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Brasil

Bolsonaro faz despedida, critica ato terrorista e diz que nada está perdido

Presidente fez pronunciamento nesta sexta-feira, às vésperas de deixar o Palácio do Planalto.

Bolsonaro, durante live. (Foto:Reprodução)

Em uma live de despedida do cargo nesta sexta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro (PL) condenou a tentativa de um ato terrorista em Brasília, criticou a montagem do governo Lula (PT), repetiu o discurso de perseguido, ensaiou uma fala como líder da oposição e defendeu os atos antidemocráticos pelo país.

“É um governo que começa capenga”, disse Bolsonaro sobre a gestão petista que se inicia neste domingo (1º). O presidente ainda ensaiou um discurso de oposição ao governo Lula, o que vinha evitando em sua reclusão após a derrota de outubro.

“Não tem tudo ou nada. Inteligência. Vamos mostra que somos diferentes.” Ainda sobre o Lula 3, disse que “nada está perdido” e que o “Brasil não vai se acabar nesse 1º de janeiro”. “O Brasil não sucumbirá, acreditem em vocês”, afirmou o presidente. “Perde-se batalha, mas não perderemos a guerra.”

Bolsonaro ficou com os olhos marejados ao falar dos limites de sua caneta. No mesmo pronunciamento, disse ter feito o possível pela reeleição, criticou os nomes indicados para o ministério de Lula e repetiu o discurso de que teria sido perseguido por imprensa e Judiciário ao longo de seus quatro anos de mandato.

Na live de quase uma hora, Bolsonaro mais uma vez criticou a Justiça Eleitoral, dizendo que a eleição não foi imparcial, em novo ataque ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob o comando de Alexandre de Moraes. “Não vamos duvidar das urnas aqui”, disse, ao oscilar o tom da crítica.

O presidente disse que não quis se envolver nos atos antidemocráticos em frente aos quartéis, aos quais chamou de pacíficos. Os atos, porém, pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país. Eles têm sido atiçados por Bolsonaro desde a sua derrota para Lula no segundo turno das eleições.

Segundo Bolsonaro, esses atos foram espontâneos e não serão perdidos com o tempo. As pessoas que estão ali e pedem golpe militar, segundo o presidente, estão em busca da liberdade e da democracia.

“Nada justifica aqui em Brasília essa tentativa de ato terrorista no aeroporto de Brasília. Nada justifica. Um elemento que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com nenhum cidadão. Agora massifica em cima do cara como bolsonarista do tempo todo. É a maneira da imprensa tratar”, disse.

A escalada da violência nos atos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.

Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.

O primeira deles foi dois dias após as eleições, quando deu declaração à imprensa em que criticou bloqueios nas estradas por seus aliados, mas falou que as manifestações eram fruto de sentimento de indignação e injustiça com a eleição na qual foi derrotado pelo petista.

No dia seguinte, divulgou um vídeo em que pediu para sua militância liberar as rodovias.

Após a derrota, o presidente verborrágico que não hesitava em comprar brigas e comentar os principais acontecimentos do noticiário deu lugar a um Bolsonaro recluso e de poucas palavras após a derrota.

Nesta sexta-feira, o governo publicou no Diário Oficial da União uma autorização para que assessores acompanhem o presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma viagem para Miami entre 1 e 30 de janeiro.

Ficaram autorizados a viajar com o mandatário quatro dos oito nomes que foram nomeados para serem assessores de Bolsonaro após ele deixar o governo. Pelo despacho, quatro nomes acompanharão Bolsonaro na viagem durante janeiro, cada assessor em um período diferente do mês.


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