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Região Norte tem maior índice de domicílios particulares onde a fome esteve presente em 2024, aponta IBGE

A Região Norte teve uma taxa quase quatro vezes maior de domicílios convivendo com a restrição severa de acesso aos alimentos, quando comparada com à Região Sul.

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A proporção de domicílios com algum grau de insegurança alimentar (IA) no Brasil recuou de 27,6% para 24,2% entre 2023 e 2024. Esse dado representa 2,2 milhões de lares a menos nessa condição. A Região Norte, com 37,7%, é a que apresenta a maior proporção de insegurança alimentar nos três níveis (leve, moderada e grave), sendo que o grau mais grave foi registrado em 6,3% dos domicílios.

regiao-norte-tem-maior-indice-

regiao-norte-tem-maior-indice-Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do IBGE, cujos dados sobre segurança alimentar (SA) no país foram divulgados nesta sexta-feira (10/10). A primeira pesquisa do instituto a observar esses indicadores é de 2004.

Segundo a pesquisa, as regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores proporções de domicílios particulares em segurança alimentar (62,4% e 65,2%, respectivamente), de modo que mais da metade dos moradores dessas Regiões tiveram acesso pleno e regular aos alimentos, tanto quantitativamente como qualitativamente.
Já nas regiões Centro-Oeste (79,5%), Sudeste (80,3%) e Sul (86,4%), a proporção de domicílios em situação de segurança alimentar era ainda maior.

Nas regiões Norte (23,6%) e Nordeste (22,5%), um pouco mais de 1/5 dos domicílios particulares registravam insegurança alimentar leve, indicando um número elevado de moradores vivendo com a preocupação ou incerteza na manutenção do acesso aos alimentos, assumindo assim estratégias que acabam por comprometer a qualidade da dieta e a sustentabilidade alimentar da família.

A pesquisa observou que a distribuição da segurança alimentar e da insegurança alimentar para cada uma das cinco Grandes Regiões revela cenários diferentes.

As proporções de IA moderada e grave também foram maiores nas regiões Norte e Nordeste. A Região Norte teve uma taxa quase quatro vezes maior de domicílios convivendo com a restrição severa de acesso aos alimentos, ou seja, com IA grave, quando comparada com à Região Sul (6,3% contra 1,7%).
As regiões Norte e Nordeste do Brasil foram as áreas com percentuais mais elevados de domicílios particulares onde a fome esteve presente em, pelo menos, algum momento do período de referência, com prevalências de IA grave de 6,3% e 4,8%, respectivamente.

Em contraposição, as regiões Sudeste (2,3%) e Sul (1,7%) apresentaram as menores estimativas. Essas informações revelam que as desigualdades regionais de acesso aos alimentos verificadas em 2004, 2009, 2013 e 2017-2018 continuaram presentes em 2024, apesar dos avanços no último ano, e que o cenário de desigualdades regionais marcado pela presença da IA continua nessas regiões.

Renda

Os dados mostram que a insegurança alimentar no Brasil é diretamente ligada à renda. Entre os lares que passavam por insegurança alimentar grave, em 71,9% os responsáveis ganhavam até um salário mínimo. Já considerando aqueles que passavam por qualquer tipo de insegurança alimentar, dois em cada três (66,1%) domicílios tinham renda de até um salário per capita.

— Quanto menor o rendimento domiciliar per capita, as pessoas estão mais sujeitas a estarem em algum tipo de privação alimentar — explica Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa.

E é por isso que, de acordo com a pesquisadora, o acesso aos alimentos também está relacionado aos índices de desemprego.

— Em momentos que tem uma redução dos empregos, não tem jeito de não reduzir a alimentação. Tem que reduzir os custos ou para comer ou de outras contas para não reduzir a alimentação. E a gente veio observando nesses últimos dois anos, comparando 2023 com 2024, que, de fato, a taxa de desocupação também vem reduzindo, melhorando o rendimento das pessoas. Isso tem um reflexo direto no que as pessoas conseguem adquirir de alimentos, diz.

Além do aumento de renda via ocupação, a gerente da pesquisa também menciona os programas sociais, tanto os de transferência de renda, quanto os diretamente relacionados à alimentação, como os de merenda escolar, que são fatores importantes para reduzir a insegurança alimentar nas famílias.

— O combate à fome era uma das propostas do governo federal, de tirar o Brasil do mapa da pobreza. E ele vem trabalhando nesse sentido, de políticas para essa redução de domicílios em algum grau de insegurança alimentar, afirma a pesquisadora.

Os critérios de segurança alimentar:

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do IBGE, classificam os lares de acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Nela, há quatro critérios que definem a situação dos brasileiros em um domicílio: segurança alimentar; insegurança alimentar leve; moderada ou grave. Veja abaixo o que caracteriza cada um:

Segurança alimentar: A família/domicílio tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.

Insegurança alimentar leve: Preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro; qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos.

Insegurança alimentar moderada: Redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos.

Insegurança alimentar grave: Redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.


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