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Argentina envia Exército à fronteira do Brasil para impedir entrada de foragidos do CV
Além do envio das tropas, a Argentina decretou alerta máximo nos postos da fronteira com o Brasil.
O governo argentino ativou um alerta máximo nos postos de fronteira da Argentina com o Brasil, após a Operação Contenção realizada pelas forças de segurança contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro.
“Vou emitir o alerta máximo nas fronteiras para que não haja nenhuma travessia (ao território argentino) por parte daqueles que, evidentemente, estejam se deslocando do centro do conflito no Rio de Janeiro”, anunciou a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, aos jornalistas na Casa Rosada, sede do governo argentino.
De acordo com Bullrich, as organizações criminosas Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital foram declaradas grupos terroristas. O ministro da Defesa, Luis Petri, acrescentou que foi enviada uma equipe de combate das Forças Armadas para a fronteira com o Brasil.
A ministra explicou ainda que a medida implica redobrar a atenção sobre todos os brasileiros que entrarem na Argentina.
“Este alerta máximo significa olhar com quatro olhos para todos os brasileiros que vierem à Argentina, vendo se têm ou não antecedentes (penais), mas sem confundir os turistas com integrantes do Comando Vermelho”, diferenciou.
Além do alerta, numa carta, Patricia Bullrich solicita ao Ministério da Defesa o reforço da fronteira com o Brasil, aplicando a teoria da “debandada”, quando, cercados pelas forças de segurança, os “narcoterroristas” fogem em busca de refúgio em outras regiões.
“No contexto dos fatos acontecidos no Rio de Janeiro, solicito instruções às forças federais de segurança para reforçar as operações nas zonas de fronteira Leste, Nordeste e Noroeste. É uma medida preventiva derivada da teoria da debandada. Envie aos efetivos alocados na fronteira o manual de reconhecimento de sinais que caracterizam esses grupos narcoterroristas para facilitar as possíveis identificações. Ao mesmo tempo, ativem os contatos com as forças policiais do Brasil e do Paraguai para uma tarefa em conjunto para garantir a troca de informação e de capacidades operacionais”, ordena a ministra.
Operação Militar
A ministra põe o foco na Tríplice Fronteira entre Argentina (Puerto Iguazú), Brasil (Foz do Iguaçu) e Paraguai (Ciudad del Este), mas o ministro da Defesa, Luis Petri, acrescenta outros dois pontos de fronteira: Andresito (Argentina) e Capanema (Brasil), Bernardo de Irigoyen (Argentina) e Dionísio Cerqueira (Brasil).
O ministro da Defesa acrescentou que vai enviar o Exército à província argentina de Misiones, fronteira com os estados brasileiros Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A equipe de combate a ser enviada consiste em tropas, carros blindados, caminhões militares e helicópteros para tarefas de vigilância, apoio logístico, obtenção de informações, engenharia e construções, comunicações e ciberdefesa, além de suporte aéreo.
“Vamos mandar equipes de controle e de vigilância do Exército para reforçar a fronteira com o Brasil. Para nós, é muito importante defender os argentinos, considerando a ‘debandada’ à qual se refere a ministra de Segurança. São narcoterroristas com poder de fogo militar, utilizando drones armados. A Força Aérea vai proteger o espaço aéreo e o Exército vai proteger a fronteira seca com o Brasil”, disse Luis Petri em entrevista ao canal A24.
Narcoterroristas
A ministra Patricia Bullrich também revelou que as organizações criminosas Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital (PCC) foram declaradas organizações terroristas em território argentino. A medida foi tomada no começo do mês e incluída no Registro Público de Pessoas e Entidades vinculadas a Atos de Terrorismo (REPET), dependente do Ministério da Justiça.
Bullrich contou que na Argentina há 39 brasileiros presos, dos quais cinco são do Comando Vermelho e “sete ou oito” do Primeiro Comando da Capital.
“Temos um controle muito estrito sobre esses presos. Estão se encontram isolados para que não tenham nenhum poder. Não conseguiram fazer nas prisões argentinas o que conseguiram, infelizmente, no Brasil e no Paraguai”, comparou.
“Não concordamos com a teoria de conviver com o tráfico de drogas, de deixar os traficantes controlar as suas organizações, de controlar as penitenciárias. Há penitenciárias no Brasil nas quais os juízes não podem entrar porque estão controladas pelos traficantes”, descreveu.
A ministra também deu um exemplo de como as organizações criminosas brasileiras estão vinculadas com o terrorismo. Bullrich citou a prisão, por parte da Polícia Federal brasileira, em novembro de 2023, de dois terroristas em São Paulo e de um no Rio de Janeiro vinculados ao grupo extremista libanês Hezbollah. Os brasileiros tinham sido recrutados pelo Hezbollah que os financiava para ataques terroristas contra alvos judaicos.
“Tinham toda a estrutura interna do PCC que ajudou os terroristas; por isso, nós declaramos essa organização como narcoterrorista”, sentenciou Patricia Bullrich.
Em agosto, o governo argentino declarou o venezuelano Cartel dos Sóis como organização terrorista, em sintonia com a decisão dos Estados Unidos. No começo do mês, as organizações equatorianas Los Choneros e Los Lobos também foram declaradas como terroristas.
A decisão permite a aplicação de sanções financeiras e restrições operacionais para limitar a capacidade de ação dessas organizações. A classificação fortalece os mecanismos preventivos e facilita o reforço da cooperação internacional, por meio de uma coordenação mais próxima com países e organismos.
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