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Brasil

Alta do preço do ouro atrai mais criminosos para a Amazônia, diz entidade

Entre o início dos anos 80 e 2000, a onça de ouro oscilou entre US$ 300 e US$ 500 aproximadamente.

O crime organizado é uma atividade em expansão pelo mundo, liderado por esquemas envolvendo golpes e ilícitos pela internet. Mas em alguns países, incluindo o Brasil, o que tem chamado a atenção de autoridades e pesquisadores é o papel da extração e comércio ilegais de ouro. As informações são do jornal Valor Econômico.

“O que está ocorrendo agora é uma expansão em vários mercados relativamente novos, sendo o comércio ilícito de ouro provavelmente o mais proeminente”, diz Mark Shaw, diretor da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, uma entidade suíça, sediada em Genebra, que reúne especialistas de diversos países envolvidos no tema.

“Esse é um mercado na América Latina, em particular na Amazônia, no Peru, na Colômbia, mas que também na África Central e na Indonésia está passando por uma expansão muito rápida, impulsionada pelo preço muito alto do ouro.” Shaw será um dos participantes da conferência “Crime Organizado e Mercados Ilícitos no Brasil e na América Latina: Construindo uma Agenda de Ação”, que ocorre nestas terça e quarta feiras, em São Paulo. O evento terá a participação de pesquisadores, autoridades e lideranças políticas.

Ao Valor Shaw disse que a cocaína continua muito em destaquenaAméricado Sul, mas, muitas vezes, como parte de um negócio. “Cocaína está interligada com o ouro. Está interligada com o tráfico ambiental. Está interligada com o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes.”

Extração ilegal de ouro é uma atividade conhecida há gerações na Amazônia. Uma crise humanitária no início de 2022 envolvendo indígenas yanomami e garimpeiros desatou uma onda de reações e medidas para endurecimento dos controles do fluxo de ouro produzido em garimpos.

No entanto, terras indígenas e outras áreas de proteção seguem sendo — ainda que em menor escala — ameaçadas pela atividade garimpeira clandestina na região.

“Esse mercado se expandiu de forma muito dramática por vários motivos e tem um enorme impacto ambiental”, lembra
Shaw.

Um dos motivos é o preço. O metal — que é sempre visto como investimento seguro em períodos de incertezas econômicas — experimenta alta histórica de preços. Entre o início dos anos 80 e 2000, a onça de ouro oscilou entre US$ 300 e US$ 500 aproximadamente.

Entre 2006 e 2011 houve escalada na cotação, indo a U$ 1.855. E, desde outubro de 2023, os preços avançam vertiginosamente — chegaram em 20 de junho a US$ 3.368, segundo dados citados pelo WorldGold Council.

O ouro que é extraído de maneira ilícita e comercializado com subterfúgios para que tenha aspecto lícito se converte em matéria-prima para barras para investimentos financeiros ou em joias. Os dois setores se beneficiam desse fluxo, diz Shaw.

Globalmente, crimes financeiros, impulsionados por golpes na internet, estão no topo das atividades do crime organizado que mais têm ramificações e impactos. O tráfico e o contrabando de pessoas são outros grandes mercados criminosos globais, segundo a Iniciativa Global.

Para Shaw, apesar de vulnerabilidades específicas, democracias como o Brasil exibem mais resiliência para lidar com o crime. “Uma Razão é a mídia livre, a sociedade civil livre, expondo a corrupção, expondo a extensão do problema.”


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