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Economia

Guerra da Rússia na Ucrânia pode causar impacto no Brasil e prejudicar PIB no país, indica FGV

País tem a pior projeção de crescimento para este ano entre nações da América Latina, segundo a FGV.

O Brasil registrou a pior queda entre o quarto trimestre de 2021 e o primeiro de 2022.

O Brasil tem a perspectiva de pior crescimento econômico entre os países da América Latina para este ano, segundo a sondagem mais atual divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e o cenário pode se deteriorar ainda mais com a guerra na Ucrânia.

Caso perdure, o conflito no Leste Europeu, iniciado na última semana, pode causar impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ao longo de 2022.

Entre as consequências à população estão a possibilidade de alta no preço dos alimentos, dos combustíveis e a instabilidade cambial.

Sondagem da FGV para o primeiro trimestre de 2022 constatou deterioração do clima econômico no Brasil.

O indicador recuou 2,8 pontos, de 63,4 para 60,6 pontos no início deste ano, quando comparado com os últimos três meses de 2021.

Com isso, o país acumula o menor índice entre as nações da América Latina, segundo a pesquisa que ouviu 160 especialistas espalhados em 15 países diferentes.

Em relação à situação atual da economia, o Brasil registrou a pior queda entre o quarto trimestre de 2021 e o primeiro de 2022, saindo de 54,5 para 15,4 pontos.

O país teve crescimento apenas em relação ao indicador de expectativas, que subiu 42,7 pontos e chegou a 115,4. Vale destacar que o desempenho é considerado positivo quando está acima dos 100 pontos.

“O Brasil se destaca negativamente entre os países com as piores projeções de crescimento do PIB. A piora nas condições macroeconômicas internas e no ambiente político foram alguns dos principais fatores citados para as previsões mais fracas neste trimestre”, destaca o relatório da FGV.

E o país ainda aguarda os efeitos da guerra na Ucrânia. A mais de 10 mil quilômetros de distância, o Brasil pode sofrer consequências diretas do conflito, segundo o professor Joelson Sampaio, um dos responsáveis pela Sondagem Econômica da América Latina da FGV.

A primeira está relacionada à possibilidade do aumento no preço do petróleo nos próximos dias. O barril do tipo Brent encerrou a semana passada em US$ 105, o maior nível desde 2014.

“O combustível está interligado com todas as atividades econômicas do país, seja de forma muito presente ou indiretamente. O Brasil utiliza o modal rodoviário predominantemente, então o preço de todos os produtos é dependente de quanto está custando o diesel e a gasolina”, lembra Sampaio.

Outro aspecto da economia brasileira que pode ser impactado pela guerra é o preço dos alimentos. Rússia e Ucrânia estão entre os principais produtores mundiais de trigo.

“Essa guerra causa um choque de oferta. O medo da escassez de produtos assusta o mercado econômico, isso traz incerteza que aumenta a inflação e a fuga de capitais para os países que são mais seguros economicamente. […] Isso afeta o mercado mundial, por uma redução de oferta. E o Brasil está dentro desse cenário negativo”, explicou Joelson Sampaio.

O terceiro fator pelo qual a crise entre Rússia e Ucrânia pode impactar a economia brasileira será por meio do câmbio. O dólar fechou a sexta-feira (25) em R$ 5,15 após a ocupação de cidades ucranianas por tropas russas. Por enquanto, a queda registrada na moeda norte-americana neste início de 2022 segura os efeitos no real, situação que pode mudar com o prolongamento do conflito.

Por fim, a guerra na Ucrânia pode ocasionar o aumento da taxa de juros no Brasil. Isso deve acontecer caso o dólar continue a subir e a inflação não ceda. O resultado pode ser uma nova avaliação da Selic pelo Banco Central.

A edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, sinaliza uma inflação de 5,56% e uma alta de 0,3% para o PIB em 2022.


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