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Economia

Sem medo da crise, mulheres lideram alta de investidores na Bolsa de Valores no Brasil

Investidoras na B3 aumentaram de 431,9 mil, em janeiro, para 598 mil em maio, uma alta de 38%. No mesmo período, a quantidade de homens registrou alta de 34%

Desde o final do ano passado, as mulheres lideram a alta de investidores pessoas físicas na B3, a bolsa de valores oficial do Brasil, sediada na cidade de São Paulo – e a crise do coronavírus não foi motivo para barrar esse movimento. Em janeiro, por exemplo, eram 431,9 mil na Bolsa de valores de São Paulo. Em maio, esse número cresceu 38%, para 598 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No mesmo período, a quantidade de homens registrou um salto de 34%, para 1,8 milhão de investidores. Apesar de representarem somente 24% do total de investidores, o crescimento do público feminino começa a emitir sinais de evolução. “Como a rentabilidade da renda fixa caiu por conta dos cortes na taxa Selic, as investidoras começaram a buscar alternativas rentáveis para diversificar a carteira”, afirma Luciana Ikedo, especialista em finanças pessoais e sócia-fundadora da Ikedo Investimentos.

O número de mulheres jovens, entre 16 a 25 anos, cresceu 361% na B3 entre maio de 2019 e maio de 2020, passando de 12,3 mil para quase 57 mil investidoras. Segundo Ikedo, esse progresso é um vislumbre de um futuro menos desigual no mercado financeiro. “A evolução da base é muito importante. Se continuarmos assim, muito em breve teremos uma posição mais igualitária e de destaque nesse universo na próxima faixa etária”, diz.

Foi justamente no mês em que o Ibovespa tombou, e houve pânico no mercado acionário devido ao coronavírus, que houve a maior entrada proporcional de investidoras jovens na bolsa em um mês desde 2019. Em março, a alta do grupo de mulheres dessa faixa etária na B3 foi de 29,3% em relação a fevereiro deste ano – passando de 33,9 mil para 43,9 mil investidoras.

“A proporção entre homens e mulheres ainda apresenta uma taxa diferente que gostaríamos de ver. Já o Tesouro Direto, por exemplo, apresenta uma proporção de 60% homens e 40% mulheres. Vamos chegar lá”, diz Felipe Paiva, diretor da B3.

Para Maite Leite, CEO do Deutsche Bank desde 2018, o boom nos números justo no momento de maior volatilidade da história não é uma coincidência. “Existe um contingente grande de mulheres que são chefes das famílias e a queda de juros impulsionou a busca por outras opções de investimentos”, afirma. “Mas em momentos de crise, elas tendem a ser muito proativas e gerenciar as finanças de forma bastante efetiva”, diz.

A educação financeira, principalmente quando iniciada na infância, é apontada pelas quatro lideranças parceiras do projeto Dn’A como fundamental em todo o processo de inclusão
feminina nas finanças. A opinião é compartilhada por Luciana, especialista da Ikedo investimentos. “Ensinar a criança desde cedo faz com que ela cresça com noções de orçamento, consumo consciente e investimentos. No futuro ela ganha mais qualidade de fina por ter essa relação saudável com o dinheiro”, diz.

Começar

A trajetória de Carolina Bartunek, filha de Florian Bartunek, um dos maiores gestores de fundos de ações do país, estampa a premissa de que não existe idade para entender e fazer os primeiros investimentos. Aos 12 anos ela pediu um patins de presente ao pai e foi questionada: “Você quer um par de patins ou um par de ações?.

O processo de educação financeira de Carolina, hoje colunista do E-Investidor aos 17 anos, começou naquele momento. De lá para cá, os presentes se transformaram em ações e ela mergulhou em livros e pesquisas para entender melhor sobre as empresas antes de investir. “A nossa jornada de aprendizado também depende de um conteúdo com vocabulário direcionado aos jovens”, diz a estudante. “Começamos a ter voz, mas ainda há espaço para iniciativas de inclusão para mulheres jovens. Todos precisamos nos sentir incluídos.”

Mariana Ribeiro, autora do livro #querosereufrasia e analista do ModalMais, foi uma das palestrantes da primeira edição do Dn’A e destaca a importância de treinamentos de alto padrão para melhorar a equidade. “A união dos 4 bancos mostra que eles entenderam que o cenário de desigualdade não vai ser resolvido com uma campanha individual”, diz. Ela destaca que a abordagem não deve parar por aí, e que o mercado ainda carece de ideias e produtos direcionados às mulheres. “Temos necessidades específicas. Por que ainda não temos um seguro contra violência doméstica, ou uma previdência complementar específica para mães solteiras?, questiona.

Ainda não existe uma saída clara para melhorar a igualdade de gênero, mas esforços estão sendo feitos para diminuir a disparidade. “A diversidade é um assunto que vem sendo debatido com veemência no meio empresarial e no mercado financeiro”, diz Silvia, do Goldman. “As mulheres também estão buscando uma maneira de diversificar os investimentos e acompanhamos agora a quebra de barreiras culturais. Muito ainda precisa ser feito, estamos apenas no começo.”


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