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Economia

Fábricas de repelente trabalham em até três turnos para atender demanda

De acordo com dados da Linx, empresa especializada em softwares para o varejo, a venda de repelentes aumentou 26,4% nas farmácias nos primeiros dois meses do ano

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O Brasil registrou quase 1 milhão de casos suspeitos de dengue no país desde o início do ano, com 195 óbitos e outros 672 em investigação, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde. Com número insuficiente de vacinas contra a epidemia, tanto na rede pública quanto na privada, a população tem recorrido em peso aos repelentes para se manter a salvo da doença. As informações são da Folha.

De acordo com dados da Linx, empresa especializada em softwares para o varejo, a venda de repelentes aumentou 26,4% nas farmácias nos primeiros dois meses do ano (até o último dia 23), em comparação ao mesmo período de 2023, em volume. Em faturamento, alta foi de 45,5% no intervalo, com uma variação média de 15% nos preços.

Mas os maiores fabricantes não estavam preparados para um aumento acima do previsto e temem que falte produto no ponto de venda: isso porque a matéria-prima é importada e sua chegada ao país pode demorar entre 30 e 150 dias.

Existem três princípios ativos usados nos repelentes, todos vindos do exterior: icaridina, um ativo de origem natural e de maior eficácia, que proporciona até 10 horas de proteção; deet (dietiltoluamida), o ativo mais antigo, de origem química e inflamável; e o IR 3535, ativo da multinacional Merck.
A reportagem esteve em farmácias da zona oeste de São Paulo e não encontrou algumas marcas à base de icaridina. Em uma das lojas, havia até reserva do produto.

“O icaridina é o mais procurado, porque não só garante mais tempo de proteção, como também pode ser usado por grávidas e crianças menores de 12 anos”, diz o engenheiro químico Norberto Luiz Afonso, presidente da Henlau Química, de Garça, no interior paulista. Com faturamento na casa dos R$ 50 milhões, a Henlau fabrica as marcas próprias das redes Drogaria São Paulo (Ever Care) e Raia Drogasil (Needs), além da sua própria marca, Sanlau –todos à base de icaridina.

“O problema é que a importação da icaridina pode demorar 60 dias, de navio. Eu estou pagando 30% a mais para que a matéria-prima venha de avião, da Alemanha ou da China. Ainda assim, o desembaraço na alfândega é demorado, o produto não chega antes de 30 dias na fábrica”, diz Norberto, que viu as vendas aumentarem 300% este ano, quando o repelente tomou o lugar do protetor solar e se tornou o produto mais vendido da Henlau.

A fábrica aumentou a produção de um para dois turnos. Ainda assim, a Henlau sofre com a falta de embalagens e só conseguiu encomendar matéria-prima para produzir até abril. “Só tenho previsão de produzir mais 230 mil unidades”, afirma Afonso, lembrando que entre o fim de março e o começo de abril deve ser o pico da dengue, por conta do fenômeno El Niño.
Como usar repelente para se proteger da dengue

Recomendações da SC Johnson, fabricante das marcas Exposis e Off!

Todo repelente tem instruções de aplicação específicas

Consulte sempre as instruções rótulo do produto
Não aplique repelentes em ambientes fechados, nem em excesso

Aplicação exagerada não proporciona maior proteção ou mais duração
Repelentes devem ser usados sobre a pele exposta e as roupas

Não se recomenda aplicar por baixo das roupas
Se você está com dengue, precisa usar o repelente

Ao ser picado nesse período, você pode transmitir a doença para o mosquito e torná-lo um vetor
Em caso de uso de filtro solar, aplique primeiro o filtro

Na sequência, o repelente
Evite o contato com os olhos, lábios e orelhas

Não use sobre cortes, feridas ou pele irritada; em contato com os olhos, lave-os com água
Ao usar no rosto e pescoço, aplique primeiro nas mãos antes de passar na pele

A mesma instrução serve para o uso em crianças
Reaplique após o banho ou transpiração excessiva

Caso contrário, o produto pode perder a eficácia

Na multinacional americana SC Johnson, líder de mercado com as marcas Off! e Exposis, a produção na fábrica em Manaus passou de um para três turnos em janeiro e o volume aumentou 250%. “Temos produzido ambas as marcas de forma ininterrupta”, informou a empresa por meio da sua assessoria de imprensa. O ativo da linha Off! é o deet, enquanto que o do Exposis é icaridina.

A fabricante destaca que não é preciso aplicar muito produto, uma vez que o excesso não aumenta a proteção. Mas recomenda usar o repelente tanto na pele exposta quanto nas roupas (versão em spray), para prevenir picadas.

A Cimed, fabricante do brilho labial Carmed, também viu a procura pela linha de repelentes Xô Insetos disparar. As linhas de produção da fábrica mineira de Pouso Alegre passaram de dois para três turnos. Foram 1 milhão de unidades produzidas em janeiro, 1,3 milhão em fevereiro e devem sair 1,5 milhão em março.

“A demanda é muito maior do que nós conseguimos suprir”, diz o diretor comercial da Cimed, Adibe Marques. “O princípio ativo do nosso produto é o deet, inflamável, só consigo trazê-lo dos Estados Unidos de navio, em uma viagem que pode demorar de 90 até 150 dias, com os trâmites alfandegários”, afirma. Segundo Marques, as compras do ativo só vão garantir produto até o fim de março.

A multinacional britânica Reckitt não revela qual foi o aumento da produção ou o número de turnos com que a fábrica opera. A empresa produz os repelentes das marcas SBP (à base de icaridina) e Repelex (deet) em São Paulo. Segundo a diretora de marketing da categoria de pesticidas, Ana Beatriz Guerra, a produção registrou alta de dois dígitos.

“No ano passado, a empresa já havia identificado que haveria uma alta na demanda por conta do fenômeno El Niño, que provoca aumento das temperaturas e mais chuvas, o que facilita a proliferação do mosquito”, afirma. “Ainda assim, está acontecendo um aumento de casos fora da curva.”

A Reckitt promove a ação “Juntos contra o Mosquito” em três comunidades de São Paulo (Heliópolis, Paraisópolis e Parque Santo Antônio) e uma no Rio (Rocinha), procurando conscientizar a população sobre as maneiras de prevenção contra a dengue, além de distribuir repelentes e pesticidas.


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