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Arco da Restauração mobiliza R$ 2,4 bilhões para ações na Amazônia, aponta Mapbiomas

Parceria do BNDES com o Ministério do Meio Ambiente visa a criar um cinturão verde de proteção na região.

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Um estudo divulgado pelo Mapbiomas revela que, nos últimos 40 anos, a Amazônia perdeu cerca de 52 milhões de hectares de área de vegetação nativa. Esse número equivale ao tamanho de alguns países, como, por exemplo, a França.

A maior pressão na perda do bioma é referente ao uso humano, ao desmatamento e às áreas em degradação causadas por queimadas ou pela extração madeireira.

Diante desse cenário, o país tem buscado soluções para mitigar os danos ambientais e climáticos, além de promover projetos que visam à restauração de florestas nacionais.

Um exemplo é o Arco da Restauração, iniciativa conduzida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Lançado durante a COP29, em 2024, o Arco da Restauração busca recuperar áreas degradadas e criar um cinturão verde de proteção na Amazônia. A estratégia tem como objetivo restaurar 6 milhões de hectares até 2030 e 24 milhões de hectares até 2050 na região que se estende do Maranhão ao Acre e corresponde ao tamanho do estado de São Paulo.

No entanto, o esforço depende de investimentos de dezenas de bilhões de dólares provenientes de fontes públicas e privadas, nacionais e internacionais. De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o projeto já mobilizou R$ 2,43 bilhões em investimentos.

Graças aos R$ 15 milhões contemplados pelo Floresta Viva e os R$ 150 milhões contratados, além dos R$ 550 milhões previstos em operações de crédito, o Banco destinou R$ 1,165 bilhão ao Arco da Restauração. Parceiros, por sua vez, aportaram R$ 1,265 bilhão.

O balanço foi divulgado durante a COP30 com a participação da ministra do MMA, Marina Silva, e do climatologista Carlos Nobre, integrante do Conselho de Administração do BNDES. Durante a apresentação, foi destacada a importância do projeto para a conservação da Amazônia e para o avanço da sociobioeconomia.

“A restauração tem múltiplos resultados, que têm a ver com sequestro de carbono, com benefício para a biodiversidade e para o equilíbrio hídrico dos biomas”, ressaltou Marina Silva.

O tripé estratégico da iniciativa, que combina impactos ambientais, sociais e financeiros, ganhou impulso com a redução do desmatamento registrada pelo Governo Federal.

Recursos e expansão dos projetos

A mobilização financeira do Arco da Restauração reúne aportes do Fundo Amazônia, do Fundo Clima, de programas como o Floresta Viva e de parceiros privados.

Apenas o Restaura Amazônia concentrou R$ 500 milhões, provenientes da combinação entre recursos do Fundo Amazônia e uma doação de R$ 50 milhões da Petrobras.

O BNDES também vem utilizando, desde 2024, instrumentos de crédito do Fundo Clima, que oferecem condições favoráveis, como custo financeiro de 1% ao ano e prazos de até 25 anos.

No período entre novembro de 2024 e setembro de 2025, 12 editais foram lançados para selecionar organizações responsáveis por projetos de restauração e implantação de sistemas agroflorestais (SAFs).

Ao todo, 45 projetos já foram aprovados, o que impactará positivamente oito unidades de conservação, 80 assentamentos e 39 terras indígenas.

Setor florestal movimenta R$ 7 bilhões

Além do balanço do Arco, o BNDES apresentou a consolidação da atuação no setor florestal como um todo nos últimos dois anos e meio. No período, R$ 7 bilhões foram mobilizados, combinando R$ 5,7 bilhões em crédito e R$ 1,3 bilhão em recursos não reembolsáveis.

Os valores incluem financiamentos do Fundo Clima Florestas, do Fundo Amazônia, do Fundo Socioambiental do BNDES e investimentos de empresas, governos e instituições multilaterais.

Cinco novas operações de crédito do Fundo Clima Florestas foram anunciadas durante o evento.

Entre elas está o financiamento de R$ 250 milhões para a Re.green, destinado à restauração de áreas na Amazônia e na Mata Atlântica. Também foi divulgado o primeiro financiamento do BTG Pactual com uma operação de R$ 200 milhões voltada à recuperação ecológica do Cerrado.

Foi anunciada ainda a operação de crédito para a Tree+ — com R$ 152 milhões aprovados para recuperação florestal com espécies nativas no norte do Rio de Janeiro e sul fluminense, cujas áreas já sofrem processo de desertificação —, além de R$ 110 milhões para o grupo Ibema — que executará a restauração da Floresta Nacional de Irati, no Paraná.

A quinta operação diz respeito ao financiamento de R$ 200 milhões ao grupo Pátria Investimentos, com foco na implantação de sistemas agroflorestais baseados em cacau, café e abacate na Bahia, no Espírito Santo e no Vale do Ribeira, região de baixo Índice de Desenvolvimento Humano em São Paulo.

Com a ampliação dos investimentos e o fortalecimento de parcerias, o Arco da Restauração se consolida como um dos principais destaques na agenda de reflorestamento e transição ecológica no país.


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