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Amazonas

Mapa do ‘calote’: Amazonas aparece entre os 5 Estados com o maior número de pessoas com as contas no vermelho

De acordo com o último levantamento da Serasa, em cinco unidades da Federação mais da metade da população adulta estava negativada em março.

Nunca houve tantos brasileiros adultos inadimplentes, especialmente aqueles que vivem em centros urbanos ligados à indústria e à prestação de serviços, que ainda sentem do baque provocado pela pandemia. Em março, na média do País, 43,43% da população com mais de 18 anos de idade tinha deixado de pagar dívidas. É a marca recorde da série iniciada em novembro de 2016 pela Serasa, empresa especializada em informações financeiras.

De acordo com o último levantamento da Serasa, em cinco unidades da Federação mais da metade da população adulta estava negativada em março. Antes da pandemia, em março de 2020, só um Estado ultrapassava a marca de 50%: o Amazonas, com 55,2%.

Quem liderou o ranking dos Estados mais inadimplentes foi o Rio de Janeiro, com 52,65% da população adulta no vermelho, seguido pelo Amapá (52,44%), Amazonas (52,32%), Distrito Federal (51,13%) e Mato Grosso (50,22%). O Ceará, apesar do índice menor (45,0%), foi o Estado que mais avançou entre março de 2020 e março de 2023 no calote: mais de oito pontos porcentuais.

Estados mais ligados ao setor de serviços, à indústria ou grandes centros urbanos estão em situação pior”, afirma o economista da Serasa e responsável pelo levantamento, Luiz Rabi. Em março de 2020, o Rio de Janeiro ocupava a sexta posição no ranking dos mais inadimplentes e hoje está na liderança. “A principal variável que afeta a inadimplência é a renda”, afirma o economista

No caso do Amapá, vice-líder do calote, e do Amazonas, ele observa que o fator preponderante é o fato de serem muito pobres. Rabi lembra que o Amazonas tem a Zona Franca de Manaus (AM), mas, na sua avaliação, ela não gera tanta movimentação nas cadeias produtivas. Além da falta de dinamismo da economia do Rio, sem um setor rural forte ou cadeia exportadora – exceto o petróleo em alguns municípios –, segundo análise de Rabi, o Estado depende muito dos serviços, especialmente do turismo, que parou na pandemia.

Já o Distrito Federal está a ligado ao enfraquecimento dos serviços. No caso do Mato Grosso, apesar de ser um polo do agronegócio, a renda per capita é menor comparada à do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, também fortes na agropecuária, mas cuja parcela de inadimplentes entre os adultos não chega 40% em ambos Estados.

O calote elevado emperra o crescimento da economia, tanto é que o tema foi alvo de promessas de campanha dos candidatos à Presidência da República. O lançamento do Desenrola, programa do governo federal de renegociação de dívidas das pessoas físicas, está atrasado, à espera de soluções para questões técnicas.

Enquanto isso, a inadimplência avança, ainda em ritmo mais lento em relação ao passado recente, mas o suficiente para se manter em níveis recordes. Em março deste ano, 70,71 milhões de inadimplentes deviam, em média, R$ 4.731. As pendências com bancos, cartões de crédito, lojas, financeiras e também contas de água, luz e serviços de comunicação somavam R$ 334,5 bilhões.

Inflação e desemprego em desaceleração, mas ainda em níveis elevados, e a fraqueza da atividade econômica são o pano de fundo do mapa do calote que ganha contornos específicos em cada Estado. Isto é, depende da combinação entre o ritmo da atividade predominante na região, do desemprego, da renda e do volume de auxílios recebidos do governo pela população.

O calote começou a subir a partir do final de 2021 em razão da disparada da inflação. A alta de preços prejudicou principalmente as camadas de menor renda

Três Estados estão no polo oposto do mapa. Piauí com 36,67% da população adulta inadimplente, é o último do ranking, superando Santa Catarina (36,74%) e Maranhão (38,41%). Rabi aponta que os benefícios sociais, tanto do governo federal como programas específicos dos Estados, como fator de peso para o bom desempenho da inadimplência. “Até o ano passado, Piauí e Maranhão eram Estados que porcentualmente mais recebiam os benefícios do Bolsa Família”, afirma.


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