicionais levou a criação, no ano passado, do Fundo Amazonas de Ópera para captação junto a entidades filantrópicas.

A notícia do cancelamento foi dada na noite da quinta-feira (07/03) pelo blog Notas Musicais, e confirmado pela Secretaria de Cultura do Amazonas, que emitiu uma nota oficial, atribuindo as razões ao decreto de redução de gastos orçamentários devido à estiagem severa que afetou mais de 50 municípios amazonenses em 2023 – editado em agosto de 2023 e renovado em janeiro de 2024 – a fim de “manter o equilíbrio orçamentário do governo e manutenção de serviços prioritários”.

“Por entender que o equilíbrio fiscal é prioridade para os futuros avanços na administração pública do Amazonas, a secretaria buscou nos últimos meses a captação de recursos, junto à iniciativa privada, dentre outras possibilidades de parcerias que viabilizassem a produção do evento deste ano, porém sem conseguir chegar aos valores necessários”, prossegue a nota.

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa acrescenta que “reconhece e reforça o compromisso com a promoção e difusão da economia da cultura, como um vetor para alavancar a receita; na valorização dos artistas e dos fazedores de cultura e, na potencialização das manifestações artísticas no interior do estado.”

No ano passado, o FAO realizou durante sua 25ª edição a primeira conferência da Ópera Latino-América (OLA) no Brasil, com representantes do setor de economia criativa vindos da Colômbia, Argentina, Estados Unidos, México e outros países, e a presença da diretora do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para assuntos do desenvolvimento do setor cultural, Trinidad Zaldívar. A instituição de fomento estudava formas de apoio à indústria criativa amazônica, focada na geração de empregos, capacitação de profissionais e na recuperação do comércio em torno dos centros culturais, como ocorreu no Centro Histórico de Manaus ao longo do FAO.

A produtora executiva do FAO, Flávia Furtado, chegou a anunciar em 2023 a criação de um corredor cultural da Amazônia, envolvendo o Teatro Amazonas, em Manaus, e o Theatro da Paz, em Belém. A meta do corredor é integrar teatros de outros países da região amazônica. Sem esse motor, o plano do corredor cultural e econômico que movimenta interesses e turismo na região brasileira mais discutida no cenário global deve enfrentar dificuldades para finalmente se estabelecer.

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