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Sem isolamento, 22 mil precisarão de UTIs no Amazonas, diz secretário; Estado planeja ter 350 UTIs

O Amazonas planeja ter 350 leitos de UTI para atender casos graves do novo coronavírus, instalados, segundo o governo, em fases, conforme a necessidade e avanço da doença.

Na tarde se segunda-feira, o secretário de Saúde do Amazonas, Rodrigo Tobias, disse a representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, órgãos de controle e entidades do comércio e da indústria, na última segunda-feira, que o isolamento social pode reduzir em 31% o número de infectados em Manaus e região metropolitana. Ele apresentou um estudo que mostra que, sem a medida de restrição de circulação, 22 mil pessoas poderão precisar de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). E que, se isso acontecer em um curto espaço de tempo, aumenta a possibilidade de mortes, já que o sistema de saúde não suportaria a demanda.

O Amazonas planeja ter 350 leitos de UTI para atender casos graves do novo coronavírus, instalados, segundo o governo, em fases, conforme a necessidade e avanço da doença. Conforme análise da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% das pessoas acometidas pela Covid-19 apresentam sintomas leves, mas 5% irão apresentar complicações, precisando de internação em UTI.

O Estado analisa a possibilidade de que pelo menos 200 leitos novos sejam instalados nos arredores do Hospital Delphina Aziz, em Manaus, que é referência para os casos de Covid-19 no Amazonas, em estrutura de campanha. O uso de estádios e da Arena da Amazônia, que seria uma opção de local para a estrutura, segue fora de cogitação, a princípio, conforme explicado secretário de Saúde do Estado, Rodrigo Tobias.

“Nós estamos escolhendo a estrutura de campanha no Hospital Delphina Aziz por critérios técnicos. Temos rede de gases, elétrica, esgoto. Tudo isso entra como critério para a gente escolher o melhor lugar para ocupar esses leitos clínicos. Já temos conversado com iniciativa privada e Forças Armadas para a gente oferecer esse conjunto de estrutura de campanha”, explicou o secretário.

De acordo com secretário, atualmente o governo conta com 50 leitos de UTI no Hospital Delphina Aziz, situado na Colônia Terra Nova. “Pensando na expectativa de ampliação no número de leitos, estamos recebendo mais 10 leitos de UTI do Ministério da Saúde. E para uma fase dois, estamos identificando quais são os respiradores que temos hoje na rede e transferindo para o Delphina”, afirmou.

O secretário explicou ainda que 84 leitos clínicos, para questões de suporte, estão disponíveis na unidade. “A ideia é que numa fase mais ampliada tenhamos 350 leitos de UTI”, acrescentou.

Entre as medidas a serem adotadas, a Susam também afirmou que prevê a contratação de 600 profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros intensivistas, psicólogos, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem. Segundo Tobias, as contratações terão início nesta segunda (30) e a previsão é que seja concluída até dia 7 de abril.

“Estamos em fase de aluguel de 300 leitos de UTI com a empresa que ganhou licitação do Ministério da Saúde e a gente depende deles, de quando vão trazer os leitos pra cá. À medida que for chegando, vamos fazer essas contratações”, informou Rodrigo Tobias.

A taxa de ocupação de leitos de UTI no Amazonas é de 61% e o Estado precisa de, pelo menos, 131 novos leitos. Nas enfermarias, o déficit é de 676 vagas. No Brasil, a taxa de ocupação das UTIs é de 78%. Os dados fazem parte de uma estimativa do Ministério da Saúde (MS), registrada em documento interno de 27 de março, segundo informou o jornal O Globo, na sua edição desta segunda-feira. A corrida pela abertura de leitos de UTI, necessários para tratar pacientes graves com Covid-19, leva em conta a elevada taxa de ocupação desse tipo de assistência no país.

Os representantes da área da saúde do Amazonas reforçaram, na reunião de segunda-feira, a necessidade de manter o isolamento social da população e que os empresários apoiem as medidas dos governos estadual e municipais de restrição de circulação de pessoas, conforme recomendações da Organização Municipal de Saúde (OMS).

A diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto, destacou que neste início da epidemia no Estado poucos casos positivos têm mais de 60 anos e a população mais atingida pelo novo coronavírus está na faixa-etária de 30 a 49 anos. “A nossa força de trabalho é que está sendo atingida, não são os idosos nem as crianças”, disse.

O médico e pesquisador da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas e da Fiocruz, Marcus Lacerda, que conduz pesquisa do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 no estado, ressaltou que a maioria das pessoas será contagiada pelo vírus mas é necessário que seja de forma lenta, daí a necessidade da redução do contato entre pessoas.

Marcos Lacerda disse que o boom de casos deve ocorrer em maio. Se não houver o isolamento social e sem os cuidados recomendados pelas autoridades de saúde, cerca de 50% da população será infectada rapidamente. Segundo ele, se todos que pegarem a doença forem para os hospitais ao mesmo tempo não haverá leitos e respiradores para todos. Mas disse que a partir de julho, se os cuidados forem tomas a situação pode começar a melhorar.


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