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Brasil

Liderança indígena expõe garimpo na Amazônia: ‘Leite materno com mercúrio’

“Sabemos que as mulheres têm o útero contaminado com mercúrio, o leite materno contaminado com mercúrio”, diz liderança.

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Reprodução/YouTube/TEDxAmazônia

A lider indígena Alessandra Munduruku fez uma exposição dura sobre os efeitos nocivos dos avanços do garimpo e do desmatamento para os povos indígenas da Amazônia em um evento pré-COP30 hoje, em Belém, cidade que sediará a conferência em novembro.

Originária de Itaituba (PA), Munduruku diz que os problemas do garimpo retomam aos anos 1960, mas têm piorado. “Por que as pessoas, as crianças estão morrendo dentro da aldeia? E, aí, quando vem o resultado [do exame], sabemos que as mulheres têm o útero contaminado com mercúrio, o leite materno contaminado com mercúrio”, expôs a liderança no TEDxAmazônia, evento realizado no Theatro da Paz, no centro da capital paraense.

“A gente percebeu que o problema não era só o garimpo, mas também um mal que estava avançando: o desmatamento”, disse Munduruku, ganhadora do do Prêmio Goldman, uma espécie de Nobel do Meio Ambiente. O Pará, sua terra natal, antes recordista no desmatamento no país, tem conseguido reduzir seus índices ano a ano. De acordo com o sistema Deter, medidor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o estado tinha ainda 112,68 km² de alertas de desmatamento em maio.

Munduruku expôs as dificuldades do povo na região do Médio Tapajós. “Como nós vamos falar da Amazônia? Como nós vamos falar da nossa casa se o nosso povo está ficando doente, se o nosso rio está ficando doente, se a nossa floresta está pegando fogo, se estão morrendo toneladas de peixes por conta das mudanças climáticas?”, questionou a liderança.

Ela lembrou ainda que as secas têm atingido a região amazônica e afetado os rios e igarapés. “A Amazônia não está preparada para a seca. A Amazônia, ela não está preparada para o mundo cavando buraco, caçando água, como aconteceu no ano passado, com os peixes sendo mortos”, lamentou.

Tem lugares que não têm nem água potável, só se bebe lama. Crianças carregando baldes para andar quilômetros, quilômetros para chegar na sua casa, para, lá, fazer sua comida. Isso é na Amazônia. Isso é na nossa casa. Será que alguém está preocupado com o que está acontecendo com a nossa casa, com o nosso corpo?
Alessandra Munduruku, liderança indígena

Na palestra, voltada à COP, ela disse que a alternativa é lutar. ” A luta não tem que ser só da Alessandra, não tem que ser só dos povos munduruku. É uma luta global, é uma luta de todos nós. É uma luta desde a criança até o mais velho”, afirmou.

“A gente vai buscar alternativa”, afirmou. “A gente vai atrás do governo, do estado, sim, [por] uma política pública para o nosso território. Mas, pra isso, sozinha a gente não vai. Vamos [juntos], vamos salvar esse planeta, vamos tirar a invasão do nosso território, vamos demarcar nossas terras, vamos respeitar os povos indígenas e os povos tradicionais.”


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