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Economia

Em dez anos, setor industrial perde um milhão de postos de trabalho, diz pesquisa do IBGE

O país tinha 303,6 mil indústrias com uma ou mais pessoas ocupadas em 2020, levando o setor a registrar a sétima queda seguida no número de empresas industriais.

As vagas nas fábricas de automóveis tiveram queda de 7,1% em 2020. (Foto: Reprodução)

Influenciado pelas crises econômicas e pela pandemia de Covid-19, o setor industrial brasileiro amarga uma série de declínios nos últimos dez anos. É o que aponta a Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto de 2020, do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (dia 21).

O país tinha 303,6 mil indústrias com uma ou mais pessoas ocupadas em 2020, levando o setor a registrar a sétima queda seguida no número de empresas industriais. Em relação a 2019, houve uma perda de 2.865 mil empresas, recuo de 0,9%. Frente ao ponto mais alto da série de dez anos, em 2013, a redução foi de 9,4% (31,4 mil empresas).

A indústria perdeu 1 milhão postos de trabalho entre 2011 e 2020. Frente a 2013, houve uma perda de 15,3% das vagas. Havia 7,7 milhões de pessoas trabalhando no setor em 2020, das quais 97,4% operavam nas indústrias de transformação.

— Vimos uma tendência de redução do número de empresas desde 2014, início da crise — analisa a gerente de análise estrutural da pesquisa, Synthia Santana.

Mais da metade da redução de postos de trabalho, entre 2011 e 2020, ocorreu nos setores de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-258,4 mil), preparação e fabricação de artigos de couro, artigos para viagem e calçados (-138,1 mil) e fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-134,2 mil).

Desigualdade entre setores

A pandemia de Covid-19 impactou o setor industrial brasileiro de forma desigual. Enquanto algumas atividades paralisaram, lidaram com desabastecimento ou paralisaram jornadas de trabalho, outras adotaram turnos extras e vislumbraram novos ramos de atuação.

A indústria brasileira registrou receita líquida R$ 4 trilhões em receita líquida de vendas em 2020. Somente as indústrias extrativas corresponderam a R$ 274,6 bilhões, enquanto a indústria de transformação geraram R$ 3,7 trilhões (o equivalente 93,1% do faturamento).

Indústria de alimentos cresce

A pesquisa revela ainda o nível de participação das atividades na receita líquida da indústria. Enquanto o segmento da indústria alimentícia ampliou sua participação em dez anos, liderando entre os avanços com alta de 5,9 p.p., a indústria automobilística amargou a maior redução de participação no período (-4,9 p.p) e deixou de figurar entre a 5 maiores em termos de contribuição.

Em 2011, a atividade de fabricação de veículos automotores representava 12% da receita líquida de vendas, mas foi apresentando redução ao longo do tempo. Chegou a 8,2%com a crise econômica em 2015, até cair ao ponto mais baixo da série para 7,1% em 2020.

— O comportamento do setor automobilístico está relacionado ao fato de que outros setores cresceram mais, além da própria redução do setor. É uma atividade que já vem enfrentando crises sucessivas com motivações diferentes desde 2009 — diz Synthia Santana.

O setor de fabricação de produtos alimentícios foi o que mais empregou na indústria em 2020, sendo responsável por 23% do pessoal ocupado.

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