Brasil
PP prepara representação contra deputado Kim Kataguiri na Câmara por fala sobre nazismo
Líderes do partido estão debatendo se a representação pedirá a perda de mandato de Kim ou sua suspensão.
O PP deve entrar com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) por ele ter afirmado, no Flow Podcast, que nazismo não deveria ser considerado crime no Brasil.
O partido do centrão é hoje um dos principais pilares de sustentação do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, ao lado do PL.
De acordo com interlocutores, a peça está em elaboração e deve ser apresentada no colegiado responsável por analisar casos de quebra de decoro parlamentar.
Ainda segundo interlocutores, líderes do partido estão debatendo se a representação pedirá a perda de mandato de Kim ou sua suspensão.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Paulo Azi (DEM-BA), afirma que dará andamento ao caso com base nas regras internas do Legislativo. Ele diz, porém, que não viu apologia ao nazismo na declaração de Kim.
“Pelo que eu li, ele próprio já fez os devidos esclarecimentos. Mas se tiver representação vamos dar o tratamento que o regimento da Casa coloca, o regimento que decide os passos e não cabe ao presidente definir monocraticamente se ela tem substância para seguir ou não”, diz.
Ele também defende o colega. “Falo como parlamentar e não como presidente do conselho: me parece que ficou claro que não teve intenção de fazer qualquer gesto ou qualquer movimento em defesa das práticas do nazismo e até em relação à criação de partido que represente essa ideologia extremista”.
Kim participou do podcast ao lado do podcaster Monark (Bruno Aiub) e da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
Na segunda-feira (7), Monark defendeu o direito de existência de um partido nazista. O comentário lhe rendeu amplas críticas e ele acabou desligado do podcast.
“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião “, disse Monark. “Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei.”
Tabata Amaral rebateu o podcaster. Kim, por sua vez, foi questionado por Tabata se achava errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo. O deputado respondeu que sim.
“Por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que [seja o assunto que] o sujeito defenda, isso não deve ser crime. Por quê? Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia antidemocrática, tosca, bizarra, discriminatória, é você dando luz àquela ideia para que aquela ideia seja rechaçada socialmente, e então socialmente rejeitada”, afirmou o deputado no debate.
Na terça (8), o parlamentar afirmou à coluna Mônica Bergamo, da Folha, que o apresentador, demitido nesta terça (8), “falou uma grandessíssima bobagem, mas não é nazista”.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a instauração de procedimento para apurar prática de eventual crime de apologia ao nazismo por Kim e por Monark.
O teor das declarações será analisado pela assessoria criminal de Aras em função de o caso envolver parlamentar com prerrogativa de foro no STF (Supremo Tribunal Federal).
A informação é da Folha de São Paulo.
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