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Manaus

Manaus aparece entre as últimas em saneamento, aponta ranking de 2023 do Instituto Trata Brasil

O documento considera os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2021.

Com 25% da população atendida com coleta de esgoto e 22% com esgoto tratado por água consumida, Manaus aparece entre as 20 piores cidades do Brasil no ranking anual do Instituto Trata Brasil, publicado nesta segunda-feira (20/03), com perda de até 60% na distribuição de água.

Serviços de coleta de esgoto não universalizados e deficiência nos serviços de distribuição de água potável para a população colocam Manaus entre as dez piores cidades colocadas no Indicador de Atendimento Total de Esgoto (ITE)as cidades do Brasil.

De um lado, cidades em que quase todos os moradores têm acesso a água potável e coleta de esgoto, além de baixo desperdício e altos níveis de investimento em obras de saneamento. Do outro, municípios em que metade da água tratada é perdida por conta de tubulações antigas e “gatos” e em que apenas três a cada dez moradores têm acesso a coleta de esgoto.

Manaus também aparece na lista das piores cidades do Brasil nos indicadores de Perdas no Faturamento (IPF). Os dados procuram aferir a água produzida e não faturada. Quanto menor for essa porcentagem, mais bem classificado o município deve estar no Ranking, pois uma menor parte da água produzida é perdida ou deixa de ser faturada.

Em relação aos indicadores de Investimentos dos Prestadores por Arrecadação (IIP) Manaus está entre as cidades
com dados que consideram ações de melhorias realizadas pelo(s) prestador(es). De acordo com o relatório, quanto maior for essa razão, mais investimentos o(s) prestador(es) está(ão) realizando relativamente à arrecadação, logo, o município merece uma melhor posição no Ranking.

 

Brasil

O documento analisa os indicadores de saneamento das 100 maiores cidades do país, que concentram aproximadamente 40% da população brasileira, e faz um ranking com base nos serviços oferecidos e em indicadores de eficiência.

O documento considera os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2021.

A comparação das melhores e das piores cidades deixa clara a desigualdade citada no início desta reportagem. Veja alguns destaques:

– Acesso a água potável: Enquanto 99,7% da população das 20 melhores cidades têm acesso às redes de água potável, nos 20 piores municípios, o número é de 79,6% da população.

– Acesso a coleta de esgoto: 97,7% da população nos 20 melhores municípios têm acesso aos serviços, enquanto somente 29,2% da população nos 20 piores municípios são atendidos.

– Tratamento de esgoto: Enquanto o primeiro grupo tem, em média, 80,1% de cobertura de tratamento de esgoto, o grupo dos piores trata apenas 18,2% do esgoto produzido.

– Perdas na distribuição: Entre as melhores cidades, 29,9% da água produzida é desperdiçada na distribuição por conta de tubulações antigas e “gatos”. Já entre as piores, o indicador chega a 51,3%.

Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, destaca ainda um outro indicador que está por trás de todas estas diferenças de serviços oferecidos para a população: o investimento médio por habitante em obras e serviços de saneamento.

As 20 melhores cidades investiram, em média, R$ 166,52 por habitante em serviços de saneamento. Já as 20 piores investiram apenas R$ 55,46 — bem abaixo, inclusive, da média de investimento nacional, que foi de R$ 82 por habitante em 2021.

“Esses bons municípios investem continuamente e fazem muitas obras. Com isso, os indicadores de acesso a água e esgoto acompanham o crescimento da população ou mesmo até avançam em uma velocidade maior, fazendo com que os indicadores melhorem a cada ano”, diz, Luana.

Veja abaixo as melhores e as piores cidades.

As 20 melhores cidades
São José do Rio Preto (SP)
Santos (SP)
Uberlândia (MG)
Niterói (RJ)
Limeira (SP)
Piracicaba (SP)
São Paulo (SP)
São José dos Pinhais (PR)
Franca (SP)
Cascavel (PR)
Ponta Grossa (PR)
Sorocaba (SP)
Suzano (SP)
Maringá (PR)
Curitiba (PR)
Palmas (TO)
Campina Grande (PB)
Vitória da Conquista (BA)
Londrina (PR)
Brasília (DF)

As 20 piores cidades

Macapá (AP)
Marabá (PA)
Porto Velho (RO)
Santarém (PA)
São Gonçalo (RJ)
Belém (PA)
Rio Branco (AC)
Maceió (AL)
Várzea Grande (MT)
Ananindeua (PA)
Duque de Caxias (RJ)
São João de Meriti (RJ)
Gravataí (RS)
Jaboatão dos Guararapes (PE)
São Luís (MA)
Belford Roxo (RJ)
Pelotas (RS)
Manaus (AM)
Cariacica (ES)
Caucaia (RS)

Desigualdade regional

Como é possível ver nas listas acima, a desigualdade demonstrada nos indicadores e no ranking é, também, regional, já que municípios das regiões Norte e Nordeste, por exemplo, estão muito mais presentes nos grupos com indicadores baixos.

Dos 20 melhores municípios, 8 são do estado de São Paulo e 6 do Paraná, estados que, historicamente, têm índices elevados de saneamento.
Inclusive, um município de SP obteve nota máxima em todas as dimensões analisadas: São José do Rio Preto. A cidade paulista apresentou os indicadores dos serviços básicos alinhados com as metas previstas pelo Marco Legal do Saneamento.
Já entre os 20 piores municípios do ranking, 4 são do estado do Pará, 4 estão no Rio de Janeiro e 2 são do Rio Grande do Sul. Do restante, a maioria está no Norte e no Nordeste do país.

Luana Pretto destaca que estas diferenças regionais são históricas e são alimentadas por uma espécie de ciclo vicioso, já que as melhores cidades continuam investindo mais mesmo já tendo bons indicadores, enquanto que as piores seguem investindo menos mesmo com baixa cobertura de saneamento.

“Limeira, a quinta colocada no ranking, investiu nos últimos cinco anos uma média de R$ 218 reais por ano por habitante em saneamento. Já Belém [a 6ª pior] é um caso clássico de falta de investimento. Foram R$ 5 por habitante por ano. Belém tem apenas 33% da população com acesso a coleta de esgoto. Como investir R$ 5 vai mudar a realidade? Não tem como”, diz Luana.
Luana ainda diz que a existência de um plano estruturado de saneamento por parte da companhia estadual ou municipal, seguida por investimentos constantes, também estão por trás das melhores cidades. “Já nos piores casos, são companhias que não investiram em saneamento e que não tiveram prioridade dos governos”, diz.

“Esses municípios de São Paulo e Paraná, por exemplo, tiveram e têm companhias estaduais que sempre investiram muito. Além de agências reguladoras fortes cobrando o cumprimento das metas e a entrega dos serviços.”
2022 x 2023: quem mais ganhou e quem mais perdeu posições

O estudo também faz uma análise das cidades que mais ganharam e mais perderam posições entre o ranking publicado em 2022 e o publicado hoje. Há casos de municípios, por exemplo, que ganharam mais de 15 posições de um ano para o outro, como Cuiabá (MT) e Niterói (RJ).

Veja abaixo os destaques.

Cidades que mais ganharam posições

Cuiabá (MT): ganhou 23 posições, passando de 55º para 32º. De um ano para o outro, houve uma melhora consistente em praticamente todos os indicadores analisados pelo ranking: coletas de esgoto total e urbana, tratamento de esgoto, investimentos. Ainda tece queda nos indicadores de perda de água.
Niterói (RJ): ganhou 19 posições, passando de 23º para 4º. O principal motivo foi a queda nas perdas de distribuição do sistema. A queda foi pequena (2,43%), mas isso fez com que a cidade atingisse a meta de 25% de perdas e passasse a ter nota máxima nesse indicador e nos de investimentos.
Vila Velha (ES): ganhou 14 posições, passando de 71º para 57º. Houve melhora nos indicadores de abastecimento de água e de coleta de esgoto.
Vitória (ES): ganhou 12 posições, passando de 53º para 41º. Assim como em Vila Velha, houve melhora no abastecimento de água e na coleta de esgoto.
Sorocaba (SP): ganhou 10 posições, passando de 22º para 12º. Não houve grandes melhoras nos indicadores de atendimento, mas houve aumento nos indicadores de investimento, o que fez o município subir algumas posições.

Cidades que mais perderam posições

Anápolis (GO): perdeu 11 posições, passando de 35º para 46º. De um ano para o outro, houve piora nos indicadores de atendimento de água, investimentos, ligações de água e de perdas de água.
Belo Horizonte (MG): perdeu 10 posições, passando de 37º para 47º. Também houve piora nos indicadores de atendimento total e urbano de água, além dos indicadores de perda e desperdício.

Veja o Ranking do Saneamento Básico completo:

São José do Rio Preto (SP)
Santos (SP)
Uberlândia (MG)
Niterói (RJ)
Limeira (SP)
Piracicaba (SP)
São Paulo (SP)
São José dos Pinhais (PR)
Franca (SP)
Cascavel (PR)
Ponta Grossa (PR)
Sorocaba (SP)
Suzano (SP)
Maringá (PR)
Curitiba (PR)
Palmas (TO)
Campina Grande (PB)
Vitória da Conquista (BA)
Londrina (PR)
Brasília (DF)
Campinas (SP)
Goiânia (GO)
Taubaté (SP)
Jundiaí (SP)
Uberaba (MG)
Campo Grande (MS)
Santo André (SP)
Boa Vista (RR)
Montes Claros (MG)
Taboão da Serra (SP)
São José dos Campos (SP)
Cuiabá (MT)
Petrópolis (RJ)
Praia Grande (SP)
Campos dos Goytacazes (RJ)
Diadema (SP)
Ribeirão Preto (SP)
João Pessoa (PB)
Petrolina (PE)
Salvador (BA)
Vitória (ES)
Sumaré (SP)
São Bernardo do Campo (SP)
Carapicuíba (SP)
Osasco (SP)
Anápolis (GO)
Belo Horizonte (MG)
Rio de Janeiro (RJ)
Porto Alegre (RS)
Caruaru (PE)
Serra (ES)
Aparecida de Goiânia (GO)
Mauá (SP)
Itaquaquecetuba (SP)
Guarujá (SP)
Mogi das Cruzes (SP)
Vila Velha (ES)
São Vicente (SP)
Florianópolis (SC)
Contagem (MG)
Feira de Santana (BA)
Guarulhos (SP)
Betim (MG)
Paulista (PE)
Olinda (PE)
Aracaju (SE)
Caxias do Sul (RS)
Blumenau (SC)
Ribeirão das Neves (MG)
Juiz de Fora (MG)
Mossoró (RN)
Nova Iguaçu (RJ)
Natal (RN)
Joinville (SC)
Camaçari (BA)
Bauru (SP)
Fortaleza (CE)
Recife (PE)
Canoas (RS)
Teresina (PI)
Caucaia (CE)
Cariacica (ES)
Manaus (AM)
Pelotas (RS)
Belford Roxo (RJ)
São Luís (MA))
Jaboatão dos Guararapes (PE)
Gravataí (RS)
São João de Meriti (RJ)
Duque de Caxias (RJ)
Ananindeua (PA)
Várzea Grande (MT)
Maceió (AL)
Rio Branco (AC)
Belém (PA)
São Gonçalo (RJ)
Santarém (PA)
Porto Velho (RO)
Marabá (PA)
Macapá (AP)


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