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Economia

Dólar sobe 27,3% em 2024 e fecha ano em R$ 6,18; Ibovespa caminha para queda

Moeda recuou no último pregão do ano, mas especialistas alertam que riscos para câmbio seguem no radar

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Foto: Marcello Casal

O dólar encerrou o ano em R$ 6,179, alta de 27,36% ao longo de 2024. No último pregão do período, nesta segunda-feira (30), a divisa registrou queda de 0,22%, após o Banco Central (BC) vender US$ 1,815 bilhão à vista em um leilão realizado nesta tarde para conter a alta da moeda. As informações são da CNN.

Apesar da queda no último pregão de 2024, Zogbi reforça que ainda há riscos para o câmbio no horizonte.

“Para a virada do ano, embora o real já esteja pressionado, há riscos altistas para a moeda americana. A perspectiva de maior inflação nos EUA e menos cortes nas taxas de juros americanas fortalecem o dólar globalmente, enquanto domesticamente será necessário um amplo compromisso, retórico e prático, com a sustentabilidade da dívida pública para evitar novas pressões sobre o nosso câmbio em 2025”, diz a analista da Nomad.

O mercado elevou pela décima primeira vez suas projeções para a inflação ao final de 2025, de acordo com a última edição de 2024 do relatório Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

Segundo o levantamento realizado pelo BC junto a uma centena de economistas, a previsão para o IPCA ao final do ano que vem agora é de 4,96% ao ano, ante 4,84% na semana anterior, mantendo-se acima do teto da meta, que é de 4,5%.

Na frente de dados, o setor público brasileiro registrou em novembro um déficit primário de R$ 6,62 bilhões, em resultado um pouco melhor do que o esperado pelo mercado, enquanto a dívida pública recuou ligeiramente como proporção do PIB, mostraram números do BC nesta segunda-feira.

Cenário

Nos últimos meses, investidores têm se mostrado cada vez mais receosos com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, particularmente depois do anúncio duplo pelo Executivo no fim de novembro de um pacote de contenção de gastos e de um projeto de reforma do Imposto de Renda.

Por volta das 17h, o Ibovespa subia 0,13% no dia, a 120.428 pontos, enquanto caminhava para queda de 10,28% no ano.

O ano foi de altos e baixos para o principal indicador da bolsa brasileira. Enquanto o Ibovespa atingiu sua maior pontuação de todos os tempos e registrou a menor volatilidade histórica em 2024, o índice teve seu pior desempenho em dólares desde 2015 e apenas 18% de suas ações fecharam o ano positivas, segundo Einar Rivero, analista da Elos Ayta.

“Na B3, apenas três índices encerraram no azul, enquanto o cenário inflacionário trouxe o IGP-M ultrapassando o IPCA em janelas anuais após 21 meses. Foi também um ano de saída massiva de investidores estrangeiros da Bolsa, refletindo a volatilidade global e local”, afirma Rivero.

O analista da Elos Ayta ainda destaca que a Petrobras alcançou o maior valor de mercado da sua história, “destacando-se mesmo em um cenário desafiador”.

Apesar de os três projetos que compõem o pacote terem sido aprovados pelo Congresso neste mês e de o debate sobre mudanças no IR ter sido adiado para 2025, agentes financeiros ainda questionam a efetividade das medidas na contenção das despesas e duvidam da determinação do governo em reduzir a dívida pública.

“A moeda brasileira vem se desvalorizando até o presente momento e grande parte é oriundo da volatilidade vista no segundo semestre do ano, causada pela grande incerteza fiscal e política que o Brasil vem atravessando, além da ampliação das expectativas inflacionárias”, disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

Na esteira do pessimismo do mercado, o dólar ultrapassou o valor nominal de R$ 6,00 pela primeira vez na história em novembro e atingiu a cotação máxima histórica de R$ 6,2679 neste mês.

O Banco Central realizou uma série de intervenções no câmbio nas últimas semanas a fim de reduzir a deterioração do real, vendendo um total de US$ 30,77 bilhões (US$ 19,77 bilhões à vista e US$ 11 bilhões com data de recompra), mas as operações tiveram apenas efeitos pontuais nas cotações.

No cenário externo, o ano de 2024 apresentou outros fatores desfavoráveis para a moeda brasileira, a começar já nos primeiros meses com a quebra das expectativas dos mercados globais por uma série de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed).


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