Amazonas
Amazonas lidera desmatamento da floresta amazônica em abril, apontam dados do Imazon
No assentamento Rio Juma, localizado no Amazonas, apenas em abril, a área destruída no território foi de 16 km², o equivalente a 1.600 campos de futebol.

A perda de floresta na Amazônia cresceu 18% nos primeiros nove meses deste ano. No mês de abril, o Amazonas lidera com 40% o desmatamento, seguido do Mato Grosso (38%) e Pará (11%), que juntos concentram 89% do total devastado.
De acordo com dados do instituto de pesquisa Imazon, divulgados nesta quinta-feira (29/5), entre os dez assentamentos que mais desmataram em abril de 2025, seis estão no Amazonas. O assentamento Rio Juma, localizado no município de Apuí, sul do estado, ocupou pela segunda vez consecutiva o primeiro lugar no ranking de desmatamento. Apenas em abril, a área destruída no território foi de 16 km², o equivalente a 1.600 campos de futebol. E entre os municípios, cinco dos 10 que mais desmataram em abril deste ano são de Mato Grosso.
Os dados sobre o “calendário do desmatamento”, que por causa do período de chuvas na região vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, são do Imazon. De acordo com os dados, a área desmatada na Amazônia passou de 2.136 km² entre agosto de 2023 a abril de 2024 para 2.530 km² entre agosto de 2024 e abril de 2025.
Porém, em relação ao recorde do período, registrado entre agosto de 2020 a abril de 2021, quando foram devastados 6.330 km², o desmatamento do calendário atual é 60% menor. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto, que começou a monitorar a Amazônia por imagens de satélite em 2008.
“Embora ainda menor do que no período de recorde, esse crescimento serve de alerta. Se esse ritmo continuar, podemos encerrar o calendário de desmatamento de 2025 com índices elevados de destruição. Por isso, é fundamental intensificar as ações de combate e controle, priorizando os territórios mais ameaçados”, destaca a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim.
Amazonas lidera desmatamento em abril
Apenas em abril de 2025, a Amazônia perdeu 234 km² de floresta, um aumento de 24% em relação ao mesmo mês de 2024. O dado representa a retirada de 780 campos de futebol por dia de floresta. Porém, se comparado com o recorde da série histórica, registrado em 2022, quando foram derrubados 1.197 km² em abril, a área desmatada em 2025 é 80% menor.
Já em relação aos estados, os que mais desmataram em abril de 2025 foram Amazonas (40%), Mato Grosso (38%) e Pará (11%), que juntos concentram 89% do total devastado.
E entre os municípios, cinco dos 10 que mais desmataram em abril deste ano são de Mato Grosso. Aripuanã, por exemplo, está no ranking pelo quinto mês consecutivo, desde dezembro de 2024, evidenciando um padrão contínuo de pressão sobre a floresta na região. Além desse município, Colniza, também no Mato Grosso, e Apuí, no Amazonas, têm aparecido de forma recorrente entre os mais desmatados, desde fevereiro de 2025.
Entre os dez assentamentos que mais desmataram em abril de 2025, seis estão no Amazonas. O assentamento Rio Juma, localizado no estado, ocupou pela segunda vez consecutiva o primeiro lugar no ranking de desmatamento. Apenas em abril, a área destruída no território foi de 16 km², o equivalente a 1.600 campos de futebol.
Quando se observa o desmatamento nas unidades de conservação, a mais destruída em abril foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, localizada no Pará. O território perdeu 4 km² de floresta, quatro vezes a mais que o registrado pelo segundo território mais destruído, a Floresta Nacional (Flona) do Iquiri, no Amazonas, com 1 km².
“O monitoramento mostra que, mesmo fora do pico histórico, algumas localidades seguem sob pressão constante, como é o caso de assentamentos e municípios que aparecem repetidamente nos rankings. Isso indica que não estamos lidando apenas com eventos pontuais. É fundamental que as estratégias de combate sejam contínuas, territorializadas e acompanhadas de políticas públicas que promovam alternativas sustentáveis de uso da terra”, completa Larissa.
Degradação diminui em abril, mas cresce 295% no calendário do desmatamento
Em abril de 2025, a Amazônia teve 25 km² de florestas degradadas, uma queda de 96% em relação ao mesmo mês do ano passado, que havia apresentado a segunda maior degradação já detectada para o período, com 696 km². Apesar da melhora, a área afetada por esse dano florestal corresponde a cerca de 83 campos de futebol por dia.
“Diferente do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, a degradação ocorre por meio das queimadas e da extração de madeira, que causam danos na floresta”, explica Manoela Athaide, pesquisadora do Imazon.
Já quando se analisa o acumulado da degradação no calendário do desmatamento, de agosto de 2024 a abril de 2025, o cenário é diferente do observado apenas em abril: houve um aumento de 295%, chegando a 34.038 km². Esse crescimento é resultado, principalmente, das queimadas nos meses de setembro e outubro de 2024, quando houve um pico histórico do problema ambiental na região.
SAD Degradacao Calendario do Desmatamento de 2024 e 2025 – Desmatamento da Amazônia cresce 18% de agosto a abril
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SAD Degradacao Serie historica do calendario do desmatamento agosto a abril – Desmatamento da Amazônia cresce 18% de agosto a abril
“Estamos nos encaminhando para o encerramento do calendário de desmatamento atual. Em maio entramos no último trimestre dele e os números para degradação já indicam que a sua finalização será em alta. Nossa preocupação é que o mesmo ocorra com o desmatamento”, aponta Manoela.
O Pará foi o estado responsável por 64% desse distúrbio registrado em abril, chegando a 16 km², uma alta de 16 vezes quando comparado com o período anterior. Além disso, é também no estado que estão cinco dos dez municípios que mais degradam, sendo eles: Alenquer (6 km²), Altamira (5 km²), Paragominas (3 km²), Cumaru do Norte (1 km²) e Uruará (1 km²).
O monitoramento por imagens de satélite não identificou áreas degradadas em terras indígenas da Amazônia em abril de 2025. Manoela Athaide reforça que esse resultado é positivo, considerando a vulnerabilidade desses territórios, e destaca a importância da proteção contínua deles frente às pressões por exploração madeireira ilegal e queimadas.
“O mês de abril é caracterizado por possuir chuvas mais frequentes na Amazônia. Logo, os distúrbios nas florestas não são tão intensos quando comparamos com os meses onde o clima é mais seco, de junho a outubro. É importante que os governos usem esse tempo para focar ainda mais em ações preventivas e planejamento para conter esse avanço com antecedência”, resume a pesquisadora.
Veja aqui os dados de abril
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