Brasil
Novo Atlas do Serviço Geológico do Brasil indica mais de 1,4 milhão de pessoas em áreas de risco na região da Amazônia Legal
A avaliação individual das tipologias revela que o risco de inundação se concentra principalmente em Manaus (AM), Belém (PA) e Alenquer (PA).
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) já identificou mais de 2,6 mil setores de risco alto e muito alto em 354 municípios amazônicos, que representam quase metade das cidades da região (45,7%). De acordo com os dados, mais de 1,4 milhão de pessoas vivem nas áreas mapeadas – 5,2% da população regional. O Amazonas, com 792, é o segundo Estado com maior quantidade de áreas de risco (29,4%), depois do Pará, com 1.113 (41,3%). No Amazonas, há riscos em 57 dos 62 municípios.


As informações são apresentadas no Atlas de Risco Geológico da Amazônia lançado, nesta terça-feira (11/11), pela diretora-presidente do SGB, Sabrina Góis, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém.
A publicação consolida 13 anos de mapeamento de áreas de risco geológico e hidrológico em nove estados da região: Amazonas, Acre, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, onde 181 municípios integram a Amazônia Legal.
Em nível estadual, Pará e Amazonas concentram, juntos, a maior parte da população em risco na Amazônia, totalizando cerca de 567 mil pessoas. O Acre apresenta a maior porcentagem relativa da população em risco (10,2%), seguido por Amapá (5,76%), Amazonas (5,10%) e Pará (4,6%).
O mapa de calor (Figura 2.6) destaca os focos de maior concentração em áreas de risco, com ênfase nas capitais estaduais – Belém (PA), Manaus (AM) e Rio Branco (AC).
A diretora-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Sabrina Góis, disse que “o Atlas de Risco da Amazônia é um documento estratégico que contribui diretamente para o planejamento territorial e para a redução de desastres.
Os estados do Amazonas, Acre e Rondônia tiveram 100% dos municípios mapeados, seguidos por Pará (66,7%), Amapá (50%), Maranhão (41,4%), Roraima (33,3%), Mato Grosso (15,6%) e Tocantins (10,7%).
O Pará e o Amazonas concentram a maior parte da população em risco na Amazônia, totalizando cerca de 567 mil pessoas e o maior número de setores de risco mapeados, que somam 1,9 mil, indica o SGB. Em contraste, o estado do Tocantins aparece com apenas nove áreas de risco mapeadas. Esses resultados são influenciados por diversos fatores, como a solicitação de mapeamento por parte dos municípios, as condições de acesso logístico das equipes técnicas e a disponibilidade de recursos para a realização dos levantamentos.
Na Amazônia, foram identificadas 22 tipologias de risco, sendo a inundação o risco mais recorrente, com 1.348 ocorrências (Figura 2.7). Em seguida, destacam-se os deslizamentos planares (967), os alagamentos (271) e as terras caídas (254). Outras ameaças significativas incluem erosão tipo ravina (186) e enxurradas (163).
A análise das tipologias de risco e o número de pessoas afetadas (Figura 2.8) indica que as inundações representam o maior impacto, com 691.989 pessoas em risco (47,75%). Em seguida, aparecem os alagamentos (231.618 pessoas, 16%) e deslizamentos planares (160.208 pessoas, 11,05%). Esses valores estão em consonância com as avaliações de campo e refletem as condições climáticas da Amazônia, marcadas por períodos de chuvas intensas,
que desencadeiam processos hídricos e diferentes tipos de movimentos de massa.
A avaliação individual das tipologias revela que o risco de inundação se concentra principalmente em Manaus (AM), Belém (PA) e Alenquer (PA). Os deslizamentos planares apresentam elevada ocorrência em Manaus (AM), que também figura entre os municípios mais afetados por alagamentos, refletindo as limitações da cidade em relação ao sistema de drenagem urbana. Já o fenômeno das terras caídas evidencia um cenário preocupante em Maraã (AM), Rio Branco (AC), Prainha (PA), Óbidos (PA) e Porto Velho (RO) (Figura 2.9).
Dentre os demais tipos de risco, como erosão tipo ravina, enxurrada, erosão de margem fluvial e enchente − destaca-se o município de Manaus (AM).
Dos municípios mapeados entre os anos de 2012 e 2024, um total de 284 apresentaram alguma tipologia de risco classificada como de grau alto ou muito alto, enquanto 70 municípios não registraram áreas com esse nível de risco. Dos setores mapeados, 61% correspondem a áreas de risco alto e 39% a áreas de risco muito alto.
A inundação é o risco mais recorrente e de maior impacto, que lidera o número de ocorrências (1.348 ocorrências) e afeta o maior número de pessoas, com 691.989 indivíduos em risco (47,75% do total). Há outras ocorrências relacionadas a erosão, movimentos de massa e fenômenos únicos da região amazônica, como as “ilhas flutuantes” e as “terras caídas”, que afetam comunidades ribeirinhas e alteram o equilíbrio natural dos rios. Os impactos são potencializados por vulnerabilidades sociais e urbanísticas, como a ocupação desordenada de planícies de inundação e encostas.
O atlas aborda as tipologias de risco, incluindo erosão costeira, fluviomarinha, pluvial, movimento de massa, terras caídas, inundações e fenômenos peculiares da Amazônia, como ilhas flutuantes, terras crescidas, acúmulo de sedimentos e colapsos de aterros. Cada processo é apresentado com explicações objetivas, mapas e imagens que ilustram a dinâmica e severidade.
Recomendações
Diante desse cenário, o SGB apresenta recomendações, como: mapeamento e monitoramento contínuos; definição de zonas de não edificação em margens fluviais e no topo de falésias; ampliação da drenagem urbana; educação ambiental; e reassentamento de famílias em risco alto e muito alto.
“A resposta mais eficaz combina soluções de engenharia, estabilização de taludes, contenções e sistemas de drenagem, com estratégias baseadas na natureza, revegetação, restauração de Áreas de Preservação Permanente ciliares e de manguezais, articuladas ao fortalecimento da Defesa Civil e a um planejamento territorial integrado e de longo prazo”, indica o documento.
O Atlas de Risco da Amazônia está disponível no Repositório Institucional de Geociências do SGB. A publicação é de autoria dos pesquisadores: Sheila Gatinho Teixeira, Raimundo Almir Costa da Conceição, Claudio Fabian Szlafsztein, Íris Celeste Nascimento Bandeira, Dianne Danielle Farias Fonseca, Gisele Corrêa dos Anjos, Elton Rodrigo Andretta e Hugo de Souza Ferreira.
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