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Amazonas: médicos fazem relatos de atuação caótica de enfermeiros da Manaós no Instituto da Criança

Os relatos apontam que os enfermeiros não conseguem, por despreparo, atender às mínimas exigências como trocar as luvas na medida em que passam de um atendimento para o outro ou operar um aparelho de ventilação mecânica.

Relatos desesperados de médicos nos livros de registro de ocorrências mostram o grande risco de morte de crianças internadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Instituto da Criança do Amazonas que estão sendo atendidas por enfermeiros da empresa Manaós Serviços de Saude Ltda..

Os relatos apontam que os enfermeiros não conseguem, por despreparo, atender às mínimas exigências como, por exemplo, trocar as luvas na medida em que passam de um atendimento para o outro ou operar um aparelho de ventilação mecânica.

Relatos dos médicos no Livro de Ocorrências do Instituto da Crianças do Amazonas (Reprodução)

O livro de ocorrências da UTI do Instituto da Criança do Amazonas (Icam) traz relatos de negligência e risco de morte. Em um dos casos, há o relato de que entubaram uma criança e colocaram em ventilação mecânica. Após alguns minutos a criança apresentou sinais claros de asfixia, pois o aparelho ventilador estava em modo de espera, em ‘stand by’.

Enfermeiros fazem treinamento sem acompanhamento superior e autorização, na UTI do ICAM, na ausência dos pais.

O caso aconteceu no plantão do dia 19 de fevereiro. O médico pediatra Felipe Leite relatou, pedindo providências “em respeito aos nossos pacientes” que, chamado à UTI Girafa por intubação da paciente do leito 22, realizou intubação sem intercorrências. Depois, viu a enfermeira ajeitando a criança no leito. “Após um curto período, chamado para avaliar a criança que estava “bradicardizando”, ao chegar, vejo a paciente cianótica, bradicárdica, conectada ao aparelho de respiração em modo ESPERA!!!”, relatou.

Segundo o registro, “a enfermeira não só não identificou que o aparelho respirador não estava ciclando como não tomou conduta de ventilar a criança completamente cianótica e com FC <60bpm”.

Bradicardia é um termo utilizado na medicina para designar uma diminuição na frequência cardíaca. Convenciona-se como normal no ser humano uma frequência cardíaca entre 60 e 100 batimentos por minuto. O da criança estava abaixo de 60.

Os ventiladores mecânicos são equipamentos de suporte à vida muito utilizados em centros de tratamento intensivo (CTI) cujo adequado funcionamento tem implicação direta na segurança e efetividade do tratamento. Por outro lado, também são fontes de risco para os pacientes no caso de mau uso ou desempenho inadequado, podendo gerar a ocorrência de eventos adversos.

Em outro relato, do dia 17 de fevereiro, uma médica pediatra intensivista, que pediu para não ser identificada,  informa que foi chamada pela técnica de enfermagem que acompanhava o paciente do leito 9, “pois o mesmo estaca muito choroso” e que “ao avaliar o paciente retirou o curativo de acesso profundo do mesmo e constatou hiperemia com secreção purulenta”. A médica foi avaliar o paciente e questionou o enfermeiro Maikon como estava o acesso pela manhã e ele respondeu que não sabia pois não havia trocado o curativo pela manhã. “Perguntei ao mesmo o porquê e ele verbalizou que não fez porque ‘esqueceu de fazer”‘.

A médica relata, ainda, que voltou ao balcão para terminar de evoluir seus pacientes quando percebeu que o mesmo enfermeiro Maikon “passou do paciente 9 para mexer no paciente do leito 8 com a mesma luva”. “No mesmo instante o adverti e disse que isso não poderia acontecer de jeito nenhum. Imediatamente comuniquei o acontecido ao coordenador enfermeiro Ailton que se encontrava ainda na unidade. Deixo aqui o registro devido a gravidade da situação”, relatou.

No último dia 17, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) decidiu suspender o processo de substituição do Instituto dos Enfermeiros Intensivistas do Amazonas (Ieti) pela empresa Manaós Serviços de Saúde Ltda. nas unidades da rede estadual.

A Secretaria informou que, após a implantação de um cronograma de substituição gradual, foram constatadas situações que podem colocar em risco a assistência aos pacientes, dentre as quais faltas e atrasos de enfermeiros da Manaós aos plantões, além de pouca habilidade de alguns profissionais no manejo clínico dos pacientes em Unidades de Terapia Intensiva das duas unidades onde iniciou o processo – Instituto da Criança do Amazonas (Icam) e no Hospital Infantil Dr. Fajardo.

O argumento da  Susam para a suspensão parcial do cronograma de substituição é de que a Manaós não tem cumprido com cláusula contratual referente à capacitação técnica dos enfermeiros dessa empresa. A secretaria informouque instaurou sindicância para apurar as responsabilidades pelas situações relatadas no processo de acompanhamento à substituição do Ieti pela Manaós nas unidades citadas.

Documento da Susam informa ‘desídia’ e ‘inexperiência’ e chama de ‘péssimo’ serviço da Manaós


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