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Brasil

Pessoas com deficiência enfrentam preconceito e falta de oportunidades no mercado de trabalho, aponta pesquisa

Acessibilidade e capacitismo são as principais barreiras no Brasil.

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Embora o cenário de inclusão de PcDs no mercado de trabalho tenha melhorado nos últimos anos, a realidade ainda está longe do ideal. Pesquisa realizada pela Catho, plataforma gratuita de empregos, revelou que os desafios para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda são significativos. O levantamento mostra que 57% dos entrevistados estão desempregados, sendo que metade deles busca recolocação de forma ativa.

Apesar da existência da Lei de Cotas, que obriga empresas com mais de 100 funcionários a contratar PcDs, 45% das pessoas com deficiência nunca tiveram experiência profissional amparada pela legislação. Por isso, O DIA ouviu especialistas para destacar os mecanismos necessários para tornar o mercado de trabalho efetivamente inclusivo.

Os dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste ano, mostram que o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, ou seja, 7,3% da população do País, no ano da pesquisa.

O número inclui pessoas, com 2 anos ou mais, que têm impossibilidade ou grande dificuldade para enxergar, ouvir, andar e pegar objetos pequenos. Também entram na estatística aqueles nessa faixa etária que, por alguma limitação nas funções mentais, não conseguem ou têm muita dificuldade para se comunicar, realizar cuidados pessoais, trabalhar e estudar, entre outras atividades.

“Quando o informante responde que ele não consegue de modo algum ou tem muita dificuldade, são essas duas categorias que a gente define como pessoas com deficiência. Quando a pessoa tem alguma dificuldade, quando tem uma limitação mínima, ela não entra na classificação de pessoa com deficiência”, explica a pesquisadora do IBGE Luciana Alves.

Segundo o instituto, 8,3 milhões das pessoas com deficiência são mulheres (8,1% da população feminina total) e 6,1 milhões homens (6,4% da população masculina). A maior prevalência de pessoas com deficiência está entre os pretos (8,6%). Os indígenas têm proporção de 7,9%, os pardos, de 7,2%, os brancos, de 7,1%, e os amarelos, de 6,6%.

Nos nove estados do Nordeste, os percentuais de pessoas com deficiência superam a média nacional (7,3%). Fora do Nordeste, o Rio de Janeiro é o estado com maior proporção (7,4%).

Apesar do avanço, o mercado de trabalho não tem acompanhado o crescimento desse grupo. A inclusão de pessoas com deficiência no campo profissional ainda enfrenta desafios como acessibilidade, preconceito e falta de qualificação.

A Lei de Cotas, que completou 34 anos em julho de 2025, determina que empresas com 100 ou mais funcionários são obrigadas a destinar de 2% a 5% de suas vagas a trabalhadores com deficiência. Apesar disso, um levantamento realizado pela Catho apontou que 57% dos entrevistados estão desempregados, sendo que metade deles busca recolocação de forma ativa. Cerca de 45% nunca tiveram experiência profissional amparada pela lei.

Entre os participantes, mais de 40% são pessoas com deficiência física, mas uma parcela expressiva enfrenta dificuldades para comprovar oficialmente a condição de PcD: 38% não têm laudo médico ou certificado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e quase 30% desconhecem o processo para obter o documento.

A percepção sobre o mercado também é um ponto de atenção. Para 31% dos entrevistados, as oportunidades para PcDs são restritas e 22% acreditam ser quase inexistentes. Embora 23% reconheçam que as vagas voltadas a esse público estejam relacionadas à conscientização, a maioria (64%) considera que elas só existem por conta da Lei de Cotas. Além disso, cerca de 18% dos respondentes não conhecem adequadamente a legislação, o que dificulta tanto a busca por vagas adequadas quanto a cobrança por direitos.


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