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Economia

Salários têm reajuste acima da inflação pelo 15º mês seguido em fevereiro

Sequência de negociação favorável ao trabalhador não era vista desde 2018; BC demonstra preocupação com salários e aumento da inflação

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O mercado de trabalho aquecido tem favorecido o trabalhador nas negociações salariais. Acompanhamento mensal feito pela Fipe mostra que o reajuste médio de salários ficou acima da inflação pelo 15º mês seguido em fevereiro. Essa sequência de ganhos reais não era vista desde 2018. Dados preliminares de março indicam que a tendência continua e deverão ser 16 meses com salários acima dos preços.

A pesquisa “Salariômetro” da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a Fipe, mostra que o reajuste médio anual negociado por categorias de trabalhadores ficou em 5% no mês passado. Essa atualização dos salários ficou acima da inflação dos últimos 12 meses, que somou 3,8%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Nos dois primeiros meses de 2024, o monitoramento da Fipe já registrou 1.300 acordos fechados. Desses, 89,1% registraram aumento salarial acima da inflação. Outros 7,6% ficaram em linha com a inflação e apenas 3,3% das categorias não conseguiram atualizar sequer a alta da inflação.

O relatório de fevereiro produzido pela equipe do professor Hélio Zylberstajn nota que a expectativa para a inflação nos próximos meses indica números em queda, abaixo de 4%. Esse ambiente “indica espaço para a continuidade de reajustes reais positivos”, cita o relatório.

Ontem, o Banco Central destacou que “os aumentos salariais no período corrente podem estar ligados, em alguma medida, a pressões no mercado de trabalho”.

Ao analisar as razões do aumento real da renda, os diretores do BC citaram que os aumentos de salários “não devem ser explicados majoritariamente por ganhos de produtividade”. Ou seja, para o BC, não há aumento da produtividade por trás do aumento de salários.

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) citou que os reajustes podem estar ocorrendo porque há queda da oferta de mão de obra no mercado. Ou seja, há menos desempregados ou interessados em trocar de trabalho. Nessas situações, patrões aumentam salários para ocupar vagas.

Para o trabalhador, o cenário é positivo porque há aumento da renda.

Mas o Copom “demonstrou maior preocupação com possíveis efeitos da ampliação de ganhos reais no período mais recente e da aceleração de crescimento observada nos dados referentes à massa salarial sobre a dinâmica prospectiva da inflação de serviços”.

Em outras palavras, o BC está preocupado que o aumento dos salários gere mais inflação.

Na pesquisa Fipe, os trabalhadores do segmento de refeições coletivas aparecem como os que conseguiram o maior aumento real: 3,8% acima da inflação. Em seguida, estão limpeza urbana, conservação, condomínios e edifícios, bares, restaurantes, hotéis, turismo e serviços a terceiros e fornecimento de mão-de-obra que registraram aumento de 3,3% acima do INPC.

O estudo mensal “Salariômetro” analisa mais de 40 cláusulas dos acordos e convenções coletivas registrados no sistema do Ministério do Trabalho. Também são usados dados sobre salários do Caged, também do MTE.

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