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Economia

Quatro em cada dez brasileiros não conseguiriam manter padrão de vida por três meses se perdessem a atual renda, diz pesquisa

Para Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira, autora do estudo, números expõem um país ‘extremamente vulnerável’.

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Se você parasse de trabalhar agora, conseguiria sobreviver por quanto tempo? Uma pesquisa inédita realizada pela Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), em parceria com o Instituto Axxus, conversou com 600 trabalhadores e mostrou que 41% deles conseguiriam manter seu padrão de vida por menos de três meses se perdessem sua renda hoje. Outros 39% disseram que conseguiriam levar a rotina entre três meses e seis meses.

O estudo, intitulado “Pesquisa ABEFIN: Aposentadoria, INSS e Previdência Privada, a realidade em 2025”, tem índice de confiança de 95% e a margem de erro é de 4%.

De outro ângulo, esses dados revelam que oito em cada dez brasileiros não têm reservas mínimas para seguir pelo menos seis meses sem renda. Na visão do presidente da ABEFIN, Reinaldo Domingos, algumas razões explicam esse cenário “extremamente vulnerável”, como a falta de educação financeira nas escolas e a priorização do consumo em vez da segurança financeira na sociedade atual.

— Esse padrão cria reflexos claros: muitas pessoas gastam mais do que deveriam e não conseguem organizar seus recursos. Portanto, a falta de colchão financeiro não se deve apenas à renda, mas ao modelo mental sobre dinheiro — explica.

Domingos adverte que a falta desse colchão financeiro impacta a aposentadoria futura e a “capacidade de lidar com crises inesperadas”.

‘Roda de vulnerabilidade’

O presidente da associação também destaca a perpetuação da instabilidade financeira no ciclo familiar como uma das dificuldades para o cultivo dessa reserva.

Ao questionar os entrevistados sobre a situação de seus pais, 41% responderam que muitos deles continuam trabalhando mesmo depois de aposentados, enquanto 29% dependem financeiramente dos filhos ou de terceiros.

— Os mais velhos, sem reservas suficientes, precisam do apoio dos filhos, que por sua vez já enfrentam dificuldades para organizar a própria vida financeira. Assim, a roda da vulnerabilidade continua girando — exemplifica, alertando ainda que a falta de uma poupança pode também empurrar esses trabalhadores a trabalhar na terceira idade, na maior parte das vezes em condições precárias.

A falta de uma aposentadoria também pode provocar ainda impactos na saúde psíquica e física, uma vez que a instabilidade e o medo constante podem acarretar em ansiedade e estresse, que por sua vez podem agravar quadros de saúde.

Alerta para o futuro

Domingos observa que, nesse cenário, a pesquisa funciona como um alerta para quebrar o ciclo e estimular os trabalhadores a começarem a pensar desde cedo em sua aposentadoria e renda. Entre as dicas que a ABEFIN dá, está a automatização das contribuições e produtos financeiros flexíveis.

A primeira consiste em aproveitar mecanismos como descontos automáticos em folha e aportes vinculados a pagamentos digitais, a fim de diminuir a dependência de uma disciplina individual para poupar. Já a segunda, na mesma linha que a primeira, seria a ideia de habituar-se a fazer as contribuições consistente ao longo do tempo, ainda que pequenas.

— Mesmo pequenas quantias, se separadas de forma consistente, já começam a criar segurança e dão clareza sobre prioridades. O 13º salário, por exemplo, pode ser usado estrategicamente para acelerar o alcance desses objetivos, em vez de servir apenas para despesas emergenciais ou consumo impulsivo — orienta Domingos.

Para as próximas gerações, a recomendação é a educação financeira desde cedo para observar “como esses números impactam na vida financeira, como planejar gastos, organizar prioridades ou lidar com imprevistos”. A Associação lembra que cada real poupado pode fazer diferença no futuro.


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