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Amazonas

FAB testa tecnologia inovadora para construção de pistas de pouso na Amazônia

O experimento foi conduzido no Destacamento de Apoio da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (Comara) em Moura (Daco-OW), no município de Barcelos (AM).

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A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que, em uma iniciativa inédita voltada à modernização de métodos construtivos em regiões remotas, unidades do seu Sistema de Engenharia da Aeronáutica (Siseng) realizaram, no mês de novembro, a construção de um trecho experimental de pavimento aeroportuário utilizando a tecnologia Engineered Cementitious Composite (ECC), um compósito cimentício reforçado por fibras, que dispensa o uso de pedra brita, apresenta alta resistência à fissuração, permite a redução da espessura do pavimento e oferece maior durabilidade, mesmo em ambientes com condições climáticas extremas, como a Amazônia.

O experimento foi conduzido no Destacamento de Apoio da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (Comara) em Moura (Daco-OW), no município de Barcelos (AM), e envolveu o Centro de Estudos e Projetos de Engenharia da Aeronáutica (Cepe).

Segundo a FAB, a solução inovadora para um dos cenários mais desafiadores do país e o projeto nasce de um desafio logístico singular: a obra da nova pista do Aeródromo de Querari, localizado na faixa de fronteira noroeste do Brasil. Na região, o modal fluvial só é possível até Iauaretê (AM), tornando indispensável o transporte aéreo para o deslocamento de pessoal, máquinas e insumos até o destino final — fator que eleva significativamente o custo e a complexidade da obra.

Diante desse cenário, as equipes do Siseng buscaram alternativas que reduzissem o volume de materiais transportados e aumentassem a durabilidade da futura infraestrutura. “O ECC representa um passo importante na busca por soluções resilientes e adaptadas ao ambiente amazônico. Aliamos inovação, sustentabilidade e viabilidade operacional para projetos em regiões remotas como Querari”, afirmou o Chefe do Cepe, Coronel Engenheiro Frank Cabral de Freitas Amaral.

Por se tratar de uma tecnologia ainda pouco difundida no Brasil, a adoção do ECC exigiu estudos detalhados de viabilidade, definição de traços experimentais, análise de compatibilidade com os recursos disponíveis e avaliação dos métodos de aplicação em campo. Esse trabalho resultou na elaboração de um anteprojeto destinado à construção de um trecho experimental, etapa crucial para validar o emprego da solução antes de sua utilização definitiva.

O Daco-OW foi selecionado como local de testes por oferecer infraestrutura já instalada e condições operacionais semelhantes às encontradas em Querari. No local, funciona uma pedreira com fluxo constante de caminhões pesados, o que permitirá o monitoramento contínuo do desempenho do material ao longo do tempo.

Foram executados 120 metros de pavimento por 7,5 metros de largura, somando aproximadamente 100 metros cúbicos (m³) de ECC lançado — volume inédito para essa tecnologia em aplicações de campo em ambiente tropical úmido. Durante a execução, as equipes monitoraram fatores como trabalhabilidade, tempo de mistura, acabamento superficial, cura, serragem e selagem.

Não há registros de projetos com esse porte utilizando ECC em condições semelhantes às da Amazônia, informa a FAB. Os dados coletados subsidiarão a elaboração do projeto executivo definitivo do Aeródromo de Querari e poderão orientar futuras obras da FAB.

Com previsão de quatro anos de execução, a obra do Aeródromo de Querari prevê a movimentação de 700 mil metros cúbicos de solo, o transporte aéreo de 1.600 toneladas de insumos e mais de 200 horas de voos de suporte. A nova pista permitirá operações da aeronave KC-390 Millennium e contribuirá diretamente para o apoio ao 2º Pelotão Especial de Fronteira do Exército Brasileiro e às operações conjuntas das Forças Armadas.


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