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Brasil

Policiais mataram 5 pessoas por dia nas capitais em 2024, diz Anuário Brasileiro de Segurança Pública

Houve um aumento de 0,9% em relação a 2023, quando 1.897 pessoas foram mortas.

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Policiais militares e civis das 27 capitais brasileiras mataram 1.914 pessoas em 2024, segundo dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O número representa cinco mortes por dia no ano passado. Houve um aumento de 0,9% em relação a 2023, quando 1.897 pessoas foram mortas.

Número de mortes decorrentes de intervenção policial em todo o país caiu. Foram 6.243 registros em 2024, contra 6.413 em 2023.

Polícia da Bahia segue como a mais letal em números absolutos, com 1.556 registros. Em seguida aparece São Paulo, com 813 mortes durante ocorrências policiais, e o Rio de Janeiro com 703 registros. Amapá continua na liderança proporcional com uma taxa de 17,1 por 100 mil habitantes.

São Paulo registrou um aumento de 61%. Policiais mataram 813 pessoas no ano passado, contra 504 no ano anterior.

Promoção de aliados do secretário da Segurança incentiva letalidade em SP, diz especialista. “Promoções da Polícia Militar favoreceram aliados ao secretário Guilherme Derrite, resultando no aumento da letalidade. Medidas focadas em inteligência e investigação são mais eficazes do que ações meramente repressivas. “, disse ao UOL David Marques, coordenador do Fórum.

Em janeiro, por exemplo, Derrite nomeou a delegada Dilene Squassoni para a Ouvidoria subordinada à SSP-SP. O órgão, criado no fim do ano passado, ficou conhecido como “ouvidoria paralela” por já existir uma Ouvidoria das Polícias de São Paulo.

Marques também cita as operações Escudo e Verão, da Polícia Militar de São Paulo, para explicar os números. As duas ações provocaram 84 mortes na Baixada Santista.

Queda na taxa de mortes violentas

O Brasil registrou queda no índice de MVI (Mortes Violentas Intencionais). Foram 44.127 vítimas em 2024, frente a 46.441 de 2023. Apesar da redução, desafios regionais persistem, com cidades do Nordeste registrando altos índices devido a conflitos entre organizações criminosas e letalidade policial.

Foi registrada uma taxa de 20,8 mortes violentas por 100 mil habitantes —a menor desde 2012. O ano mais sangrento registrado pelo Fórum foi 2017, quando a taxa de mortes chegou a 31,2 em meio a conflitos entre facções criminosas pelo controle de presídios no país. Em um ano, mais de 64 mil pessoas morreram violentamente.

 

Apesar da redução, estados do Nordeste sofrem com altos índices. Todos os dez estados no ranking das maiores taxas estão na região.

Conflito entre facções e letalidade policial explicam o resultado. Na Bahia, com cinco cidades no ranking, 25,8% das mortes violentas foram decorrentes de intervenções policiais.

“Ao analisar os dez municípios mais violentos, nota-se que todos enfrentam problemas relacionados a facções, geralmente em disputas territoriais. Em alguns deles, a letalidade policial agrava o cenário, pois o enfrentamento ao crime organizado se dá de forma repressiva. Quando há predomínio de uma facção, como o CV, em determinado município, e depois surgem fissões ou novos grupos, as taxas de homicídio aumentam devido às guerras pelo controle de territórios, prisões, rotas do tráfico e pontos de varejo”, diz David Marques, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Feminicídio aumenta no Brasil

Registros de feminicídio chegaram a 1.492 em 2024, segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. As tentativas de feminicídio cresceram 19%, alcançando a marca de 3.870 casos.

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Casos de homofobia aumentam 51,2%

Foram registrados 2.480 casos de homofobia em 2024. Em 2019, o STF equiparou os crimes de homofobia e transfobia ao de racismo.

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Aumento no número de estelionatos

Mais de 17 milhões de brasileiros foram afetados por crimes de estelionato. De acordo com o Fórum, entre 2018 e 2024 os crimes de estelionato aumentaram 408%.

Quatro golpes por minuto em 2024. Foram mais de 2,1 milhões de estelionatos no ano passado — 13% praticados por meio eletrônico.

“Reduziram os crimes nas ruas, mas aumentaram os estelionatos. A atuação da polícia não enfrenta a criminalidade no cenário digital. Precisa de investigação. Esse ajuste da segurança pública é muito importante”, complementa David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Roubos e furtos de celulares caem 12,6%

policiais-mataram-5-pessoas-poForam registrados 850.804 roubos e furtos de celulares em 2024. Piauí foi o estado que mais reduziu os crimes com um programa pioneiro em recuperação de aparelhos.

Desaparecimentos aumentam em 4,9%

Foram registrados o desaparecimento de 81.873 pessoas em 2024, segundo o anuário.

Injúria racial aumenta 41,4%

Foram registrados 18.200 casos de injúria racial em 2024. Em 2023, o crime foi equiparado ao racismo.

Mais mortes violentas de crianças e adolescentes

policiais-mataram-5-pessoas-poEnquanto a taxa geral caiu, entre crianças e adolescentes, houve aumento de 3,7%. Foram 2.356 vítimas de 0 a 17 anos.


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