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Reino Unido inicia programa de vacinação em massa contra a Covid-19

A vacina Pfizer/BioNTech começou a ser aplicada, nesta terça-feira (8), na população britânica, a primeira do mundo a receber um imunizante testado e aprovado contra o novo coronavírus.

O Reino Unido aplicou as primeiras doses da vacina Pfizer/BioNTech contra Covid-19 nesta terça-feira (8), iniciando uma campanha de vacinação em massa sem precedentes na medicina moderna e fazendo da população britânica a primeira do mundo a receber uma vacina clinicamente autorizada e completamente testada. As informações são da Reuters e New York Times.

Na semana passada, as autoridades britânicas aprovaram a vacina desenvolvida pela americana Pfizer e a alemã BioNTech. Idosos e profissionais da saúde têm prioridade para receber a vacina.

A vacina Pfizer/BioNTech tem 95% de eficácia, segundo anunciaram as empresas, e precisa ser aplicada em duas doses com um intervalo de 21 dias. O Reino Unido comprou até agora 40 milhões de doses do imunizante, o que suficiente para vacinar 20 milhões de seus 67 milhões de habitantes.

Às 6h31, Margaret Keenan, 90, uma ex-vendedora de joalheria, enrolou a manga de sua camiseta com a frase “Feliz Natal” (em inglês) para receber a primeira aplicação da vacina em um hospital em Coventry, na Inglaterra. Sua imagem rapidamente se tornou um símbolo da notável corrida para produzir uma vacina e o esforço global para pôr fim à pandemia que já matou 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo.

“Sinto-me muito privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19”, disse Keenan, que mora em Coventry, no centro da Inglaterra. “Isso significa que posso finalmente esperar passar algum tempo com minha família e amigos no Ano Novo, depois de ficar a maior parte do ano sozinha.”

Para as pessoas que foram vacinadas no Reino Unido, entre elas médicos e enfermeiros que reforçaram o serviço de saúde neste ano, as injeções foram uma primeira visão da vida pós-pandemia. Além de Keenan, ninguém chamou tanta atenção quanto William Shakespeare, que foi o segundo da fila para a vacinação em Coventry –seu nome foi confirmado pelo serviço de saúde.

“Hoje é um grande dia para a ciência médica, e o futuro”, disse Chris Whitty, principal autoridade médica da Inglaterra.

As primeiras 800 mil doses da vacina da Pfizer-BioNTech para o Reino Unido foram transportadas nos últimos dias de uma fábrica na Bélgica para armazéns do governo britânico, e depois para hospitais.

Cinquenta hospitais estarão administrando as doses até que o governo possa refinar um plano para aplicá-las em lares de idosos e consultórios médicos. A vacina deve ser transportada em temperaturas polares antes que possa ser armazenada durante cinco dias em refrigeradores comuns, disse a Pfizer. Os primeiros a recebê-la serão médicos e enfermeiros, algumas pessoas de 80 anos ou mais e funcionários de abrigos de idosos.

Alguns profissionais médicos receberam convites nos últimos dias para se inscrever, e as primeiras doses serão dadas a pessoas com maior risco de doença grave. O governo indicou que pessoas com 80 anos ou mais que já têm consultas médicas marcadas para esta semana, ou que estão tendo alta de certos hospitais, também estarão entre as primeiras vacinadas.

Moradores em abrigos de idosos, que deveriam ser a maior prioridade do governo, serão vacinados nas próximas semanas, quando as autoridades começarem a distribuir doses além dos hospitais.

“É incrível ver a vacina, mas não podemos relaxar agora”, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na manhã de terça ao visitar um hospital em Londres. Tentando acalmar o nervosismo de um paciente quanto às agulhas, ele sugeriu: “Eu sempre tento pensar em outra coisa –recite uma poesia”.

Keenan, a primeira a receber a vacina, não demonstrou nervosismo. Nicola Sturgeon, a primeira-ministra da Escócia, disse no Twitter que ver Margaret Keenan receber a vacina lhe deu “um certo nó na garganta”. “Parece um momento notável depois de um ano duro para todos”, disse Sturgeon.

Quem aplicou a vacina em Keenan foi a enfermeira May Parsons, que é das Filipinas e trabalha para o NHS (Serviço Nacional de Saúde) há 24 anos. “Os últimos meses foram duros para todos nós que trabalhamos no NHS”, disse ela. “Mas agora parece que há uma luz no fim do túnel.”

A China aprovou, ainda em junho, uma vacina desenvolvida no país para uso estritamente militar, e a Rússia aprovou em agosto sua vacina Sputinik V, mas ambos os imunizantes ainda estavam em fases de testes e os processos são envoltos em desconfiança e falta de transparência.


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