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COP 30 terá foco em soluções econômicas, e realização na Amazônia é estratégica, diz presidente do evento

Segundo ele, o Brasil tem a oportunidade de mostrar ao mundo que é possível combater as mudanças climáticas por meio de caminhos que conciliem desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

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O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, reforçou que a conferência climática que será realizada em Belém terá como prioridade apresentar soluções concretas, em vez de apenas destacar problemas. Segundo ele, o Brasil tem a oportunidade de mostrar ao mundo que é possível combater as mudanças climáticas por meio de caminhos que conciliem desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

Para o embaixador, um caminho para avançar nessa perspectiva é reforçar que a economia sustentável não deve ser vista como um obstáculo, mas como uma oportunidade concreta de desenvolvimento. Soluções baseadas em energias limpas, bioeconomia, inovação tecnológica e modelos de produção mais circulares podem gerar novos empregos, atrair investimentos e aumentar a competitividade do Brasil no cenário internacional.

“Precisamos trabalhar para ter soluções econômicas que façam com que a gente combata a mudança do clima não só por convicção, mas também por interesse econômico”, afirmou, ressaltando que essa visão amplia o engajamento de setores ainda reticentes à agenda climática.

Corrêa do Lago destacou que a COP 30 será um espaço para evidenciar experiências brasileiras em temas como energia renovável, gestão urbana e Amazônia, além de abrir espaço para compartilhar soluções vindas de outros países.

Realização da COP na Amazônia

A realização da COP 30 em Belém tem gerado polêmica em torno dos custos do evento. Críticos questionam o investimento necessário para receber uma conferência de porte internacional em uma cidade que ainda enfrenta graves desafios de infraestrutura urbana e social.

André Corrêa do Lago reconheceu a discussão, mas defendeu que a escolha da capital paraense é estratégica porque realizar a COP na Amazônia traz um simbolismo especial, ao evidenciar tanto a importância global da floresta quanto os desafios locais de uma região que é majoritariamente urbana e jovem.

“Eu sei que isso tem provocado certa polêmica, mas a verdade é a seguinte. A ideia de se fazer da COP numa cidade que simboliza vários desafios que outros países em desenvolvimento têm que enfrentar na discussão da mudança do clima, tanto em mitigação, quanto em adaptação”, concluiu.

Ponte entre adaptação e mitigação

Outro eixo central será a construção de uma ponte entre mitigação e adaptação. O embaixador lembrou que, enquanto a mitigação das emissões tem alcance global, a adaptação é sentida localmente, sobretudo nas cidades, onde impactos como enchentes e secas são mais visíveis.

A conferência, segundo ele, buscará aproximar essas duas agendas e ampliar os recursos destinados a políticas de adaptação.

O embaixador destacou a diferença entre os impactos da crise climática em diferentes regiões do Brasil. Ele citou como exemplo as enchentes no Rio Grande do Sul, que poderiam ter seus danos reduzidos com obras de infraestrutura voltadas à adaptação, como sistemas de contenção e drenagem. Para ele, esse tipo de investimento demonstra como políticas locais são fundamentais para aumentar a resiliência das cidades diante de eventos extremos.

No entanto, Corrêa do Lago lembrou que a mesma lógica não se aplica à seca que atinge os rios da Amazônia. Nesse caso, não há medidas de adaptação que possam impedir a queda do nível das águas, já que o problema está diretamente relacionado ao agravamento das mudanças climáticas globais. A redução da navegabilidade na região, por exemplo, compromete transporte, abastecimento e a vida cotidiana de milhares de pessoas.

“O que aconteceu, por exemplo, nos rios na Amazônia, não há uma obra que você possa fazer de adaptação que permita que os rios não sequem. Então, para questões como a Amazônia, a questão de mitigação é absolutamente essencial”, afirmou Corrêa do Lago.

Transição energética justa

O embaixador da COP 30 também enfatizou a necessidade de uma transição energética justa, inclusiva e capaz de atender comunidades vulneráveis.

Ele ressaltou que a matriz elétrica brasileira, composta majoritariamente por fontes renováveis, coloca o país em posição privilegiada, mas que ainda há grandes desafios de infraestrutura urbana e social.


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