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Economia

Anfavea projeta queda de investimentos no Brasil com tarifaço de Donald Trump

Produção nacional de veículos caiu em março, apesar de alta no primeiro trimestre.

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O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse nesta terça-feira que o Brasil deve perder investimentos com a nova política de tarifas do presidente americano, Donald Trump.

Segundo ele, isso ocorrerá porque o México vai ter capacidade ociosa ao vender menos para os americanos, e deve enviar esses produtos para América Latina, incluindo o Brasil. Dessa forma, reduzindo investimentos por aqui.

— Os investimentos podem sofrer alguma revisão, não estou falando de empresas especificas, mas por um fenômeno natural — disse Leite.

O líder da associação afirmou que o governo brasileiro demonstrou uma “habilidade muito grande” nas negociações, já que o país teve uma taxa menor no geral, de 10%:

— A Anfavea tem acompanhado essa agenda, o Brasil tem tido uma política de convergência, de se encontrar um caminho de menor impacto. O Brasil tem trabalhado e a Anfavea tem trabalhado para suportar essa agenda — disse.

O presidente dos Estados Unidos anunciou na semana passada que vai impor tarifas de 25% sobre “todos os carros produzidos fora do país”. O Canadá já revidou: segundo o primeiro-ministro Mark Carney, o país vai impor tarifas retaliatórias de 25% sobre veículos fabricados nos Estados Unidos em resposta às taxas de importação anunciada por Trump sobre automóveis estrangeiros.

A Anfavea calcula que a elevação tarifária pode provocar, já no curto prazo, uma retração no mercado automotivo dos EUA de até 1 milhão de veículos, com impacto direto nos preços (alta estimada entre US$ 3 mil e US$ 12 mil por unidade).

Além disso, há preocupação com o atraso na transição para veículos eletrificados, aumento da inflação de custos e, consequentemente, redução do nível de emprego e produção.

Para a associação, isso vai elevar a inflação de custos e redução do nível de emprego, da produção e das vendas. No médio prazo, o deslocamento de investimentos para os EUA, gerando capacidade ociosa em outros países produtores, especialmente México.

— Precisamos de previsibilidade e precisamos conter o ataque de importados, especialmente com tarifas. O Brasil é hoje o país que tem a tarifa mais baixa e ainda não tem feito a recomposição da tarifa de 35% — disse Leite.

Crescimento nos emplacamentos, mas com sinais de alerta

Apesar do cenário externo desafiador, os emplacamentos no Brasil cresceram 7,2% no primeiro trimestre, impulsionados por vendas diretas e aumento nas importações. A média diária em março foi de 10,3 mil unidades, mesmo com um dia útil a menos em fevereiro — um dos melhores desempenhos recentes para o período.

— É uma das melhores médias que tivemos nesse período, é um crescimento constante — afirmou Márcio.

Ainda assim, o ritmo de produção desacelerou em março (-12,6%) devido ao ajuste de estoques (redução de 8 mil unidades) e à queda nas exportações, principalmente de caminhões. No trimestre, a produção geral ainda apresenta alta de 8,3%.


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