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Amazonas

Baixo índice de vacinação com segunda dose no Amazonas preocupa pesquisadores

Pesquisadores demonstram preocupação com o total de vacinados no AM, e público jovem seria o mais atingido com terceira onda da Covid-19

Foram aplicadas 463.411 de primeira dose e 144.171 de segunda dose até a quinta (Foto: Caio di Biase/MS)

Até a última quinta-feira (08/0), 144.171 pessoas no Amazonas haviam recebido a segunda dose das vacinas contra a Covid-19, ou cerca de 4% da população do Estado (4,2 milhões). O número não é suficiente para impedir uma terceira onda, que atingiria de forma grave o público jovem. Os dados preocupam os cientistas no Amazonas.

Para o epidemiologista Jesem Orellana, do Instituto Leônidas e Maria Deane, a Fiocruz Amazônia, o total de imunizados, os que receberam a segunda dose da vacina não é suficiente para proteger a população contra os casos graves e as mortes.

“Em termos populacionais do estado inteiro, pensando no controle da epidemia no estado, via imunidade coletiva ou imunidade de rebanho, (a vacinação) representa quase nada. Então, é um ponto importantíssimo. Nós não temos a população como um todo protegido das formas graves e da morte por Covid-19. E, então, nós podemos ter, sim, novos ciclos, novas ondas de infecção nos próximos meses, porque nós não temos a menor expectativa de conseguir imunizar toda a população do Amazonas, toda a população do Brasil, nos próximos três ou seis meses deste ano”, explicou o pesquisador.

Jesem Orellana ressaltou que, em uma possível terceira onda de Covid-19, o público jovem seria o mais atingido, uma vez que atualmente a vacinação é destinada apenas aos grupos com comorbidades e de pessoas idosas. “Não existe vacinação em massa em lugar nenhum no estado do Amazonas. Se tivermos uma nova disseminação viral forte, digamos que por um novo motivo como novas variantes, mutação, ou algum tipo de novidade que o novo coronavírus nos traga nos próximos meses, provavelmente o perfil de adoecimento, de mortes e de internações, vai ficar cada vez mais jovem”. Mais de 80% do grupo de idosos, um dos grupos mais atingidos pela pandemia, recebeu a vacina.

“A população que nós temos de pessoas vacinadas com mais de 60 anos de idade é uma porcentagem muito grande. Nós vamos ter certamente uma quantidade menor de pessoas adoecendo gravemente com mais de 60 anos de idade e de mortes. E nós sabemos que a circulação viral, de fato, acontece mesmo entre os mais jovens, adultos jovens, que é justamente o grupo que não está vacinado”, acrescentou.

O pesquisador da Fiocruz disse, também, que a quantidade de vacinas disponíveis no Brasil está sendo insuficiente para se evitar uma terceira ou quarta ondas de Covid-19. “A população brasileira está literalmente pagando com as suas vidas, e com o fracasso, afundamento cada vez maior da economia. Essas vacinas que nós temos disponíveis, aí, estão sendo tratadas como solução da epidemia do Brasil. Na verdade, a quantidade que nós temos de vacina disponível hoje, no Brasil, é uma quantidade pequena e que está sendo liberada a conta-gotas basicamente para cobrir, com enorme dificuldade, os grupos de riscos definidos pelo plano nacional de imunização”, explicou.

Público jovem e adultos jovens seriam os mais atingidos pela nova fase da pandemia

Terceira onda

O doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, acredita que Manaus vive a iminência de uma terceira onda, caso não atinja a vacinação de 70% da população e endureça as medidas de combate ao novo coronavírus. “Nós podemos dizer, neste momento, que a segunda onda está terminando. Nós vamos atingir um patamar de internações e mortes constantes, em Manaus, e então, se dará início a terceira onda”, disse.

Para Ferrante, as taxas de vacinação, hoje, no Amazonas não são suficientes para frear a terceira onda. “É extremamente preocupante a situação e nós precisamos suspender de uma vez por todas as aulas presenciais, até que se vacine 70% da população. Esse é um dos gatilhos essenciais que causou a segunda onda, não só em Manaus, mas em vários outros países do mundo”, observou.

Para o pesquisador, caso o Governo do Amazonas não adote medidas enérgicas, Manaus estará condenada à terceira onda. “E isso é muita grave. Nós temos um relaxamento dos protocolos de segurança. E essa audiência publica (realizada pela assembleia) que nós tivemos esta semana foi extremamente preocupante porque o governo e a prefeitura não têm um plano para, de fato, conter a terceira onda. Nós precisaríamos atingir dentro dos próximos dois, três meses, uma taxa de vacinação de até 70% da população, pois a circulação viral tende a fazer surgir uma variante resistente as vacinas”, disse.

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