Amazonas
Defesa de familiares de ex-sinhazinha pede internação: ‘Prisão os salvou da morte’
Ao o Globo, advogado dos parentes da ex-sinhazinha afirmou que os dois ainda não foram ouvidos, já que estavam muito alterados pelas drogas no momento da prisão.
A família de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, que morreu nesta terça-feira, em Manaus, é investigada por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Ao jornal O Globo, o advogado de Cleusimar e Ademar, mãe e irmão de Djidja, relatou que a prisão preventiva dos dois, cumprida nesta quinta-feira, os “salvou da morte”.
Os mandados de prisão também foram expedidos contra três funcionários da rede de salões Belle Femme, comandada pela família. Segundo o delegado, ao longo das operações nas unidades da rede, foram encontrados centenas de seringas, algumas prontas para serem usadas, além de doses da droga. Ademar Cardoso também foi alvo de um mandado pelo crime de estupro.
A audiência de custódia, realizada sexta-feira, comprovou a legalidade da prisão preventiva de Cleusimar e Ademar. De acordo com seu advogado, Vilson Benayon, a mãe e o irmão da ex-sinhazinha não foram ouvidos, já que não estavam em condições de dar depoimento no momento da prisão, muito alterados pelo uso de drogas. Segundo ele, grande parte do faturamento dos salões Belle Femme era direcionado para alimentar o vício.
— Pedimos o toxicológico e a internação compulsória dos dois em uma clínica de reabilitação. Eles foram atendidos na enfermaria do complexo prisional em crise de abstinência. Ontem estavam de um jeito, hoje estão de outro. O que eles têm é uma patologia, a prisão os salvou da morte — disse o advogado, ao jornal.
Djidja Cardoso era investigada pela Polícia Civil do Amazonas por fazer parte dessa seita com a família. Após a prisão, a mãe e o irmão disseram à defesa que chegaram ao estágio atual de vício em menos de um ano de uso. Eles obrigavam funcionários de uma rede de salões de beleza a consumirem ketamina, um tipo de droga com efeitos alucinógenos.
Segundo a defesa, Cleusimar e Ademar estavam em estado de insanidade mental, já que não teriam qualquer noção da realidade enquanto estavam sob efeito da droga. Ainda conforme o advogado, não havia venda dos medicamentos por parte da família, eles apenas adquiriam as drogas para uso próprio.
Batizada de “Pai, Mãe, Vida”, a seita criada pela mãe de Djidja, Cleusimar, e o irmão, Ademar, tinha forte cunho religioso. De acordo com a polícia, os três acreditavam ser, respectivamente, Maria Madalena, Maria e Jesus Cristo.
— A morte tem peculiaridades, principalmente pela possibilidade de uso de fármacos psicotrópicos. Há a possibilidade de ter havido um abuso que levou ao óbito dela (…) Não trabalhamos ainda com a hipótese de homicídio. Para que eu possa dizer que teve uma morte violenta e um homicídio, preciso de elementos de autoria. É o que estamos levantando — explica o delegado Daniel Antony, da Delegacia de Homicídios.
As investigações tiveram início a cerca de 40 dias, e a droga era obtida de forma irregular em uma clínica veterinária. Vítimas relataram aos policiais terem sido dopadas e mantidas em cárcere privado. A morte da mulher foi o estopim para o início das operações contra a organização, segundo disse o delegado Cícero Túlio, durante uma coletiva de imprensa, nesta sexta-feira.
— Eles utilizavam (a droga) para entrar nessa espécie de transe, para, segundo eles mesmos relataram, transcenderem para outra dimensão — explica o delegado Cícero Túlio. — Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas.
Antes da prisão, a mãe de Djidja Cardoso compartilhou em suas redes sociais uma nota. “A família de Djida Cardoso se encontra consternada já que, diante da dor de sua partida, está sendo obrigada a lidar com notícias falsas e polêmicas quanto à causa de sua morte”, diz o texto. Veja abaixo:
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