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Brasil

Queiroz depositou R$ 72 mil na conta de Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2018

Na época, o ex-assessor do então deputado estadual do Rio, Flávio Bolsonaro, fez depósitos em cheques para a atual primeira-dama do Brasil.

A quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz, ex-asssessor do senador Flávio Bolsonaro na época em que ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, mostra que a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu R$72 mil em sua conta em cheques depositados pelo ex-funcionário entre 2011 e 2018.

Em dezembro de 2018, relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), referente aos anos de 2016 e 2017, revelou o repasse de R$ 24 mil de Queiroz para a primeira-dama. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o valor total seria, na verdade, R$ 40 mil, e que a justificativa seria o pagamento de um empréstimo. Os dados foram divulgados pela revista “Crusoé” e confirmados pelo jornal O Globo.

Os extratos bancários mostram que pelo menos 21 cheques foram depositados na conta de Michelle. Ela recebeu de Queiroz três cheques de R$ 3 mil em 2011, seis cheques no mesmo valor em 2012 e mais três de R$3 mil em 2013. Em 2016, foram mais nove depósitos, totalizando R$36 mil. Segundo a “Crusoé”, os cheques foram compensados em 25 de abril, 19 e 23 de maio, 20 de junho, 13 de julho, dois em 22 de setembro, 14 de novembro e 22 de dezembro.

Além das transferências feitas por Queiroz à primeira-dama, a mulher do ex-assessor, Márcia Aguiar, depositou pelo menos quatro cheques na conta de Michelle em 2011, no valor total de R$ 11 mil. A informação foi revelada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e também confirmada pelo Globo.

No período da quebra de sigilo, Queiroz recebeu em sua conta R$1,6 milhão de salários da PM e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), R$2 milhões em 483 depósitos de servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro enquanto ele era deputado estadual e R$ 900 mil depositados em dinheiro em espécie sem identificação. No total, o ex-assessor recebeu 6,2 milhões entre 2007 e 2018.

Os extratos não apontam nenhum depósito de Jair Bolsonaro na conta de Queiroz.

Os ‘rolos’ de Queiroz

Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz são investigados por suspeita da prática de “rachadinha”, esquema de desvio de dinheiro público por meio da devolução de parte dos salários de funcionários do gabinete do então deputado estadual. Desde 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou  “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, o MP levantou indícios de um esquema criminoso liderado por Flávio Bolsonaro de desvio e lavagem de dinheiro na Alerj, envolvendo contratação de familiares como assessores e funcionários fantasmas.

A investigação começou em 2018, após o Coaf apontar “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, em 2016 e 2017, nas contas de Fabrício Queiroz. Assessores do ex-deputado estadual transferiram recursos a Queiroz em datas próximas ao pagamento de servidores da Alerj. Segundo o Coaf, Flávio recebeu 48 depósitos no valor de R$ 2 mil. Na época, ele afirmou que transferências fracionadas que somaram R$ 96 mil entre junho e julho de 2017 eram relativos à venda de um apartamento.

Segundo o Ministério Público, os valores recebidos por Flávio têm origem na prática de “rachadinha” e data de quando ele era deputado estadual entre os anos de 2007 e 2018. Os promotores afirmam que Flávio nomeava assessores orientados a devolver parte de seus salários para o grupo; que o ex-policial militar Fabrício Queiroz fazia toda a operação de recolhimento da remuneração dos funcionários.

Questionado sobre a movimentação atípica em sua conta, Fabrício de Queiroz afirmou que suas transações financeiras eram fruto da compra e venda de veículos usados. Porém, além da movimentação de R$ 1,2 milhão, o ex-assessor da Alerj também entrou no radar do Coaf por outros R$ 5,8 milhões movimentados nos últimos três anos. Somados, os valores das transações atípicas são de R$ 7 milhões.


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