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Brasil

Estudo apresentado na COP 30, em Belém, aponta que 40% da cocaína consumida no mundo passa pela Amazônia

O narcotráfico devasta a vegetação e usa vias fluviais em áreas antes intactas, diz o relatório.

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Um estudo apresentado durante a COP30 revela que 40% da cocaína mundial passa pela Amazônia. O relatório de avaliação “Amazônia 2025: Conectividade da Amazônia para um Planeta Vivo”, elaborado pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA), aponta que redes criminosas ligadas ao narcotráfico, garimpo ilegal, grilagem de terras e extração de madeira atuam de forma integrada na região.

Segundo o estudo, essas organizações criminosas aproveitam a vasta cobertura florestal, os rios e rotas pouco monitoradas para tráfico e atividades ilegais, o que facilita também a degradação ambiental.

A Amazônia é lar de 47 milhões de pessoas, incluindo 2,2 milhões de indígenas de mais de 400 grupos étnicos. Contém aproximadamente 13% de todas as espécies conhecidas no mundo e armazena carbono equivalente a 15-20 anos de emissões globais de gás carbônico (CO₂).

Seus “rios voadores” (correntes atmosféricas de vapor d’água) geram chuvas essenciais para a agricultura e a energia em grande parte da América do Sul, contribuindo com até 50% da precipitação em algumas regiões. O Rio Amazonas deságua nos oceanos com 17 a 20% do volume total de água fluvial do mundo.

Somente no Brasil, os serviços ecossistêmicos prestados pela floresta amazônica são avaliados em mais de 317 bilhões de dólares por ano.

Segundo o estudo, as economias ilegais estão entre as forças mais desestabilizadoras da região, operando como redes criminosas bem organizadas que transcendem as fronteiras nacionais. As principais atividades incluem apropriação de terras e tráfico de drogas, extração ilegal de madeira e tráfico de animais selvagens, mineração de ouro e minerais de terras raras.

Essas redes interconectadas envolvem organizações criminosas, elites políticas e econômicas e segmentos de instituições públicas, criando um ciclo vicioso de corrupção, destruição ambiental e violência que expõe povos indígenas e comunidades locais à exploração e ao deslocamento. O crime organizado é um dos maiores vetores de destruição da Floresta Amazônica.

As facções criminosas são responsáveis não apenas pela explosão de violência na região, mas também por dificuldades para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, de acordo com o estudo. “O crime organizado se tornou um grande agente de desmatamento. Ele fragmenta a floresta e as comunidades”, diz o climatologista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia (SPA), uma rede de cientistas e líderes indígenas.

No relatório recém-lançado, o SPA constata que as quadrilhas do tráfico, do garimpo ilegal e da grilagem encontraram na devastação florestal uma fonte de lucro, usado para ocupar território e lavar dinheiro.

O narcotráfico devasta a vegetação e usa vias fluviais em áreas antes intactas, diz o relatório. Mais de 4 mil pontos de mineração ilegal se espalham por terras indígenas e unidades de conservação, correspondentes a mais de 2.600 quilômetros quadrados (km2) da Amazônia brasileira.

O relatório cita o avanço do garimpo ilegal no Peru, responsável por destruir milhares de hectares de floresta e por focos de desmatamento, e também pela Venezuela, no território ianomâmi. Por isso, não adianta reprimir garimpo apenas em um lado da fronteira.


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