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Prostitutas da Espanha ameaçam divulgar clientes políticos se a lei que proíbe atividade for aprovada

As mulheres da Espanha estão realizando reuniões com diferentes partidos políticos para que os direitos das prostitutas sejam levados em consideração.

Prostitutas afirmam que parlamentares solicitam “serviços sexuais”. (Foto:Antônio Souza/O Globo)

Em meio à tramitação de um projeto de lei que proibiria o exercício da atividade sexual remunerada na Espanha, profissionais do sexo ameaçaram divulgar o nome dos parlamentares que frequentam os locais em que elas trabalham caso a legislação seja aprovada. Uma das líderes da Associação de Trabalho Sexual do país (Astras, grupo que reúne profissionais da área), Susana Pastor, disse ao portal The Objective que não vê problema em denunciar os clientes, esperando que eles percam o emprego.

— Se os políticos não se importam com a vida das 150 mil famílias que vivem hoje no setor da prostituição, por que devemos nos preocupar com os problemas que causamos ao nomear suas famílias? Eu não gostaria de chegar a isso, mas vê-se a pressão de ficar na rua e não poder trabalhar — disse Susana.

Ela aponta que um grande número de famílias no país depende desse trabalho e ficaria “na rua” se a lei fosse aprovada. Segundo o portal espanhol Semana, as mulheres estão realizando reuniões com diferentes partidos políticos para que os direitos sejam levados em consideração e que “todas as posições possíveis sejam analisadas para não abolir seu exercício”.

Susana declarou que tem nomes de diversas figuras da política nacional, de diversos partidos, que “solicitam serviços sexuais”. Ele espera, com a alegação da posse dos registro, pressionar os partidos políticos a criarem uma comissão de inquérito que permitiria promover uma “discussão mais alargada” do assunto.

De acordo com informações do governo espanhol, coletadas pelo The Objective, em 2012, o Ministério do Interior do país realizou um estudo que confirmou que 90% das profissionais do sexo foram vítimas do crime de escravidão branca, informação que as próprias mulheres afetadas contestam. Elas alegam que eles asseguram, com um estudo mais recente, que esse número é de 10 ou 12%.

Os líderes do setor também citam como exemplo a França, país onde a atividade sexual remunerada foi criminalizada, mas dados apontam que, após a proibição, o crime contra as mulheres aumentou em até 20%.

— Quando acontecer como na França, terei que ir aos políticos com as primeiras páginas dizendo que as prostitutas estão sendo estupradas e mortas. Estamos a tempo de pará-lo. Chega de hipocrisia, e vamos pensar nessas 150 mil pessoas que trabalham no setor. Se fôssemos legalizados e pagássemos impostos, pagaríamos a dívida da Espanha — disse Susana ao The Objective.

A lei que está sendo proposta penalizaria quem designasse um local para o exercício da prostituição, além disso, também prenderia quem solicitasse, em troca de dinheiro, qualquer serviço sexual.


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