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Prefeitos de cidades dos EUA reagem a medidas anti-imigração de Donald Trump
Prefeitos das cidades de Boston, Danver e Newark estão demonstrando resistência na aplicação das leis de imigração de Donald Trump.
Donald Trump, desde que tomou posse como 47º presidente dos Estados Unidos, assinou uma série de ordens executivas relativas à imigração. Ele acabou com a política de “captura e soltura”, encerrou o asilo, fechou a fronteira e começou a política de deportação em massa de imigrantes ilegais.
Em uma semana no poder, o governo Trump já efetuou mais de 3,5 mil prisões de imigrantes ilegais. No entanto, alguns prefeitos estão se opondo à aplicação das leis anti-imigração em suas cidades.
Os prefeitos de Boston, Chicago, Denver, Newark, San Diego e Los Angeles foram os primeiros que se manifestaram publicamente contra as medidas de Trump.
Ordens de imigração e fronteira
Trump instruiu militares a priorizar a fronteira dos EUA e a integridade territorial;
Acabou com a política de “captura e soltura”, pela qual os migrantes são liberados enquanto aguardam uma audiência sobre seu status de asilo;
Acabou com o asilo e fechou a fronteira aos imigrantes que entram ilegalmente;
Restabeleceu a política de “permanecer no México” – que exige que aqueles que buscam asilo permaneçam no México antes da data de sua audiência de imigração;
Vai voltar a construir um muro na fronteira;
Cartéis vão passar a ser considerados “organizações terroristas”.
Chicago
O prefeito de Chicago, Brandon Johnson, afirmou que não se intimida com as ameaças feitas por Donald Trump, na quinta-feira (23/1), de possíveis investigações e processos federais contra ele, devido a não aplicação da lei de imigração.
“Há uma série de ameaças que este presidente apresentou e não estamos intimidados ou sobrecarregados por nenhuma delas. Eu não fico sentado pensando sobre as hipóteses”, afirmou Johnson.
O prefeito prometeu que Chicago manterá seu status de santuário. As cidades-santuários são locais considerados “seguros” para estrangeiros, por não colaborarem plenamente com os escritórios de imigração e, assim, protegem os migrantes.
Elas também limitam o tempo que seus funcionários podem trabalhar com autoridades federais de imigração para deportar imigrantes sem documentos.
Durante o primeiro mandato de Donald Trump, o republicano cortou centenas de milhões de dólares em subsídios de aplicação da lei para cidades santuários, que foram restaurados, em 2021, pelo governo Biden.
As leis de Chicago impedem que a polícia local pergunte sobre o status de imigração de uma pessoa, o que impede os policiais de cooperarem com agentes federais. A exceção existente é se agentes do ICE estiverem procurando indivíduos com mandados criminais federais.
O prefeito de Chicago disse que é seu trabalho proteger os moradores “seja você indocumentado, esteja buscando asilo ou esteja buscando um emprego bem remunerado”.
“Vamos lutar e defender os trabalhadores. É por isso que Chicago é conhecida. Vamos continuar a fazer isso, independentemente de quem esteja na Casa Branca”, disse Johnson.
Boston
A prefeita de Boston, Michelle Wu, afirmou que a cidade não vai colaborar com o plano de deportação em massa do presidente Donald Trump.
“As eleições têm consequências, e o governo federal é responsável por um certo conjunto de ações. Nenhuma cidade pode reverter ou anular algumas dessas ações. Mas o que podemos fazer é garantir que estamos fazendo a nossa parte para proteger nossos residentes de todas as maneiras possíveis, e que não estamos cooperando com esses esforços que realmente ameaçam a segurança de todos ao causar medo generalizado e ter um impacto econômico em grande escala”, afirmou Wu.
A prefeita disse nessa segunda-feira (27/1) que o governo Trump faz “muita fanfarronice” ao ameaçar municípios como Boston por não apoiarem os esforços de deportação em massa.
“Houve muita fanfarronice até agora e muita tentativa intencional de criar drama e medo e uma espécie de percepção de cumprir promessas de campanha bem draconianas. Quando, na realidade, nosso trabalho é entender a lei, é seguir a lei e seguir os fatos em vez de coisas meio que inventadas”, destacou Wu.
Michelle Wu destacou que a prefeitura está se “certificando de que estamos administrando cidades que sejam seguras, onde as pessoas sintam que podem levar seus filhos à escola, se envolver em serviços da cidade, ligar para o 911 quando precisam de ajuda, denunciar crimes quando têm informações para denunciar. Isso tem funcionado em Boston”.
“Continuaremos a seguir a lei. O governo federal tem sua competência. Nós não aplicamos a lei federal de imigração. Nosso departamento de polícia cuida de atividades criminosas e se concentra em questões locais. Sempre que alguém infringe a lei, nós os responsabilizamos aqui, independentemente de seu status de imigração, sobre o qual não perguntamos e com o qual não interagimos”, disse Wu.
Denver
O prefeito de Denver, Mike Johnston, disse que a cidade processará o governo Trump se ele instruir agentes federais de imigração a prenderem moradores de Denver em escolas, igrejas, hospitais e outros “locais sensíveis”.
“Se os indivíduos têm medo de irem ao hospital quando estão doentes ou medo de levar seus filhos à escola, isso pode ter impactos devastadores em toda a comunidade. Se o presidente Trump instruir o ICE a começar a entrar em locais sensíveis, Denver está preparada para levar a administração ao tribunal e fazer tudo dentro de nossa autoridade legal para mantê-los seguros”, escreveu o porta-voz do prefeito.
O prefeito disse que está preparado para protestar contra qualquer coisa que acreditar ser “ilegal, imoral ou antiamericana” na cidade, incluindo o uso de força militar.
Newark
Ras Baraka, prefeito de Newark, Nova Jersey, afirmou que as operações feitas pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), na quinta-feira (23/1), não tinham mandados para prender as pessoas.
“Newark não ficará parada enquanto as pessoas são aterrorizadas ilegalmente”, destacou o prefeito.
O prefeito destacou que, entre as pessoas detidas, estava um veterano militar dos EUA, “que sofreu a indignidade de ter a legitimidade de sua documentação militar questionada” por oficiais.
“Este ato flagrante é uma clara violação da quarta emenda da Constituição dos EUA, que garante ‘o direito das pessoas de estarem seguras em suas pessoas, casas, papéis e bens, contra buscas e apreensões irracionais’”, disse o prefeito.
San Diego e Los Angeles
Los Angeles, logo depois da vitória de Trump, em novembro de 2024, formalizou políticas proibindo que recursos da cidade fossem usados para apoiar esforços federais de deportação, solidificando ainda mais a posição como uma cidade santuário.
O conselho de supervisores de San Diego aprovou uma política parecida, a qual proíbe agências do condado de trabalharem com autoridades federais de imigração.
A Califórnia é um abrigo para migrantes consolidado desde 2017, quando o ex-governador Jerry Brown assinou uma legislação para torná-la um estado santuário.
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