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Relatório aponta 2023 como o ano mais seco para os rios do planeta, em três décadas

Relatório da Organização Meteorológica Mundial revela que as geleiras sofreram uma maior perda de massa em mais de 50 anos.

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Pelo segundo ano seguido, o rio Solimões, no Amazonas, secou. (Foto: Lalo de Almeida/Reprodução)

O ano mais quente da história da humanidade, 2023 foi confirmado agora também como o mais seco para os rios do planeta nas últimas três décadas. Os dados são do novo relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial) sobre o estado dos recursos hídricos globais.

O documento, divulgado pela agência vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas) nesta segunda-feira (7), revelou que as geleiras sofreram uma maior perda de massa documentada em mais de 50 anos, “emagrecendo” mais de 600 gigatoneladas de água no período.

O ano passado foi também o segundo consecutivo em que todas as regiões glaciais do mundo gelado.

O relatório evidencia que as mudanças climáticas tornam os ciclos hidrológicos mais erráticos, contribuindo para os muitos prejuízos à população e aos ecossistemas.

Segundo a ONU, mais de 3,6 bilhões de pessoas têm acesso inadequado à água por pelo menos um mês durante o ano. A projeção é de que esse número suba para 5 bilhões até 2050.

Enquanto em muitas áreas do planeta ocorreram secas intensas e reduções de chuvas, outras áreas sofreram com inundações e precipitações acima da média.

O aquecimento global , em associação às previsões climáticas naturais, como a transição de La Niña para El Niño , em meados do ano, colaborou para a ocorrência de eventos hidrológicos extremos.

“Como resultado do aumento das temperaturas, o ciclo hidrológico acelerou. Também se tornou mais errático e imprevisível, e enfrentamos problemas crescentes de excesso ou escassez de água. Uma atmosfera mais quente retém mais umidade, o que favorece chuvas intensas. Uma evaporação mais rápido e o ressecamento dos solos agravam as condições de seca”, disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

“Água é o ‘canário na mina de carvão’ das mudanças climáticas. Recebemos sinais de alerta na forma de chuvas cada vez mais extremos, inundações e secas que causam um impacto pesado em vidas, ecossistemas e economias. O derretimento de geleiras ameaça a segurança hídrica de longo prazo para milhões de pessoas E, ainda assim, não estamos tomando as ações urgentes”, alertou Saulo.

O ano passado, segundo o novo relatório, foi marcado por condições de descarga fluvial predominantemente mais secas do que o normal da série histórica.

Pelo terceiro ano consecutivo, mais de 50% das bacias hidrográficas do planeta apresentaram condições anormais, sendo a maioria em déficit. Houve poucas bacias com condições acima do normal.

Vários pontos da América do Sul foram castigados pela seca. No Brasil, a Amazônia registrou um volume de chuvas inferior à média, com oito estados tendo a menor ocorrência em mais de 40 anos para o período de julho a setembro.

A região amazônica sofreu uma perda de armazenamento de água entre 2022 e 2023, resultando na seca mais longa já registrada na bacia.

No documento da OMM, destaca-se a situação do rio Negro, em Manaus , que em 26 de outubro de 2023 atingiu 12,7 m, o menor nível desde 1902.

A atual seca na região, contudo, fez com que esse recorde negativo acabasse de ser ultrapassado. Dados do Sistema Hidrológico do SGB (Serviço Geológico do Brasil), indicaram que o rio Negro chegou às 20h15 deste domingo (6) às 12,39 m, o menor nível em 122 anos.

Na Argentina , que pelo quarto ano contínuo conviveu com chuvas significativamente abaixo da média, a seca desencadeou consequências graves. Entre agosto de 2022 e março de 2023, a previsão ficou entre 20% e 50% abaixo do normal para o período na grande parte do Norte e do Centro do país.

“A seca levou a uma redução de 3% do PIB da Argentina em 2023”, destaca o relatório.

Com baixos níveis de armazenamento de água, o Uruguai causou uma série de problemas, inclusive para o abastecimento da capital, Montevidéu , e de outras grandes cidades.

No outro extremo, as inundações também causaram estragos em várias regiões, mostra a OMM.
A África , onde vários países foram impactados, foi o continente com maior número de mortes por causa dos eventos hidrológicos extremos.

Na Líbia , as inundações provocaram o colapso de duas barragens, causando mais de 11 mil óbitos e afetando 22% da população do país.

Mais de 1.600 mortes foram registradas também em inundações que afetaram o Grande Chifre da África, República Democrática do Congo , Ruanda , Moçambique e Maláui .

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