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Human Rights Watch contesta fala de presidente brasileiro sobre ‘narrativa’ contra Venezuela

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado em setembro de 2022 apontou potenciais crimes contra a humanidade por parte do governo venezuelano.

Horas após o presidente Lula classificar as denúncias de autoritarismo e condutas antidemocráticas por parte do regime de Nicolás Maduro como uma “narrativa” inventada contra a Venezuela, a diretora da divisão de Américas da Human Rights Watch, Juanita Goebertus, criticou a fala do petista e declarou que o autoritarismo no país caribenho é uma “realidade inquestionável”.

“Como no caso da Ucrânia, Lula deveria entender que, se deseja que o Brasil tenha um papel de liderança na questão da Venezuela, deveria prezar por um diagnóstico preciso – e não distorcido – da realidade. O autoritarismo na Venezuela não é uma narrativa construída. É uma realidade”, escreveu Juanita no Twitter.

Na tarde desta segunda-feira (29), durante a recepção pomposa de Nicolás Maduro no Palácio do Planalto, Lula celebrou a retomada das relações diplomáticas entre Brasília e Caracas – rompidas desde 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff – e sugeriu que o presidente venezuelano é vítima de uma conspiração internacional ao se referir às denúncias de boa parte da comunidade internacional sobre a repressão do regime chavista.

“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, afirmou Lula a Maduro.

O presidente brasileiro, no entanto, desconsiderou que a Venezuela foi objeto de um minucioso relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado em setembro de 2022 que apontou potenciais crimes contra a humanidade por parte do governo venezuelano. Maduro é indicado no documento como o líder de uma estratégia sistemática de tortura e repressão a dissidentes e oposicionistas.

O relatório acusa o regime chavista de usar a inteligência venezuelana para perseguir inimigos do governo e promover violações contra os direitos humanos como tortura física e estupros desde pelo menos 2014. O aparelhamento dos órgãos de inteligência também contaria com o suporte de outras pessoas-chave do regime.


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