Amazonas
Empresas do PIM cogitam paralisar atividades por falta de insumos chineses
Medida pode afetar 85 mil trabalhadores com redução de jornada ou férias coletivas
A disseminação do novo coronavírus preocupa as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), que avaliam paralisar as atividades devido ao desabastecimento de insumos chineses, largamente usados na produção. A medida pode afetar 85 mil trabalhadores com redução de jornada ou férias coletivas, segundo estimativa feita pelo Centro da Indústria do Amazonas (Cieam) à rádio CBN.
O número de funcionários que podem ser afetados representa 17% dos 500 mil empregos diretos gerados no PIM. O setor de eletroeletrônicos é o mais atingido até o momento, de acordo com entidades que representam a indústria amazonense.
O presidente do Cieam, Wilson Périco, disse que as empresas instaladas no PIM já estudam a possibilidade de paralisar as atividades por falta de material e que há informações de redução da produção nas fábricas de smartphones. “As empresas não têm tido confirmação dos embarques para a manutenção do planejamento que haviam feito. Com isso, procuram reduzir a atividade agora para evitar uma paralisação completa”.
Périco também destacou que a situação provavelmente afetará a produção voltada para o Dia das Mães. “A data deve ser impactada porque as empresas não devem conseguir produzir aquilo que haviam planejado por conta da falta de insumos. Essa venda, esse faturamento e a receita de impostos por parte do poder público também devem cair”, completou.
Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, disse que a paralisação das atividades no PIM será decidida na próxima semana. “As empresas vão saber se o estoque delas vai dar para produzir ou não e aí vamos saber quantas empresas vão adotar licença remunerada ou férias”, explicou.
O superintendente da Suframa, Alfredo Meneses, afirmou que a maioria das empresas do PIM tem provisionamento para manter o funcionamento de três a seis meses, dependendo do segmento. “Esperamos que, dentro de um curto prazo, se chegue a um consenso e não interrompa o nosso fluxo produtivo”.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), mais da metade dos fabricantes do segmento no País já apresenta problemas com fornecimento de peças oriundas da China, país onde surgiu a epidemia do novo vírus e que já registra mais de 2,7 mil mortos por causa da doença.
A China divulgou, ontem, que espera conter o avanço do novo coronavírus até o fim de abril. Hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou para “muito alto” o risco de uma epidemia global.
A Trendforce, empresa chinesa de análise de cadeia de suprimento, já previu que a produção de smartphones no primeiro trimestre deste ano deve cair 12% comparada ao mesmo período de 2019.
Se for confirmada a previsão da Trendforce, será a pior produção registrada em um primeiro trimestre nos últimos cinco anos. Outros tipos de dispositivos, como monitores, TVs e notebooks também devem ter redução de milhões de unidades na produção, de acordo com a consultoria.
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