Brasil
Polícia faz prisões no Rio de Janeiro em investigação que envolve Instituto Iabas, credenciado pelo governador do Amazonas
Suspeita é que R$ 6,5 milhões tenham sido desviados em favor de ex-controlador da organização social que administra serviços de saúde.
A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nesta quinta-feira (23) quatro pessoas por supostos desvios de R$ 6,5 milhões em contratos da Organização Social Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) com a Prefeitura do Rio. O Iabas foi qualificado como Organização Social (OS) pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, para firmar contrato com o Estado, com a publicação do Decreto 42.241, no dia 29 de abril.
O Iabas também foi o epicentro das investigações da Polícia Federal (PF) na Operação Placebo, que cumpriu mandados na residência do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witel (PSC).
Entre os presos desta quinta-feira estão Luis Eduardo Cruz, ex-controlador do Iabas, e a mulher dele, Simone Amaral da Silva Cruz. Eles foram pegos em Campinas (SP). O casal já havia sido preso em 2018.
Segundo a força-tarefa, a antiga gestão do Iabas recebeu, entre os anos de 2009 e início de 2019 — nas gestões de Eduardo Paes e Marcelo Crivella –, R$ 4,3 bilhões em recursos públicos, dos quais os R$ 6,5 milhões teriam sido desviados. Ainda não se sabe quando esse esquema começou.
Os empresários Marcos Duarte da Cruz e Francesco Favorito Sciammarella Neto também foram presos. A força-tarefa ainda procurava por Adriane Pereira Reis. O a lvos na operação são Luis Eduardo Cruz, ex-controlador do Iabas; Simone Amaral da Silva Cruz, esposa de Luis Eduardo;
Marcos Duarte da Cruz, irmão de Luis Eduardo; Adriane Pereira Reis; e Francesco Favorito Sciammarella Neto, empresário. Os cinco vão responder por peculato (desvio de recursos públicos), lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A assessoria do Iabas afirmou estar colaborando com as autoridades e disse que “aguarda o desenvolvimento das investigações para saber o que há de concreto nas ilações apresentadas pelo Ministério Público do Rio”. “Todas as prestações de contas relativas aos contratos com a Prefeitura do Rio foram aprovadas, apenas as informações de 2019 ainda estão sob análise”, informou, em nota.
A Prefeitura do Rio afirmou em nota que o Iabas foi desqualificado na gestão Crivella e que o multou em R$ 27,7 milhões (veja a íntegra abaixo).
O ex-prefeito Eduardo Paes divulgou uma nota assinada pelo então secretário de Saúde, Daniel Soranz, em que afirma ter sempre atuado “com transparência e lisura em seus processos de licitação e contratação de empresas e Oss”.
A sede da OS em São Paulo também foi alvo de busca e apreensão — o escritório precisou ser arrombado. Na capital paulista, a polícia ainda realizou buscas na casa de Luciano Artioli Moreira, sócio-fundador do Iabas.
No local, foram encontrados diversos animais, inclusive um macaco — para o qual Moreira não tinha autorização de criação.
‘Dissimulação’
O MP afirma que o Iabas foi estabelecido pelo grupo criminoso “sob o falso argumento de prestar serviços públicos de saúde, sendo utilizado, na verdade, para o cometimento de centenas de delitos de peculato e lavagem de dinheiro”.
Os investigadores sustentam que foi arquitetado “um complexo esquema criminoso” para a dissimulação do desvio de parte de recursos públicos.
“Apenas do Município do Rio de Janeiro, ente que mais repassou valores à OS, foram desviados mais de R$ 6 milhões a pretexto da execução de serviços de exames laboratoriais, jardinagem nas unidades de saúde, locação de veículos e manutenção predial”, dizem os promotores.
Hospitais de campanha
Em outra frente, o Iabas também está sendo investigado por supostas irregularidades na instalação e na gestão de hospitais de campanha do governo do RJ para o combate à Covid-19. Em São Paulo, o Iabas administra 561 leitos no Hospital de Campanha do Anhembi para o tratamento de pacientes com Covid que serão desativados no dia 1º de agosto. O instituto também possui outros contratos ativos com a Prefeitura de SP para administração de outras unidades de saúde.
Superfaturamento e laranjas
Segundo as investigações, o esquema movimentou cerca de R$ 6,5 milhões e envolvia superfaturamento e contratações de fornecedores laranjas (pelo Iabas), que eram supostamente controlados pelo próprio Eduardo Cruz. O dinheiro, aponta a investigação, era sacado na boca do caixa.
Eduardo e Simone foram presos em junho de 2018 numa investigação contra a Bio-Rio, um polo de empresas de biotecnologia então administrado pelo casal. Segundo o MPRJ e a Polícia Civil, a Bio-Rio fez seis convênios com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, entre 2014 e 2016, para a realização de cursos de pós-graduação para médicos do município. Segundo a investigação, a prefeitura repassou mais de R$ 87 milhões, dos quais R$ 6 milhões foram para cobrir uma taxa de administração.
Governador do AM credenciou instituto alvo da operação da PF, hoje, no Rio de Janeiro
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