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Dois mil milhões de pessoas não tem acesso seguro à água potável, aponta ONU
Em 2024, mais de 100 milhões de pessoas ainda dependiam de água de superfície proveniente de rios, lagoas e canais coletivos para consumo.

Mais de dois mil milhões de pessoas continuam sem acesso seguro a água potável, revela o mais recente relatório conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O documento alerta para o progresso insuficiente na cobertura universal do fornecimento de água, com uma em cada quatro pessoas em todo o mundo privada deste direito fundamental.
Em 2024, mais de 100 milhões de pessoas ainda dependiam de água de superfície proveniente de rios, lagoas e canais para consumo. O atraso na melhoria dos serviços de água, saneamento e higiene coloca milhares de milhões de pessoas em risco de contrair doenças, alertam as agências da ONU.
Rüdiger Krech, responsável pelas áreas do ambiente e alterações climáticas da OMS, defende que “a água, o saneamento e a higiene não são privilégios: são direitos humanos fundamentais”, apelando à aceleração de ações, especialmente junto das comunidades mais marginalizadas.
O estudo estabelece cinco níveis de serviços de abastecimento, desde a “gestão segura” – com acesso a água potável no local, livre de contaminação fecal ou química – até à utilização de água de superfície. Das 2,1 mil milhões de pessoas sem acesso a serviços seguros, 106 milhões utilizavam água de superfície, registando-se uma redução de 61 milhões numa década.
Em 2024, apenas 89 países dispunham de um serviço básico de abastecimento de água potável, sendo que 31 alcançaram o acesso universal a serviços geridos de forma segura. A situação é particularmente grave em África, onde se concentram 28 países nos quais uma em cada quatro pessoas não tem acesso a serviços básicos.
No campo do saneamento, registaram-se progressos desde 2015, com 1,2 mil milhões de pessoas a conseguirem acesso a serviços geridos em segurança, aumentando a cobertura de 48% para 58%. O número de pessoas que praticam defecação a céu aberto diminuiu de 429 milhões para 354 milhões, representando 4% da população mundial.
Os serviços básicos de higiene, que incluem dispositivos para lavar as mãos com água e sabão, chegaram a mais 1,6 mil milhões de pessoas desde 2015, beneficiando atualmente 80% da população mundial, comparativamente aos 66% registados há uma década.
Cecilia Scharp, diretora do programa WASH do UNICEF, sublinha o impacto destas carências na população infantil: “Quando as crianças não têm acesso a água potável, saneamento e higiene, a sua saúde, educação e futuro ficam ameaçados”. A responsável destaca ainda as desigualdades de género, observando que as raparigas são frequentemente sobrecarregadas com a tarefa de recolha de água e enfrentam dificuldades acrescidas durante o período menstrual.
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