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Amazonas

Senador diz que Assembleia tem obrigação moral de cobrar explicações de Wilson Lima no combate à Covid-19 no Amazonas

Manifestação do senador ocorreu durante o depoimento do deputado estadual Fausto Júnior (MDB/AM) nesta terça-feira (29/06).

O senador Eduardo Braga (MDB/AM) cobrou, nesta terça-feira (29/06), “uma postura mais afirmativa”da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE) diante da série de equívocos e supostos crimes cometidos pelo governador Wilson Lima (PSC) no combate à Covid-19 no Estado.

“É uma obrigação moral da Aleam fazer com que o Wilson Lima preste esclarecimentos ao povo amazonense. Afinal de contas, a receita do Estado do Amazonas em 2021 será de R$ 28 bilhões. Ou seja, não faltará nem está faltando recurso. Mas, lamentavelmente, não aumentou o número de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em Manaus. Agora, finalmente, às vésperas de um ano eleitoral, estamos vendo algo no interior”, disse ele, que assinou o requerimento para prorrogação da CPI da Pandemia.

A manifestação do senador ocorreu durante o depoimento do deputado estadual Fausto Júnior (MDB/AM) ao colegiado. Fausto foi relator da CPI da Saúde, da Aleam, que apurou irregularidades em contratos e desvios de recursos registrados no Amazonas no enfrentamento ao coronavírus. Entre eles, a compra de respiradores numa loja de vinhos – o que motivou, inclusive, investigação da Polícia Federal e é objeto de um processo que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

As atividades da comissão no Amazonas foram encerradas no fim de setembro de 2020, com a identificação de, pelo menos, 17 crimes e 50 pedidos de indiciamento. Nenhum deles direcionado ao governador do Estado.

“Vossa Excelência tem, como deputado estadual, a obrigação de ir à tribuna da Casa, em nome do povo, falar a verdade e cobrar o Governo do Estado. Não dá mais para os amazonenses permanecerem abandonados com tanto recurso à disposição do Estado e havendo tantos indícios e informações de desvios na saúde pública”, completou Eduardo.

Entre os questionamentos que fez a Fausto Júnior, o senador amazonense chamou atenção para as suspeitas a respeito da administração do Hospital Dephina Aziz, sob responsabilidade do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), que manteve três dos seis andares da unidade fechados durante a pandemia. Ainda assim, o hospital contou com o repasse, em 2020, de R$ 268 milhões – o maior volume destinado à rede de saúde do Estado.

“Enquanto isso, o Pronto Socorro e Hospital 28 de Agosto recebeu, em todo o ano de 2020, R$ 76 milhões; o Hospital João Lúcio, R$ 51 milhões, e a Fundação Hospital Adriano Jorge, R$ 87 milhões. Todas essas unidades receberam e trataram doentes de Covid-19”, salientou Eduardo Braga.

Braga apontou outra incoerência cometida pelo Governo do Amazonas ao manter vultosos valores no Fundo Estadual de Saúde: R$ 478 milhões em 30 de dezembro de 2020, R$ 528 milhões em 30 de janeiro de 2021, R$ 540 milhões em 28 de fevereiro de 2021 e R$ 560 milhões em março deste ano. “O dinheiro só acumulava. Não faziam absolutamente nada e o povo morrendo por falta de oxigênio. Trata-se de um fato criminoso que a Assembleia Legislativa deveria investigar.”

Segundo o deputado estadual, a CPI da Saúde constatou a completa falta de auditoria sobre a atuação do INDSH. “Os servidores da Susam (Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas) que deveriam acompanhar os trabalhos dessa organização social eram comissionados. Ou seja, eram de livre nomeação do Governo do Estado e praticamente não auditavam nada. Não havia transparência sobre o que era feito com o dinheiro destinado”, disse o parlamentar, que lamentou a escassez de tempo suficiente do colegiado para elucidar esse caso. “Tudo que conseguimos apurar foi encaminhado aos órgãos de controle. Essa falta de transparência precisar ser melhor investigada”, acrescentou.

Recusa

Durante o depoimento, o senador lamentou, mais uma vez, a recusa do governador Wilson Lima de esclarecer ao colegiado e ao povo amazonense, no começo de junho, a série de erros e crimes cometidos na condução do enfrentamento à Covid-19 no Estado.

“Ele (Wilson Lima) não nos deu a oportunidade de vir à CPI para responder por que faltou oxigênio no Amazonas, por que comprou ventiladores pulmonares em loja de vinhos e por que não aplicou os recursos públicos disponíveis para salvar vidas”, declarou o parlamentar. “Nós vivemos no Amazonas uma tragédia pela falta de competência, inépcia e irresponsabilidade daquele que nos governa, além dos equívocos, do negacionismo e do crime efetuados pelo Ministério da Saúde. ”


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