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Brasil

Ferramenta de IA consegue prever riscos de desmatamento na Amazônia Legal

Inteligência Artificial desenvolvida por professor da PUC-Rio e parceiros é capaz de prever riscos de desmatamento na Amazônia Legal com até 15 dias de antecedência.

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A Inteligência Artificial (IA) denominada “Deforestation Prediction System” (Sistema de Previsão de Desmatamento, em tradução direta) já está sendo capaz de prever riscos de desmatamento na Amazônia Legal com até 15 dias de antecedência. Um dos responsáveis pela construção da ferramenta é o professor Raul Queiroz Feitosa, do departamento de engenharia elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O desenvolvimento da IA teve parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (InpeE), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As informações são do site Um Só Planeta.

Segundo Raul Queiroz, era necessário desenvolver um método mais econômico para monitoramento da área, já que as fiscalizações locais têm um custo alto. Além disso, o sistema utilizado era obsoleto e insuficiente para monitorar uma área tão grande quanto a Amazônia. Os técnicos também não supriam essa demanda, por ser uma floresta com muitos locais de difícil acesso. Logo, com mais de 20 anos de experiência na área, o grupo da PUC-Rio prestou ajuda ao Ministério do Meio Ambiente.

Conforme explicou Raul em relato publicado no site de notícias “The Conversation”, o trabalho recebeu investimento de R$ 2,5 milhões. Esse valor partiu de uma coalizão internacional de fundações dedicada à proteção das florestas tropicais, a Climate and Land Use Alliance (CLUA). O projeto iniciou em 2024 e atualmente já está sendo implementado.

A IA utiliza a base de dados já existente da Amazônia Legal e disponibilizada pelo INPE como forma de encontrar padrões que facilitem o mapeamento e o monitoramento da área. “Selecionamos variáveis espaciais e ambientais, como rede hidrográfica, proximidade de rodovias, limites de áreas protegidas e terras indígenas, padrões climáticos e, sobretudo, registros históricos de desmatamento”, disse o professor no mesmo relato. Ele também destaca que o histórico de desmatamento é o mais importante pela tendência à repetição.

O sistema já está sendo amplamente implementado. Com isso, o Terra Brasilis, plataforma de dados geográficos, e o Ibama já aderiram à ferramenta. Ela também foi disponibilizada para uso em todos os municípios da área geográfica. As adoções foram facilitadas pela realização de dois workshops com foco no uso prático do modelo. O primeiro deles ocorreu em Brasília, no final de junho de 2025, e contou com as equipes do Ibama. No final de julho aconteceu o segundo, em Manaus, e reuniu representantes dos 67 municípios da Amazônia.

Ainda conforme o relato do professor Raul Queiroz, o uso dessa Inteligência Artificial é recente, então, por enquanto não foi possível medir o impacto com precisão. A expectativa é de que a tecnologia possa reduzir em até 80% os erros de previsão, em comparação com o modelo anterior. A ideia futura é ampliar a previsão para outros biomas, além de ajudar nos riscos de incêndios e processos de degradação, por exemplo.

Desmatamento

O Brasil tem sofrido com cada vez mais áreas desmatadas ao longo dos últimos 40 anos, nos quais 111,7 milhões de hectares foram afetados. A preparação de territórios voltados para a agropecuária, para a mineração e para a infraestrutura de cidades tem sido a principal responsável pelo impacto nas florestas do país. A área desmatada em função da atividade humana, entre 1985 e 2024, já equivale a um território maior que a Bolívia. Todos esses dados foram divulgados em agosto de 2025 pela Coleção 10 de mapas anuais de cobertura e uso da terra do MapBioma.

A Amazônia foi o bioma com a maior área afetada, cerca de 18,7% do território, sendo 13% nos últimos 40 anos, o que equivale ao tamanho da França. A mineração tem aumentado, o que ocasionou o desmatamento da região Amacro, que inclui o Amazonas, o Acre e Rondônia. Segundo Bruno Ferreira, pesquisador do Maps Bioma, caso a Amazônia tenha de 20% a 25% da sua área desmatada, a ciência prevê que há grandes chances da floresta deixar de ser autossustentável. Logo, a Inteligência Artificial desenvolvida pela equipe da PUC-Rio pode ser de grande ajuda para que a floresta seja preservada.


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