Amazonas
Amazonas é o segundo estado com maior registro de suicídio indígena do país, aposta estudo
De acordo com o levantamento, o estado teve um total de 466 casos entre os anos de 2013 e 2023, ficando atrás de Roraima.

O Amazonas é o segundo estado com mais registros de casos de suicídio indígena no país nos últimos dez anos, de acordo com o Atlas da Violência, divulgado neste mês. Segundo o consolidado, o estado teve um total de 466 casos entre os anos de 2013 e 2023, ficando atrás apenas de Roraima, que lidera o ranking com 551 ocorrências.
Conforme o atlas, a variação dos casos entre esses anos é de 25,5%, e o ano que teve mais registros foi em 2017 com 56 suicídios. Já 2014 foi o ano com o menos casos registrados: 25 ao todo. Dentre as formas de violência autoprovocada, o maior número de mortes foi por enforcamento.Os dados foram publicados no site g1.
De acordo com o levantamento, o suicídio é uma das questões epidemiológicas de maior expressão entre os povos indígenas. Dentre os motivos que podem contribuir para esse fato estão as pressões constantes sobre as condições da existência desses povos, as desigualdades econômicas, além de fatores sociais e históricos.
Outras problemáticas que são apontadas estão:
▶️Construções de megaempreendimentos
▶️Invasões territoriais
▶️Crises sanitárias
▶️Endemias e epidemias
▶️Garimpo ilegal
▶️Pesca ilegal
▶️Extrativismo predatório
O g1 conversou com o líder do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé, Obadias Garcia Batista, que relatou como é lidar diariamente com os problemas e motivações que as comunidades enfrentam para evitar essa violência autoprovocada.
O líder indígena destaca que políticas públicas para garantir a existência dos povos originários, como a demarcação e reconhecimento de terras indígenas, devem ser fortificadas.
“Existem múltiplos povos que constituem a nossa sociedade, dentre eles os povos indígenas, e traz também a garantia do direito territorial indígena, mas a consolidação, a efetivação, a materialização desse direito, é que nós ainda padecemos. É preciso que os governos criem esforços concretos para os processos de demarcação e reconhecimento de terras indígenas”.
Obadias cita que a fragilidade da saúde mental nas aldeias hoje em dia está muito atrelada a interferência do modelo econômico externo. O líder destaca que o jovem indígena está perdendo as raízes da ancestralidade quando a sociedade pede que ele se enquadre no modelo do homem branco.
O líder dos Sateré-Mawé explica ainda que os jovens indígenas se formam e vão embora das aldeias e os que ficam são os que não têm chance ao mercado de trabalho. Com isso, esse indígena acaba se envolvendo em problemáticas graves como o alcoolismo, o consumo e venda de entorpecentes.
“Ele não foi treinado para trabalhar e nem produzir, ele quer ganhar dinheiro fácil e acaba gerando esses conflitos psicológicos. As pessoas acabam com depressão porque não conseguem ter aquilo que a sociedade pede”, disse Obadias Batista, líder do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé.
O g1 questionou a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para entender quais as políticas de saúde publica estão sendo aplicadas nas comunidades indígenas para a redução das violências autoprovocadas e a melhora da saúde mental, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta.
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